Capítulo 8, parte III

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Christopher= Minha família costumava vir aqui, digo, toda a minha família, completa! – pegou as cervejas. – Mas depois que o meu avô faleceu, todos se separaram e nunca mais voltamos a nos reunir como antes. Ele era o elo da família, sabe? – pegou os copos. – Juntava todo mundo. E não é que a gente não se reúna mais, só não é algo frequente.

Dulce= Eu te entendo. – contraiu os lábios. – Me desculpe pelo julgamento.

Christopher= Sem problemas. – colocou os copos e as cervejas em cima da ilha. – Meus pais moram em Nuevo León, meu irmão já está casado e vive uma outra vida, e eu... eu quis conservar as coisas do jeito que elas sempre foram. – explicou-se. – Tenho uma única prima que ainda vem me visitar, mas isso acontece, sei lá, duas vezes por ano.

Dulce= Avós dão sentido a tudo, não é? – ele abriu as cervejas. – Perdi os meus há cinco anos, e a família também se dividiu.

Christopher= Eu também te entendo. – serviu-a. – Hm, tem irmãos?

Dulce= Eu? Não. – o riso escapou contido. – Fui um erro. Não deveria nem existir, menos ainda ter irmãos.

Christopher= Um erro tipo o que? – entregou o copo pra ela.

Dulce= Tipo um erro de uma só noite. – pegou o copo. – Mas não me lance um olhar de dó agora, por favor! Sou muito bem resolvida com isso, cresci rodeada de amor e terapia.

Christopher= Fui muito bem planejado e faço terapia até hoje. Por favor, controle você o olhar de dó pra cima de mim agora. – brincou e ela acabou rindo baixo com ele.

Dulce= Hm. – deu um gole na cerveja e levantou-se.

Christopher= Hey! Tínhamos um brinde pra fazer. – ela negou.

Dulce= Não quero que tenha tempo de criar desculpas para um quinto encontro. – saiu dali.

Christopher= Espera! – foi atrás dela. – Tenho o direito de não gostar dessa frase?

Dulce= Este é um país livre. – olhou-o de soslaio.

Christopher= María. – acompanhou-a até a sala.

Dulce= O que você escuta? – foi até a estante de CDs.

Christopher= Quer escutar pra saber? – deu um gole na cerveja.

Dulce= Deixe-me adivinhar. – virou-se para ele. – Alexa. – viu o aparelho iluminar-se e riu baixo.

Christopher= Abrir minha playlist "favoritas". – complementou para ela.

O ambiente foi preenchido com as primeiras notas de Castle on the hill, de Ed Sheeran, e a morena não escondeu o sorriso diante de tal canção; aparentemente tinham os gostos semelhantes também.

Christopher= Presumo que não foi um mau começo, certo? – aproximou-se dela.

Dulce= Não. – deu um passo para trás. – Nada mal, na verdade.

Ele riu baixo diante da fuga dela, havia algo em Dulce que realmente o deixava intrigado e parecia sempre o atrair para ela.

Enquanto a música soava e as palavras pareciam ter desaparecido, ela caminhou até a janela e encarou toda a cidade do lado de fora. Christopher a seguiu devagar, passando pela estante da televisão e abaixando silenciosamente o porta-retrato com a foto da família.

Logo ficou atrás dela, e ainda sem dizer nada, apenas pousou uma das mãos em sua cintura, permanecendo de tal forma por alguns minutos.

Como era possível que permanecessem em silêncio e não se sentissem nenhum pouco incomodados? Como era possível que ela não dissesse nada e ainda assim ele desejasse permanecer ao seu lado o resto do tempo? Como era possível que, em apenas uma noite, ela o tivesse amarrado daquela forma? Não conseguia reconhecer o homem que surgira dentro de si, a partir do momento em que a encontrara outra vez.

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