Capítulo 69, parte III

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Anahí= Minha mãe foi há pouco tempo para Moscou. – concentrou-se nele. – Ela está na Rússia.

Fernando= Rússia? Agora tenho certeza de que não estou pensando na Anna errada. – disse com tanta euforia, que a loira apenas conseguia sentir o coração batendo mais acelerado. – Me lembro do sotaque engraçado que ela tinha, pelo menos no começo, até aprender a falar bem o espanhol, depois acabou pegando o jeito. – soou saudosista. – Anna... Anna Irina, não é? Uau... eu não a vejo há uns trinta anos! Você nem era nascida, menina!

Anahí quis falar, desejou emitir qualquer tipo de som, mas seus olhos estavam vidrados em toda a visível emoção do senhor à sua frente.

Ela soube, naquela simples conversa, que o homem não tinha conhecimento de nada, e realmente não encontrava Anna desde a época da faculdade. Sabia muito bem ler as expressões e microexpressões de uma pessoa, e Fernando era genuíno com ela, estava surpreso e admirado com tantas coincidências. O que o pobre homem sentiria se soubesse que Anna terminara casada com um verdadeiro opressor?

Quais atitudes ele teria se soubesse que a mãe de Dulce sempre estivera ali, viva e vivendo com outra família.

Sentiu o estômago embrulhar, sua rede de mentiras aumentava cada vez mais, e tornava-se difícil encarar pessoas tão inocentes; Dulce e Fernando não mereciam o papel que ela lhes dava naquele jogo.

Dulce= Pai! – gritou do quarto. – Pai?

Fernando= O que é? – gritou em resposta.

Dulce= Cadê a capa do ipad? – gritou novamente.

Fernando= Nas suas coisas! – gritou e logo riu ao final.

Dulce= Não estou achando!

Fernando= Ah, Dulce María... – pulou para fora da cadeira. – Se eu for aí e encontrar...

Dulce= Não está aqui! – gritou outra vez.

Fernando= Eu já vou! – gritou e logo mirou a loira. – Eu já volto, querida. Só um minuto. – saiu da cozinha em seguida. – Dulce, Dulce...

Anahí tinha os olhos arregalados e o coração ainda acelerado dentro de si, seu corpo parecia travar de tal forma, que ela nem mesmo conseguia mover-se; precisava reagir.

Mirou a porta, depois a cadeira vazia de Fernando, o bolo quase terminado e o copo vazio. Ela não tinha muito tempo.

Abriu a bolsa, pegou o saco plástico transparente e envolveu o copo do homem ali dentro, fechando a embalagem em seguida. Guardou-o na bolsa junto com o pote de bolo que o senhor lhe dera.

Colocou todas as louças na pia, apenas para que não dessem falta de um único copo. Virou-se para sair e encontrou a senhora que entrava na cozinha.

Anahí= Reme! – assustou-se.

Remedios= Olá, meu bem. – carregava o balde e o rodo nas mãos.

Anahí= Ah, hm... eu preciso ir, estou um pouco atrasada, mas deixei a louça toda na pia. Me desculpe por não poder lavar e...

Remedios= Não se preocupe com isso, querida. – entrou na cozinha. – Eu lavo tudo depois.

Anahí= Bem, nesse caso... – saiu com pressa. – Obrigada. Obrigada pelo café e por... muito obrigada. Até mais.

Remedios= Até mais, Ani. – disse com simpatia, mas a loira já havia escapado dali. – Esse povo tem a vida corrida demais.

Fernando= Dulce não enxerga as coisas nem quando estão na frente dela. – entrou novamente na cozinha. – E Anahí?

Jogada PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora