Capítulo 39

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Capítulo 39

Tempo.

O tempo é aquele fator que, inevitavelmente, em algum momento da vida, terminará por fazer parte das decisões de todos.

Tempo para tomar decisões, tempo para dizer que sim e tempo para dizer que não. Tempo para lutar pelo que se quer, tempo para decidir, para lembrar e para esquecer.

Tempo. O tempo e suas tantas mudanças.

Com Anahí e Alfonso, o tempo fora cruel. Quanto mais ele passava, mais longe o casal parecia ficar.

Era verdade que a semana de conferência os havia aproximado, mas após os quatro dias, a realidade da vida os assolara outra vez.

Os encontros a sós diminuíram, ela encontrava-se em pleno trabalho pelo início da campanha que se aproximava, e independentemente de qualquer sentimento que tivesse, ela sabia que precisava colocar Alfonso e Christopher como eleitos.

E se os dias com o deputado eram escassos, os momentos com Noah tornavam-se cada vez mais frequentes para ambos. Avançavam juntos na investigação sobre a morte de Dante, e os encontros, geralmente, eram encerrados com momentos de sexo, que agora já não aconteciam apenas no apartamento dela, mas em qualquer lugar onde estivessem. Entretanto, por melhor que fosse o ato, ela jamais ficara para dormir ou fazer qualquer refeição juntos; sempre se separavam logo que o ato terminava. E este, é claro, permanecia em segredo.

Christopher notara o afastamento natural do irmão com a assessora, chegara a questionar o deputado uma única vez, recebendo a resposta de que estava tudo bem. Decidiu, por bem, não se intrometer mais.

Estava mais focado na própria campanha, e assim que completou um mês inteiro sem Dulce, entendeu que aquele afastamento havia sido a melhor opção para ambos. Com frequência entrava nas redes sociais dela, via o trabalho que ela realizava na editora e o voluntariado no hospital de câncer; sempre terminava sentindo completo orgulho da morena. Embora não a tivesse jamais para si, não conseguia se imaginar sentindo qualquer indiferença por ela.

Dulce também se forçara a focar-se apenas na própria vida e deixar o romance de lado. Não se envolvera com ninguém mais desde o término com Christopher, trabalhava com empenho todos os dias e realmente sentia prazer no que fazia, mantivera a amizade com Santiago, mas preferira não se envolver mais com ele; tivera sua cota de relacionamentos.

Antes do primeiro mês sem Christopher, durante a volta do trabalho, encarou os trilhos do metrô e pensou, por breves segundos, na possibilidade de jogar-se ali. Provavelmente não seria julgada, o mundo não poderia culpá-la por uma morte assim, e o pai não se sentiria mal por não notar quão infeliz ela estava.

Chacoalhou a cabeça no mesmo instante e repreendeu tais pensamentos. Foi ali que entendeu que a volta à terapia era algo necessário. O fez na semana seguinte.

As primeiras sessões levaram, quase que exclusivamente, o nome de Christopher, e ela sabia que tomaria tempo até conseguir esquecê-lo. Orgulhou-se, entretanto, de pelo menos tentar.

A campanha eleitoral começou oficialmente em 30 de março. Christopher esperou receber pelo menos uma mensagem da morena, mas o dia passou sem qualquer sinal dela. Naquele momento, mesmo sem desejar, ele entendeu que o relacionamento com ela não teria mais volta.

O mês de abril chegou ainda frio nas ruas da capital mexicana, mas começara a esquentar na corrida pelas eleições.

Sabatinas, visitas e o primeiro debate em 22 de abril; Christopher e Alfonso experimentavam a agenda cheia de compromissos.

Quase uma semana depois do primeiro debate, com o calendário indicando 28 de abril e o relógio marcando pontualmente oito horas da noite, Christopher entrava no jantar beneficente realizado pela instituição de combate ao câncer infantil.

Jogada PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora