Capítulo 03
Dulce, por sua vez, chegou ao trabalho no horário de costume, deixou a bolsa embaixo da mesa, climatizou a sala da chefe, depois ligou o ar condicionado da recepção e aproveitou os minutos livres para fazer o coque no cabelo e reforçar o rímel. Maite chegou logo em seguida.
Maite= Bom dia, meu bombom mexicano. – deu um giro nos próprios pés e sorriu para a morena.
Dulce= Alguém viu o passarinho logo cedo? – não pôde evitar rir dela.
Maite= Quem me dera. – riu e lhe beijou o rosto. – As coisas em casa estão cada vez mais complicadas.
Dulce= Seus pais? – deixou de sorrir.
Maite= Nunca mudam. – sentou-se à mesa. – Quando a grana aperta, eles discutem e tudo vira um inferno.
Dulce= Se isso te ajuda em algo.... – lhe estendeu o pote pequeno. – Reme fez um bolo de cenoura ontem, guardei um pedaço pra você.
Maite= Isso ajuda muito. – sorriu e pegou o pote. – Ai, Dul, você é minha salvação!
Dulce= Posso não ter dinheiro, mas te alimento, o que é quase tão bom quanto. – riram juntas.
Maite= As coisas em casa sempre se ajeitam. – abriu o pote. – Eu sei que, no final das contas, tudo fica bem. É o estresse no meio do caminho que me deixa louca.
Alisson= Bom dia. – entrou pisando firme e as duas rapidamente a olharam e endireitaram a postura. – Maite, venha comigo.
Maite= Sim, senhora. – fechou o pote e levantou-se em seguida.
Alisson= Dulce. – a morena a olhou. – Não quero ser interrompida. Cuide de tudo por aqui.
Dulce= Sim, senhora. – assentiu.
Alisson= Vamos, Maite. – levou-a dali.
Dulce aproveitou o tempo sozinha para adiantar o trabalho. Fechou as entrevistas que a chefe deveria dar no dia seguinte, escreveu os últimos releases e até mesmo lhe restara tempo para tomar um café com o pedaço de bolo que levara; tivera uma manhã realmente produtiva.
Quando voltou para a mesa, viu a amiga sair da sala de Alisson, e a expressão assustada da morena a fizera pensar nos piores cenários.
Dulce= Mai? – perguntou com receio. – Tudo bem? O que houve?
Maite= Não sei. – aproximou-se devagar e sentou-se ao lado dela. – Foi tão confuso que não consigo nem entender.
Dulce= Tome. – pegou a garrafa de água e colocou um pouco no copo. – Você está com uma cara péssima.
Maite= Dul. – bebeu a água. – A megera me fez uma proposta... louca.
Dulce= E qual a surpresa? – soltou um leve riso. – Tudo o que ela diz é absurdo, o que você esperava ouvir?
Maite= Isso eu sei, mas dessa vez foi pessoal. – abaixou o volume da voz. – Envolve a minha vida.
Dulce= Mai, não entendi. – torceu o nariz. – O que isso quer dizer?
Maite= Lembra da sobrinha arrogante dela? – a amiga negou. – A loira que veio aqui esses dias, que é a cara dela.
Dulce= Ah! – girou os olhos. – Toda nojenta. Sei quem é. O que é que tem?
Maite= Ela assessora um cara, e esse cara precisa de um casamento arranjado.
Dulce= Que cara? – seguia confusa. – Que casamento? E o que você tem a ver com isso?
Maite= Ela não me disse quem era, porque eu não aceitei a proposta. Mas basicamente, digo... ela... – puxou o ar. – Ela quer que eu me case com o cara. E vou ganhar uma bolada pra isso.
Dulce= Hein? Que? – riu. – Não está falando sério, né? – a amiga assentiu. – Mai. Mai, pelo amor de Deus! Isso é 2018! Onde está a sua cabeça?
Maite= Não sei o que fazer! – encostou-se à cadeira. – Eu ganharia uma bolada e tudo o que teria que fazer é andar come ele pra cima e pra baixo, aparecer em eventos, enfim...
Dulce= Se casar! – disse em tom óbvio. – Como é que você vai se casar com uma pessoa que nem conhece? Que você nem sabe o nome, pelo amor de Deus!
Maite= Dul, a bolada é grande. – pensativa. – E são apenas por alguns anos.
Dulce= Você enlouqueceu. – negou com a cabeça. – Não pode ser! É cada coisa absurda que você me fala.
Maite= Eu fiquei de pensar e dar uma resposta amanhã cedo. – a amiga continuava negando com a cabeça. – E conhecer o tal cara.
Dulce= Vou fingir que não ouvi nada disso. – virou-se para o computador.
Maite= Amiga, não namoro há anos. – bufou. – Não saio com ninguém, minha vida amorosa é mais parada que água em vaso de planta.
Dulce= Você não namora desde o infeliz do Marco Antonio, mas sempre tem um contatinho na manga. – olhou-a. – Sua vida amorosa pode ser parada, mas a vida sexual é bem ativa. Quer mesmo perder isso?
Maite= Estarei casada. – deu de ombros. – Quem disse que gente casada não transa?
Dulce= Ai, Maite. – riu dela. – Estou rindo, mas é de desespero.
Maite= Aposto que você faria o mesmo! – a amiga gargalhou. – Não tem ninguém também.
Dulce= Não tenho, mas dou muito valor ao sexo esporádico, obrigada. – arqueou uma sobrancelha.
Maite= Vou me casar com um milionário. – suspirou. – Conta gorda, nunca mais passar aperto, trocar meu fusca ferrado, são muitas as vantagens.
Dulce= Você é maluca. – voltou a trabalhar. – Maluca.
Maite= Dul! – deu um pulo da cadeira. – Vamos fazer uma despedida de solteira pra mim!
Dulce= Em que momentos passamos de "vou pensar" para "eu aceitei"? – olhou-a e cruzou os braços. – E despedida de solteira pra que? Esse casamento é uma mentira!
Maite= Vou falar com os meus pais, mas independente disso, digo... uma saída faria bem para nós duas. – abriu o site. – Hein?
Dulce= Sair pra onde? – deu meio sorriso. – Estou apertada, ainda não recebemos.
Maite= Uma última balada. – abriu o facebook. – Aposto que tem alguma acontecendo, o Iván deve conhecer algo, ele está sempre metido nas baladas dos ricos.
Dulce= Eu topo se, e apenas se, você prometer que vai conversar com os seus pais e repensar essa história de louco que está me contando. – encarou-a. – E falo muito sério, Maite Perroni.
Maite= Prometido. – lhe estendeu a mão. – Saímos hoje?
Dulce= Saímos hoje. – então lhe deu a mão.

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Jogada Perfeita
RomanceEle quer o senado. Ela é o caminho. Ela busca justiça. Ele tem os meios. São dependentes e atraídos como imã. Amor para alguns. Pesadelos para outros. O consenso? A jogada perfeita. Segundo livro da série disponível aqui: Jogada Paralela https://w...