Capítulo 20, parte III

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Dulce= O que? – perdida. – Não! Não queria que eu contasse a verdade? Estou contando! É isso!

Anahí= Tem muito mais para ser contado. – puxou o celular de dentro da bolsa.

Dulce= Isso é tudo o que sei, o que tenho e o que sou. – olhava-a. – Quer saber por que eu falo alemão? Porque ele era alemão! Por isso não há cursos, por isso não há nada. Porque aprendi com ele, porque aprendi de tanto visitar Munique. É isso! – assustada. – Não tenho uma grande história, não tenho nada de diferente na vida, eu não...

Anahí= Dulce María, querida. – cortou-a. – Terá que esquecer a raiva que sente de mim e prestar atenção no que eu vou te falar.

Christopher= Ani. – e por instinto, abraçou a morena pela cintura.

Anahí= Quando nós protegemos alguém, normalmente colocamos alguém para observar essa pessoa de perto. E se não...

Dulce= Estou te dizendo que ela não colocou ninguém! – insistiu, e o deputado exalou negando com a cabeça. – O que foi?

Anahí= Se não colocamos ninguém para observar essa pessoa, significa que quem a observa somos nós mesmos. – disse e viu a morena arregalar os olhos. – Esse é o jogo.

Dulce= Argh. – levantou-se. – Estou enjoada.

Anahí= Dulce. – seguia calma. – Se a Alisson te prometeu proteção e nunca colocou ninguém na sua cola, significa que quem te observa é ela.

Dulce= Eu entendi essa parte! – respondeu nervosa.

Anahí= O que significa que toda a ideia de te manter como secretária é apenas fachada, porque o que ela realmente quer, é que você se mantenha quieta. Se você não fala, tudo permanece bem.

Christopher= Mas por que isso? – variou os olhos entre as duas. – O que ela ganha protegendo a Dulce assim?

Anahí= Ela não está protegendo a Dulce. – levantou-se. – Ela está se protegendo. Dulce, eu sinto muito, mas eu não acho que a morte do seu noivo tenha sido acaso ou simplesmente que ele estivesse no lugar errado, na hora errada.

Christopher= E nós vamos correr atrás de respostas. – mirou a loira. – Ela sabe disso.

Anahí= Você, não. – soou firme. – Você vai ficar quieto e se concentrar em ganhar o senado e depois fazer um trabalho que preste! É esse o objetivo!

Christopher= Eu me comprometi! – levantou-se. – E eu não vou furar!

Anahí= E eu estou dizendo que vocês, pombinhos apaixonados, estão metidos numa encrenca enorme! Que, me desculpe o seu luto, mas aquele homem não morreu por acaso. – mirou a morena, que chorava em silêncio. – Que vocês estavam metidos em Tepito, e provavelmente acharam coisas demais! Que a minha tia não é santa, que eu posso apostar que você não parou naquela revista por acaso, e que, com esse romance que vocês estão vivendo, cada segundo seu lá dentro representa um risco enorme pra você! Para você, para a sua família, para todos!

Dulce= Não. – sussurrou, encostando-se à imensa estante de livros. – Entende que eu só queria uma vida normal? Sem aventuras, sem problemas, sem mídia. Eu só queria ficar quieta, não queria nem me envolver com ninguém de novo. Eu estou há anos assim! Há anos! – desabafou. – Eu não namoro, não crio sentimentos, eu não penso, eu só... cubro fofocas, marcos reuniões e fico na minha. É isso. Não quero ter relevância de novo.

Christopher foi até ela, lhe estendeu a mão, mas a morena negou. Ele insistiu, recebendo a resposta negativa outra vez.

Então puxou o corpo dela contra o seu e a abraçou pela cintura, apertando-a contra si enquanto sentia as lágrimas dela molharem sua camisa. Beijou-lhe o alto da cabeça, afagou os cabelos dela enquanto sussurrava um pedido de calma.

Jogada PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora