Capítulo 73, parte II

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Quando chegou à editora, foi diretamente para a sala do chefe, queria esclarecer tudo o que acontecera no dia anterior, e David ofereceu a ela todo o suporte necessário, incluindo o dia livre, caso a morena precisasse.

Dulce recusou educadamente a oferta, ela queria trabalhar. E vendo que Abiane não estava no local, ela quis ainda mais.

Distraiu a mente com o trabalho, e não foi nenhuma surpresa quando David avisou que Juan Luís havia cancelado a reunião e pedido para remarcar em alguns dias.

De: DME (dme.mx@gmail.com)
Para: O Zenzô (zenzo@gmail.com)
Enviado em 30/06/18, às 12h30
Assunto: RES: RES: JL

Jotaele, estou a caminho do restaurante.
Imagino que saiba bem quem eu sou, mas em todo caso, estou com uma jaqueta preta.

Ela deixou a editora logo em seguida, colocou os óculos escuros e foi diretamente para o local.
Um táxi e quinze minutos depois, ela entrava no movimentado restaurante. Buscou uma mesa para si e passou a tamborilar os dedos sobre a madeira enquanto esperava pela presença do misterioso homem.
12h50, 12h55, 13h. Pontualmente uma hora da tarde. A presença masculina aproximou-se por trás dela.

― Deheme? – ela virou o rosto para ele. – Oi.

Dulce mirou atentamente o homem, concluindo rapidamente que jamais, em toda sua vida, o vira em qualquer lugar. Tinha a pele parda, era baixo, ou pelo menos relativamente menor do que Christopher, ela pensou. Os cabelos escuros e as orelhas para fora e marcadas, detalhe que a fez lembrar-se dos lutadores de boxe.

Usava uma calça jeans preta e um casaco da mesma cor, com o capuz posto.

Dulce= Perdão? – franziu o cenho. – Jotaele? Juan Luís?

Juan= Você deduziu bem. – assentiu. – Dulce María, certo?

Dulce= Sim. – apontou a cadeira à sua frente. – Por favor.

Juan= Obrigado. – sentou-se em seguida. – E obrigado por vir me encontrar.

Dulce= De nada. – confusa. – Você não vai...? – apontou-o. – Tirar isso?

Juan= Desculpe, mas não é seguro. – ela girou os olhos. – Não posso me arriscar.

Dulce= Isso não vai funcionar dessa forma. – cruzou os braços.

Juan= Sim, vai. – assentiu. – Porque você precisa ouvir o que eu tenho a dizer.

Dulce= Não falo com uma pessoa que não sei quem é. – as palavras beiraram o desinteresse.

Juan= Já está falando. – desafiou-a. – E em todo caso, eu sei perfeitamente quem você é. Preciso de uma garantia de que você não trouxe ninguém.

Dulce= Alguma vez fala algo útil ou isso é apenas prazer de ouvir a si mesmo? – exalou. – Não há garantia. Confie ou vá embora.

Juan= Dulce María. – disse sério, mas ela não recuou. – Como eu havia dito repetidas vezes no e-mail, pelo menos antes de você deixar de me responder, eu precisava da sua ajuda. E agora, honestamente, você precisa da minha também.

Dulce= Vamos por partes. – cruzou as mãos. – Quem é você?

Juan= Meu nome é verdadeiro. – ela assentiu. – Mas não sou escritor. Eu sou... – disse baixo. – Eu sou soldado do Exército Nacional. Originalmente de Chihuahua, vim para a capital este ano.

Dulce= Hein? – confusa. – Se é um soldado, não deveria estar resolvendo o problema de Tepito agora?

Juan= Tepito é uma distração. – sibilou. – E a razão pela qual pude escapar para estar aqui agora.

Jogada PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora