Anahí= Noah? – a voz saiu por um fio.
Noah= É essa. Exatamente essa. – mirou a loira, e embora já soubesse a resposta, negou-se a concluir qualquer coisa sem ouvi-la. – Quem... quem é a criança com ela?
Anahí= Eu. – fechou os olhos e o corpo escorregou aos poucos pelo batente da porta. – Deus...
Noah parecia tão confuso quanto a loira, suas mãos tremiam e ele variava os olhos entre a assessora e o porta-retrato. Gostaria de estar errado, gostaria de se confundir, mas tinha tão claramente a imagem daquela mesma mulher em sua mente.
Ele tinha certeza do que falava.
Noah= Ani... – aproximou-se dela, agachando-se ao seu lado.
Anahí= Não sei nada sobre os meus avós maternos. Nunca soube. – encostou a testa no batente da porta e fechou os olhos. – Meu pai não diz nada, minha mãe não abre a boca, não fala uma única frase que indique qualquer coisa útil. Vive dopada de remédio desde que eu comecei a crescer e entender as coisas. – o peito subiu e desceu com pressa e as palavras misturaram-se ao choro descontrolado. – É tão óbvio agora. Meu pai morreria se minha mãe dissesse a verdade para mim, ele precisava calá-la. E o fez sem nem ter que tirá-la de casa.
Noah= Ela... – sentiu-se receoso ao perguntar. – Ela... ela está com você?
Anahí= Ganho um roxo novo sempre que tento me aproximar dela. É claro que ele não me quer por perto. – abriu os olhos. – Não acontecia quando eu estava com o Poncho. Raramente me lembrava dela ou falava com ela, raramente pisava em casa. Há pontos positivos em amar cegamente alguém e esquecer-se da própria família. – deu de ombros. – Pelo menos ele tinha menos razões para me espancar.
Noah= Ani... – ainda com receio, tocou o ombro dela.
Anahí= Isso explica o porquê da obsessão da minha mãe com o desenho da Branca de Neve, o porquê de repetir o nome do tal anão. – ele arregalou os olhos. – Ela tenta há anos me falar sobre a Dulce!
Noah= Sua... sua mãe deu a Dulce para o Fernando. – constatou. – Ani... Deus do céu! Dulce é adotada.
Anahí= E Fernando cuida dela muito melhor do que qualquer pai biológico. – fechou os olhos outra vez. – Melhor que o meu pai biológico. Dulce é minha irmã. Todo esse tempo... toda a raiva que senti dela, toda a encrenca... e ela é minha irmã.
Noah= Parece... – esticou as pernas e olhou para a parede. – Parece que sim.
Anahí= Não apenas minha irmã. – franziu o cenho – Minha irmã gêmea
Noah= Que? – arregalou os olhos. – Mas que...que? Que coisa está dizendo?
Anahí= Nascemos no mesmo dia, no mesmo mês, no mesmo ano. E sabíamos disso, ela sabe disso, só... – encostou a cabeça na porta. – Não sabíamos que vínhamos também da mesma mãe.
Noah= Caralho. – disparou e ela o encarou. – Desculpe. Me desculpe, eu...
Anahí= Não, tudo bem. É um caralho mesmo. – passou as mãos pelo rosto. – Que caralho!
Noah= Ani... – viu-a chorar outra vez. – Não podemos esconder isso da Dulce.
Anahí= Não, nós... – cruzou as pernas. – Nós temos que esconder a Dulce.
Noah= Que? – perdido. – Como... que? Preste atenção no que diz, isso não...
Anahí= Ontem, quando briguei com o meu pai, ele me disse que quando mata alguém, não deixa rastros.
Noah= Que? – arrepiou-se. – Quem ele...? Deixe pra lá, melhor eu não saber.
Anahí= Noah. – subiu os olhos até os dele. – Meu pai não sabe que a Dulce existe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Jogada Perfeita
RomanceEle quer o senado. Ela é o caminho. Ela busca justiça. Ele tem os meios. São dependentes e atraídos como imã. Amor para alguns. Pesadelos para outros. O consenso? A jogada perfeita. Segundo livro da série disponível aqui: Jogada Paralela https://w...