Capítulo 30, parte V

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Dulce= Não. – soltou-se dele rapidamente.

Christopher= Dulce. – segurou-a pela mão.

Dulce= Eu não estava fumando. – encarou-o. – Eu não estava.

Christopher= Você fuma? – então mudou a pergunta.

Dulce= Não. – o natural seria desviar o olhar, mas ela não quis fugir dele. – Não mais.

Christopher= Não mais?

Dulce= Eu não fumo mais. – firme. – Não.

Christopher= Há quanto tempo? – manteve a mão segurando a dela. – Há quanto tempo não fuma?

Dulce= Há uns três anos. – séria. – E não sinto falta.

Christopher= Esse é um hábito que eu não cultivo ou aprovo. – sincero. – Pra ninguém. Não acho saudável.

Dulce= Não estou pedindo por aprovação. – soltou-se dele.

Christopher= E não estou te dando a minha. – sério. – Mas estou dizendo o que é um problema pra mim, independente de quem o pratique.

Dulce= Ok. – deu um passo para trás. – Vou dar um jeito no cheiro.

Christopher= Dulce. – ela afastou-se. – Dulce María.

Dulce= Eu já desço. – assentiu e saiu dali.

Christopher coçou a cabeça, estava confuso pelas atitudes dela, às vezes parecia que a morena vivia diferentes versões: com ele, com o pai, com os primos.

Decidiu que iria atrás dela, mas as vozes misturadas lhe chamaram a atenção, e ouvir o próprio nome o intrigou por completo.

Aproximou-se da porta e encostou o ouvido ali, era fácil notar os primos e amigos da morena, ainda que ele não conseguisse distinguir quem falava.

― Porque você não respeita! – a voz era feminina. – Aliás, nenhum de vocês respeita, vamos ser sinceros aqui.

― A gente respeita, mas você não a conheceu antes! – a voz masculina rebateu. – Ela vivia pelo alemão, só por ele. Vinha quando ele queria, ficava o tempo que ele queria, era tudo só pelas vontades dele.

― Sofremos muito pela ausência dela, sabe? – a voz feminina parecia sentida.

― Nós tivemos que nos adaptar. O cara era muito legal, eu não nego. – o homem disse. – A gente se dava bem, ele fumava de boa, ríamos muito.

― Arrastava um baseado bom! – o homem riu com os demais.

― Mas ele não disse pra ela que tinha um monte de problema respiratório. – a voz feminina lembrou.

― Uma vez a gente fumou tanto, mas tanto, que ele ficou ruim, mas ruim do nível que tivemos que levar para o hospital. – o homem contou.

― Ele apagou. – o outro complementou.

― Depois teve a vez em que ele foi internado com pneumonia. – a menina lembrou. – Dulce quase morreu. Ali, naquele momento, eu achei que ela fosse morrer por ele.

― Entende agora? Ela viveu por ele o tempo inteiro, nós já vimos esse teatro do cara que vem, conhece a família, e de repente, ela faz tudo o que ele quer. E não é fácil, o último teatro durou sete anos! – o homem disse com certo rancor.

― Doze, né? Porque já se passaram cinco, e ela segue sofrendo. – a menina disse.

― Talvez agora ela não sofra mais. – a outra menina falou. – Porque, na boa, a cara dela com o candidato... é inquestionável. E a dele também. É genuíno, está estampado no rosto dos dois que o sentimento é genuíno.

Jogada PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora