Capítulo 68, parte III

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Fernando= Dulce? – soltou as mãos dela e as colocou sobre os joelhos da filha.

Dulce= Não. – olhou-o. – Eu não tenho certeza.

Fernando= Certo. – assentiu. – Então por que está fazendo isso?

Dulce= Porque não quero ter certeza. – passou as mãos pelo rosto. – Pai, eu não... é que eu não quero mais esperar para saber. Eu não quero esperar pelo tempo perfeito, pelo jeito certo, pela situação ideal, por todas as certezas, porque... – deu de ombros. – Pode ser tarde demais pra isso.

Fernando= Nunca é tarde demais, minha filha. – negou com a cabeça. – Nunca.

Dulce= É, sim, às vezes é simplesmente tarde demais. – mordeu o lábio inferior. – Foi tarde demais para mim e o Dan, o tempo ficou escasso e atropelado. Eu pensei que teríamos todo o tempo do mundo, e ele se foi antes que eu pudesse aprender a caminhar sozinha.

Fernando= Não queira comparar...

Dulce= Eu quis ter todas as certezas, e eu tive todas as certezas. – interrompeu-o. – Dan me deu todas as certezas, eu não duvido, nem por um mísero segundo, que ele foi o amor da minha vida, mas no final das contas... isso me serve de que? Ele se foi e eu fiquei. – exalou pesadamente. – Eu não quero perder mais tempo. Se eu amo, eu quero viver agora. E eu amo, eu realmente amo o Christopher. Não quero correr o risco de não viver esse amor com ele.

Fernando= E quando se não der certo? – sério. – Sou obrigado a perguntar, porque não posso permitir que você pense que tudo será perfeito o tempo todo.

Dulce= Se não der certo, pelo menos eu tentei. – sorriu ao final. – Pelo menos eu vivi, pelo menos eu senti. Pelo menos eu não passei em branco pela vida.

Fernando= Está pronta para arriscar? – arqueou as sobrancelhas.

Dulce= Estou pronta para arriscar. – assentiu com firmeza.

Fernando= Então, minha filha... – levantou a mão direita e traçou o sinal da cruz na testa da menina. – Deus te abençoe. Você tem todo o meu apoio.

Dulce= Pai... – abraçou-o de imediato. – Obrigada, pai.

Fernando= Ora, Dulce... – fechou os olhos. – Eu te amo, minha filha.

Só então Dulce teve a real dimensão do quanto sentira falta do pai por perto, Fernando era muito mais do que um simples bom exemplo, ele era seu porto seguro, a pessoa mais importante de sua vida.

Aproveitou para curtir a presença do pai durante toda a tarde, e como ainda tinha o corpo cansado pela viagem, acabou dormindo no colo do pai enquanto assistiam a um filme no sofá da sala.

Acordou com o toque insistente do celular, abriu os olhos preguiçosamente e tateou o sofá até encontrar o aparelho.

Dulce= Alô? – atendeu ainda sonolenta.

Maite= Dul! Está em casa? – a voz estava chorosa. – Preciso falar com você!

Dulce= Mai? O que aconteceu? – o corpo deu um sobressalto.

Maite= Está em casa? – soluçava em meio ao choro.

Dulce= Estou, claro. – disse logo. – O que...

Maite= Abra o portão pra mim. – desligou em seguida.

Dulce= Caramba. – levantou-se correndo e foi até a cozinha, puxando o interfone para falar com a morena. – Mai?

Maite= Estou aqui.

Dulce= Veja se abriu. – liberou a entrada dela.

Maite= Abriu. Estou subindo.

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