Capítulo 73, parte III

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Juan= A lebre está viva. – ela engasgou-se com o próprio ar. – Presa. Assim como tantos outros que sabem demais. E a única palavra que repete insistentemente é zenzô. – ela sentiu o peito acelerar. – Tudo começou quando eu vi você na televisão ao lado do futuro senador, e a lebre começou a repetir "zenzô, zenzô, zenzô" sem parar. Fui unindo as peças de tudo isso. – ela negou com a cabeça enquanto as lágrimas tomavam seu rosto. – Queria falar com o Uckermann, mas a filha do Anthony me pegou antes de eu poder chegar até ele ou você. Eu corro tanto risco quanto você e a lebre. É por isso que você não me viu hoje. – ela não o encarava. – Por favor, Dulce María, preciso que me ajude.

Dulce= Eu? – esforçou-se para olhá-lo.

Juan= Preste atenção no que eu vou te dizer: hoje, às 19h45, o presidente Cortés irá se encontrar com o Anthony na base do exército, e todos os soldados estarão ocupados com esse encontro. Eu tenho quinze minutos para entregar a lebre para você. E nenhum minuto mais. – viu-a arregalar os olhos. – É isso ou estarei morto.

Dulce= Não estou bem. – subiu as mãos ao rosto. – Não estou bem. Estou sonhando, eu estou sonhando.

Juan= Sei que o seu noivo, o Uckermann, é conhecido por nadar contra a maré, então peça ajuda a ele. Tentei falar com ele duas vezes, mas não pude. – ela negava com a cabeça. – Fale com ele, mas não conte, de jeito nenhum, com a filha do Puente. Tem que ser hoje. É a única chance de livrar todos que estão presos.

Dulce= Estou sonhando. – fechou os olhos.

Juan= Dulce María. – tocou a mão dela, que deu um sobressalto. – Não sei no que te fizeram acreditar, mas Dante está vivo. Eu o vejo diariamente. Ele está vivo e precisa de você.

O celular da morena vibrou outra vez em cima da mesa, e agora a os olhos do soldado viram o nome que ele tanto temia: Anahí Puente.

Juan= Eu espero você. – disse, e no instante seguinte já havia saído da mesa.

Dulce= Que? – a palavra saiu quase inaudível.

Não tinha forças para gritar ou segurar o homem ali, seu corpo parecia absorver lentamente cada informação.

Parte de si estava completamente desconectada e perdida, afundando-se em ansiedade e pânico, com medo do que via, e principalmente, do que não via.

A outra parte estava assustadoramente valente, com tanta raiva que seria capaz de matar qualquer um que cruzasse seu caminho; completamente incontrolável.

Duas eram as possíveis opções ali: cair de vez na dor ou tornar-se ódio para manter-se de pé.

◊◊◊

Dulce= Ir além de. – leu a descrição, mantendo os pés no colo dele. – Ultrapassar em altura.

Dante= Sobrelevar? – acariciava o pé dela com uma das mãos enquanto lia o livro.

Dulce= Não, já tentei. – colocou a caneta na boca. – Hm...

Dante= Exceder? – perguntou, sem tirar os olhos do livro.

Dulce= Hm. – ela contou os espaços. – Não...

Dante= Ok, então... – abaixou o livro por um momento. – Sobrepujar?

Dulce= Sobre... – escreveu. – Sobrepujar. Boa, amor.

Dante= Sou eu com você. – piscou e ela riu.

Dulce= É o que? – olhou-o, o sorriso visível nos lábios.

Dante= Sou eu, me esforçando todos os dias, para ultrapassar a minha melhor versão e te fazer mais feliz. – acariciou a perna dela, que riu diante da graça dele. – Me sobrepujo.

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