Capítulo 56, parte II

500 54 116
                                    

Dulce= Quem é? – franziu o cenho. – Quem está aí?

Noah= Eu. – disse tão baixo, que ela precisou apertar o aparelho contra o ouvido.

Dulce= Noah? – levantou-se em seguida.

Noah= É.

Dulce= Graças a Deus você deu sinal de vida! – seguiu até a área externa do lugar. – Onde está?

Noah= Dul...

Dulce= Sim? – entrou na varanda e sentou-se no banco isolado. – O que houve?

Noah= Estou há dias encarando a casa dos meus pais. – confessou. – Não... não consigo entrar, não consigo bater, não consigo...

Dulce= Você está em Munique? – deu um sorriso aliviado. – Você foi para a Alemanha.

Noah= Não disse a ninguém, não consigo... não. – arfou. – Não tenho coragem.

Dulce= Noah...

Noah= Fico olhando, encarando a pintura, encarando o jardim. – não piscava enquanto mirava a enorme casa. – Imagino como está o interior. Eu o sinto. O sinto tão vivo lá dentro, no quarto dele, com o violão, cantando um monte de baboseira romântica para você.

Dulce= Foi aos bares que nós frequentávamos com ele? – escutou o ruivo negar. – Vá.

Noah= Não sei se...

Dulce= Vá aos bares. – fechou os olhos. – Passeie pelas praças, busque as mesmas festas, frequente os mesmos ambientes.

Noah= Nem sei se tudo isso ainda está como nos lembramos ou sequer existe. – os olhos voltaram a marejar. – Dulce, eu nem sei se...

Dulce= Vá. – respirou fundo, ainda de olhos fechados. – Descubra que as coisas mudaram, que os lugares fecharam, que trocaram de endereço. Permita que a vida te mostre como seguiu em frente. – escutou-o fungar. – Noah, você precisa permitir. Para entender que ele não está mais, para entender que aquele quarto é apenas uma lembrança. Linda e doce, mas apenas uma lembrança.

Noah= Como? – a voz chegou a um volume aceitável. – Como é que você consegue fazer isso sem pensar que pode estar errada? Sem pensar que ele pode precisar de nós?

Dulce= Feche os olhos. – pediu. – Eu também fechei os meus.

Noah= Ok. – não questionou, não estranhou, apenas fez exatamente o que ela pedira. – Já estou.

Dulce= Dan era tão alegre quanto o sol que surge depois da chuva, era suave como a brisa quando toca o nosso rosto. – os olhos marejaram. – Era intenso como as notas combinadas de uma canção, e era o elo mais forte entre todos nós. Dan nos uniu, nos manteve unidos e nos conversa assim. – escutou o cunhado chorar. – Mesmo agora.

Noah= Dul...

Dulce= A saudade dele é minha única certeza de que a felicidade existe, e de que a provei em sua essência durante sete belíssimos anos. – chorou em silêncio. – Eu acredito, com toda a força do meu ser, que ele jamais se cansaria de tentar nos encontrar, que faria da vida de qualquer pessoa um verdadeiro inferno, se soubesse que havia qualquer possibilidade de nos ver de novo. Ele não pararia jamais. – sincera. – Ele não abriria mão de nós. Infelizmente não posso mais tê-lo do meu lado. – suspirou. – Mas continuo sentindo como a presença dele me guia, aprova meus passos, me torna tão... amada. Na distância e no silêncio, mas ainda assim, profundamente amada.

Noah= Meu irmão... – assumiu com dor. – Eu perdi o meu irmão.

Dulce= Eu sei. – sussurrou. – E dói. Vai doer.

Jogada PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora