Negro DRAMA

É desse jeito que você vive, é o negro drama

Capítulo: O Negro Drama

É desse jeito que você vive, é o negro drama. No fundo, todos nós sabemos que a vida não é feita de contos de fadas; é uma luta constante, uma batalha travada a cada dia. E, na quebrada, o negro drama é o pano de fundo de cada história que se desenrola. Cada esquina, cada olhar, cada passo tem um peso, uma carga emocional que poucos conseguem entender de verdade.

Na favela, a vida é crua, é real. O sol nasce e já traz o cheiro do café e da preocupação. Mãe que acorda cedo, arruma os filhos para a escola e depois corre para o trampo, sem saber se vai voltar a tempo. Filho que sonha em ser jogador, mas se vê cercado por opções limitadas. E no meio disso tudo, tem o mano que busca o rap como escape, como forma de expressar o que sente, o que vive.

O negro drama é o que nos une. É a dor compartilhada, o riso entre lágrimas. Enquanto uns se perdem na vida, outros se agarram à música, ao sonho de um futuro melhor. A batida do rap é como um grito de guerra, uma forma de dizer que estamos vivos, que resistimos. E cada verso, cada rima, é uma forma de protesto contra a opressão que nos persegue.

É nesse contexto que eu cresci, entre amigos que se tornaram irmãos e rivais que se tornaram inspiração. O negro drama nos moldou, nos ensinou a ser resilientes. Lembro das noites em que a única coisa que tínhamos era o som da bateria e a voz desafinada dos manos rimando na esquina. E mesmo assim, a energia que rolava ali era capaz de acender a esperança em meio ao desespero.

No meio da guerra, onde o crime tenta seduzir os mais jovens, eu escolhi a música. E a música me escolheu de volta. Não sou o único, e é isso que me faz lembrar que não estou sozinho. O negro drama é coletivo. É sobre quem tá ao seu lado, quem luta com você, quem enfrenta os mesmos desafios. É sobre transformar dor em arte e levar a mensagem adiante.

O rap é a voz de quem não tem voz. Ele ecoa entre os muros das favelas, chega aos ouvidos de quem precisa ouvir. E quando um mano se aproxima, dizendo que se inspirou na minha história, é como se a vida estivesse me dando um troféu invisível. Porque eu sei que, ao contar minha verdade, estou fazendo mais do que entreter; estou abrindo caminho para que outros façam o mesmo.

Na quebrada, a gente vive o negro drama na pele. As cicatrizes contam histórias que ninguém lê nos livros. E, por mais que o mundo tente nos silenciar, nós continuamos a gritar. A força que vem da favela é inquebrável, e o negro drama é o combustível que nos move.

E é assim que eu sigo, traçando meu caminho, sabendo que, a cada passo, carrego a responsabilidade de representar quem veio antes de mim e quem virá depois. Porque, no final das contas, o negro drama é nossa verdade, é nosso legado. É a vida que vivemos e a luta que travamos, e não importa onde eu vá, a essência da quebrada sempre estará comigo. É desse jeito que você vive, é o negro drama.