Negro DRAMA

Eu sou o negro drama Eu sou o fruto do negro drama

Capítulo: Eu Sou o Negro Drama

Eu sou o negro drama. Eu sou o fruto do negro drama. Essa frase ecoa em cada esquina da quebrada, em cada lágrima derramada por quem luta pra sobreviver. A realidade que me cerca é um espelho da dor e da resiliência de um povo que não se cala, que não se entrega. Eu carrego em mim a essência das lutas passadas, as histórias que se entrelaçam com as minhas memórias.

Desde pequeno, eu soube que a vida na favela era dura, mas a gente aprendeu a fazer poesia com a dor. O rap entrou na minha vida como um grito de resistência, um jeito de transformar a raiva em rimas, o sofrimento em música. Cada verso que eu escrevo é um pedaço da minha alma, uma lembrança de tudo que eu vi, de tudo que eu vivi.

Eu sou o menino que cresceu vendo a mãe batalhar, acordando cedo pra ir trabalhar e ainda voltando pra casa com um sorriso, mesmo quando a vida não ajudava. Ela me ensinou que a dignidade não depende do que você tem, mas do que você é. E, com isso, eu aprendi a valorizar cada conquista, cada pequena vitória no dia a dia.

A quebrada me moldou. Eu vi amigos de infância se perderem nas drogas, outros sendo levados pela polícia, e eu sempre me perguntava: "E se fosse eu?" O medo, a insegurança, a dúvida eram constantes, mas eu também sentia a força que vinha da luta coletiva. A gente se unia nas dificuldades, no futebol no campinho de terra, na roda de rap na laje. Essa união era o que nos fazia mais fortes, mais determinados a não deixar o negro drama nos definir.

Hoje, quando olho pra trás, vejo que o negro drama é o combustível da minha luta. Cada dificuldade que enfrentei me fez mais forte, me deu mais vontade de seguir em frente e conquistar meu espaço. Eu não sou só um fruto do negro drama; eu sou a prova de que a resistência é real. É por isso que eu canto, é por isso que eu escrevo. É a minha forma de honrar aqueles que vieram antes de mim e aqueles que ainda estão lutando.

A vida não é um conto de fadas. É um filme cheio de altos e baixos, de alegria e tristeza, mas, acima de tudo, de luta. Eu sou o negro drama em forma de gente, e cada dia é uma nova página que eu escrevo com suor e lágrimas. O futuro pode ser incerto, mas eu tenho certeza de uma coisa: eu sou mais do que o que tentaram me fazer acreditar.

Eu sou o negro drama, eu sou o fruto do negro drama. E, enquanto houver vida em mim, eu vou continuar a lutar, a cantar, a fazer história. Porque a luta não é só minha, é de todos nós. É a voz de um povo que nunca se cala, que sempre busca um espaço, uma oportunidade. E, nesse caminho, eu sou o negro drama que resiste e se reinventa a cada dia.