Mas aí, se tiver que voltar pra favela

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Capítulo: Mas Aí, Se Tiver Que Voltar Pra Favela

Mas aí, se tiver que voltar pra favela, eu volto. Não tem como esquecer de onde eu vim, das ruas que me ensinaram a ser quem eu sou. A favela é a minha raiz, o lugar que moldou minha história, onde eu aprendi a lutar, a enfrentar os desafios de cabeça erguida. É onde eu encontrei meus manos, as paradas, as dificuldades e as vitórias.

Lembro das madrugadas, quando o barulho das sirenes ecoava nas vielas e as luzes da cidade pareciam tão distantes. A favela não é só miséria; é vida pulsando, é a luta diária de quem não tem muito, mas ainda assim se levanta pra trabalhar. Se eu tiver que voltar, vou com a cabeça erguida, com a certeza de que meu coração ainda bate no ritmo do gueto.

Não é fácil, não. Tem muita gente que acha que, porque eu saí, eu não posso olhar pra trás. Mas eu sei que a realidade é dura, e não tem glamour em ser de lá. Os caras que ficaram, que não tiveram a mesma oportunidade que eu, ainda enfrentam o dia a dia pesado. O tráfico, a violência, a falta de oportunidades, tudo isso continua lá. E se eu puder ajudar, eu vou fazer isso.

Se voltar for necessário, eu vou fazer com que essa volta tenha um sentido. Eu não posso esquecer dos que ficaram pra trás, dos manos e das minas que batalham todos os dias pra ter um futuro melhor. Pode ser que a vida tenha me levado pra longe, mas a favela tá sempre na minha alma. Eu sou um reflexo dela, e é por isso que eu não posso esquecer de onde eu vim.

A favela é um lugar de aprendizado, de resistência. Eu sou o produto de cada lágrima, cada sorriso, cada luta daquelas que viveram antes de mim. A minha mãe, Dona Ana, sempre dizia: "Se um dia você tiver que voltar, faça valer a pena." E é isso que eu levo comigo. Se eu tiver que voltar, vou voltar pra somar, pra construir, pra mostrar que é possível mudar a história.

Voltar à favela não é um retrocesso, é uma chance de fazer diferença. E enquanto eu tiver voz, enquanto minha música puder ecoar nas ruas, eu vou usar isso pra inspirar outros. Porque a favela pode ser dura, mas é cheia de vida, e quem vive lá sabe que, com força e coragem, dá pra virar o jogo.

Então, se um dia a vida me chamar de volta, vou de peito aberto, pronto pra ajudar, pra dar a mão a quem precisa. Porque no final das contas, não importa quão longe eu vá; a favela sempre vai ser parte de mim. E, se eu tiver que voltar, vou fazer isso com o orgulho de quem carrega a história no coração, de quem viveu e sobreviveu. A favela não é um lugar de derrota; é um berço de guerreiros. E eu sou um deles.

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