05.

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LUCAS.

Tem poucos dias que eu tô em solo carioca, já fazia uma cota de tempo que não pisava aqui e mandar o papo, nada melhor que estar em casa.

Sair da Alemanha já era uma ideia e aquele lugar já não me pertencia mais como a alguns anos atrás o Rio de Janeiro também não me pertencia. Maior parada você viver sua vida e sentir que você precisa voltar pro seu lugar de origem. E eu tô feliz pra caralho por isso.

Antes de vir pro Rio eu estava em São Paulo, já que a antiga empresa que eu trabalhava na Alemanha pediu para que eu representasse eles em um congresso sobre logística e engenharia nos dias atuais. Meses atrás eu tinha pedido transferência pra uma empresa daqui do Rio e o tempo coincidiu, por fim já estava livre daquele país que vivi por três anos.

- Isso é hora de chegar em casa, Lucas? - assim que pisei na cozinha ouvi minha mãe me esculachar. Não podia ver uma oportunidade de falar no meu ouvido que já barulhava. - Quero ouvir dizer que tá aqui por conta da família, porque fica mais fora de casa do que dentro.

- Coé, coroa, vai me defender não? - falei dando um abraço no meu pai e ele riu dando de ombros. Ele sabe que se intrometer vai levar junto. - Tô fraco mesmo.

Fui pegar a garrafa de café e levei um tapa na mão da Dona Marisa que me olhava toda debochada. - Vai lavar essa mão antes de pegar nas coisas. Não faço a mínima ideia de onde você tava com elas.

E eu segui o que ela falou né, posso ser maluco, mas não ao ponto de desobedecer minha gata. Café da manhã inteiro foi assim, eu implicava ela e faltava ela expulsar eu da cozinha, e ainda sobrou até pro meu pai.

- Tô falando que ela tá ficando velha e maluca! Por mim você dava o fora daqui o mais rápido, coroa.

- Lucas, não vou te falar nada. Ouviu? Nada! - fui abraçar e ela desviou. - Sai de cima que não vou abraçar ninguém fedendo a sexo.

- Ué, não era eu seu filhinho? O filho que tava morrendo de saudade e dizia ser o amor da sua vida? Não tô entendendo, Dona Marisa!

- Para de me infernizar, filho da chocadeira! - ela olhou pro meu pai e pra mim. - Você também, Augusto!

Papo reto, que saudade eu estava desses dois. Não tinha nada melhor que estar junto deles, e isso me fazia falta pra caralho. Lavei as louças que tinha e fui em direção ao quarto pra tomar um banho e deitar, ontem eu saí da casa do Felipe e mal dormi.

Acordei na hora do almoço e fui me arrumar pra almoçar, minha mãe tinha dito que queria comprar algumas coisas pra casa e eu daria de presente pra ela.

- Desenrola logo, não tenho tempo pra ficar esperando não, coroa.

Se tinha algo que me irritava era esperar, porra, tu marca horário e quando chega tem que ficar esperando. Comigo era sem leme, ou tu andava na linha ou não tinha compromisso. Enquanto ela terminava de se arrumar eu fiquei conversando com meu coroa, minha maior inspiração de homem.

- Tô feliz demais por ter você de volta. Sua mãe também, ela fica falando aquelas coisinhas, mas só eu sei o quanto ela queria você aqui de volta. Quando você não ligava pra ela eu ouvia ela rezando por você, quando você teve que partir ela chorava todas as noites pedindo pra Deus abençoar sua vida e que se fosse da vontade Dele que você voltasse.

Meu pai era um homem de poucas palavras, mas todas as vezes ele sempre dizia verdades e eu sabia que isso era. Eu sempre soube que independente de tudo ela iria torcer por mim, assim como meu pai. Eu era grato pelo de cima ter me dado essa família e eu faria de tudo pra ter eles como prioridade.

- Eu vou fazer de tudo pra sempre permanecer aqui. Vocês sempre serão minha prioridade e prometo cuidar de vocês até o último dia, eu prometi isso ao Daniel.

Daniel era meu irmão, mas ele havia morrido há sete anos atrás e desde então eu venho cuidando deles e sendo cuidado pelos dois.

- O que os dois tanto fofocam aí? Posso saber? - minha mãe tinha chegado agora, eu me levantei logo porque já estava perdendo a paciência de tanto esperar. - Que pressa é essa, Lucas Ferraz?

- Tu enrola pra caralho e quer que eu fique esperando mais?

- Não te dei educação não, garoto?! - ergueu a sobrancelha e me encarou - Ah bom, pensei que não.

Peguei a chave do carro deles e fui pra garagem, ela disse o nome da loja e eu fui pro shopping pra já resolver as duas coisas. Levei ela pra almoçar no coco bambu e depois fomos em direção a loja de decoração e ela ficou mais de horas pra escolher o que queria. Toda hora pedia opinião, perguntava e eu respondia na maior tranquilidade apesar de estar impaciente.

- Me lembra de nunca mais pagar as coisas que você quer! - obviamente era brincadeira, mas falei pra encher o saco dela. - Acha que tá fácil assim, né?!

- Só porque disse vou fazer questão de comprar sempre.

Ela é toda abusada nas respostas e eu não duvidava nadinha que ela poderia fazer.

- Quer ir visitar onde vou morar? - soltei assim que terminamos de colocar as compras no porta-malas.

- Como assim visitar onde você vai morar?

- Comprei um apartamento, na verdade ainda falta assinar o documento, mas basicamente meu novo lar.

- Entendi. Pensei que você iria voltar pra onde morava assim que o mês acabasse.

- Prefiro manter aquele lugar como forma de renda extra, ele também irá trazer lembranças que não quero relembrar.

Nem eu nem ela falamos mais nada, minha mãe sabia que não aguentaria ficar tanto tempo morando com ela. Eu precisaria da minha privacidade e não acharia legal levar alguém pra lá, então prefiro ter meu canto.

O apartamento era no Recreio, eu já tinha pesquisado um pouco e antes de voltar pro Brasil pedi pro Felipe visitar e mandar um vídeo detalhado. Quando cheguei já fui logo visitar e entrar com a papelada pra assinar.

Eu poderia me mudar a qualquer momento depois de assinar os documentos, mas também não adiantaria muito, já que pretendo mudar algumas coisas e pra isso levaria alguns meses pela frente.

- É lindo, filho! Tô muito orgulhosa de você, não sabe o quanto fico feliz por ter de volta. - ela me abraçou e eu retribui. - Quando vai mudar pra cá e abandonar sua mãe?

- Rainha do drama a senhora. -soltei um riso e respondi.- Mas relaxa que vai demorar um pouco, vou fazer uma reforma e acredito que vá demorar de dois a três meses.

Voltamos pra casa já quase finalizando do dia, passei no mercado pra comprar algumas coisas pra fazer um risoto, e o papo era que eu dava aulas na cozinha.

Preparei e jantei com eles pra depois ir pra uma festa que a agência do Felipe tava organizando.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora