20.

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Ele tava num canto com um copo de whisky na mão, cigarro na outra e todo de preto. Uma tentação. A bebida desceu pela minha garganta como um fogo, eu poderia ir até ele, mas minha única reação foi limpar a gota da tequila que escorreu pelo canto da minha boca.

Um ato até então inocente se eu não tivesse olhando ele descaradamente, a malícia estava evidente nos nossos olhares. Ele tragou mais um vez e soltou toda a fumaça, eu virei pra frente de novo e fui pro lado da Luísa. A bebida já estava trazendo efeitos demais.

- Vou me fingir de cega para não cometer barbaridades dando na sua cara.

- Acho ótimo, já não estou no meu perfeito juízo. - respondi e olhei pro palco.

- Garota, tu bebeu só duas doses e já tá assim. - ela olhou por cima do meu ombro. - Ok, te entendo agora porque você não tá no seu perfeito juízo.

- Para de me perturbar, minha mente já tá azendo isso sozinha. - choraminguei, ela riu e voltou a me olhar.

- Nem falei nada demais.

Fiquei marcando com ela ali mais uns segundos e desci pra ir ao banheiro, quando voltei Luísa já tinha desaparecido dali pra buscar o novo namorado. Tava preparando meu gin quando senti alguém parando ao meu lado, olhei pra cima e vi o Lucas colocando mais bebida no copo.

- Lucas? - chamei ele e ele se virou. - Não tive oportunidade de agradecer você como devia e vou aproveitar que hoje nos encontramos pra isso. - ele me olhou confuso- Tô falando da última vez que nos vimos... Obrigada por ter me ajudado e desculpa qualquer coisa aí.

- Pô, tranquilo. Você estava bem mal e acredito que agi por sua situação desespero.

Ok, ele falou isso mesmo? Ok, Júlia, só dar um sorriso e sair.

- Agiu pelo meu desespero? - perguntei inconformada. - Ok, tudo bem, de qualquer forma obrigada por ter me ajudado.

Peguei minha taça e fui pra onde a Luísa tava com o namorado, que eu já conhecia mais ou menos por ele vez ou outra andar com o meu melhor amigo. Mas coisas bem esporádicas.

- Amor, essa aqui é a Júlia, minha melhor amiga. Júlia, esse aqui é o Thiago.

- E aí, tudo bem? - dei dois beijinhos nele. - Fica a vontade, tá? Bebidas estão na mesa, galera é super da resenha.

- Beleza, valeu aí.

LUCAS.

Bolei mais um e comecei a fumar, tava de cantinho no bagulho, só marcando. Whisky e maconha na mente e na mão, onda bolada já. A Júlia tava meio maluca, já tinha bebida pra caralho desde que cheguei e se pá antes também. Tava bonita pra caralho dentro de um vestido, cabelão solto, dançado pra caralho junto da Luísa e vez ou outra vejo ela me encarando toda na vontade.

Sei que ela tá com bebida na mente, então vou marcar daqui mesmo, mas tá sendo avistada. Veio me agradecendo pelo bagulho de semanas atrás e tal, mas logo se escaldou e foi pro outro lado.

- Tá olhando muito já. - traguei meu cigarro e soltei uma risada abafada. - Ainda não tô cego vendo você comer minha irmã.

- Já tá na onda então, porque tô sem intenção alguma. - sou maluco de falar a verdade na cara dele? Ah tá. Até poderia, mas deixa como já tá.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora