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JÚLIA.

Eu fui tão rápido praquele hospital agoniada. Agoniada em saber o que aconteceu. Se ele acordou ou se teve uma piora. Mas eu estou muito positiva com as coisas. Não é possível que depois de tanto sofrimento ele seja capaz de regredir. Isso eu não aceito.

Me identifico, já indo pelo corredor que mais frequentei na última semana. Entre indas e vindas. Vejo Felipe, Marisa, Augusto... a tia chora sem parar, Felipe e seu marido a consola. E isso aperta meu peito. Por que ela está chorando...? Aconteceu o que?

- O que foi? O que tem o Lucas? - pergunto, afoita. Querendo saber o que de tão urgente aconteceu. - Tia, o que foi? Por que você chora tanto?

Ela não me responde, e eu me viro pro Felps, tentado entender o que está havendo.

- Entra no quarto, Julinha. - ele põe a mão no meu ombro. Tem um sorriso fraco no seu rosto. Não sei se isso foi de consolo ou por ser uma notícia boa a caminho. - Me dá a sua bolsa e entra.

Entrego minhas coisas pra ele. Ajeito meu cabelo em um coque frouxo e entro naquela sala sem vida, já nervosa por não saber o que estar por vim. Lucas está dormindo. Sem sinal de nada. Mas ele já está sem um dos aparelhos que antes usava. E sigo o mesmo ritual de sempre: pego sua mão e beijo.

- O que de tão urgente aconteceu, hein? Não vem dizer que regrediu, eu não vou aceitar isso.

- Se eu falar que tô bem você vai aceitar? - abro meus olhos. Olho direito pra ele, pro seu rosto.

- Mentira, Lucas. Mentira. - levanto, colocando as mãos na cabeça. - Para, se for um sonho eu preciso acordar logo.

- Sonho do que, problemão? Acordei. - balanço a cabeça negativamente.

Meu Deus! Solto um sorriso, indo até ele, abraçando. Lucas faz uma careta, provavelmente pela brutalidade que fui pra cima dele. A voz está meia falhada, mas só de ouvir já me traz sossego. De saber que ele está inteiramente aqui.

- Eu não acredito... Meu Deus! - faço carinho em seu rosto. É impossível não estar emocionada com isso. - Eu já não estava mais aguentando te ver daquele jeito. Todos os dias eu vinha aqui, ficava com você, conversava a beça querendo sua resposta.

- Eu ouvia. Sei que Apolo e Ísis sentem minha falta. Você também. - diz, ainda que sem forças. - Da sua preocupação comigo. Tudo, Júlia.

- Quando você saiu da sedação? - pergunto.

- Bom dia! Viemos fazer os últimos checape para descer pro quarto. - alguém nos atrapalha. É o doutor do primeiro dia. - Parece que temos alguém emociado aqui. Você deve ser a Júlia.

- Sim, Doutor. Sou a Júlia. - pego em sua, cumprimentando. - É difícil não segurar a emoção, né? Agora entendo do porquê da urgência de estar aqui.

- Seu nome foi o primeiro que ele chamou quando acordou. - o médico diz, indo pra perto dele. - Ele soube que você ficou aqui quase que o dia todo, todos os dias.

- Deve ser por isso que minha cabeça tá doendo, de tanto que ela conversou na minha orelha... - Lucas faz uma gracinha. Não tem lógica, mesmo na situação que está fica nessa.

- Bom, vamos refazer a checagem dos reflexos. Como você sabe da sua atual condição, Lucas, precisamos intervir com uma nova cirurgia caso você não responda os movimentos. - o médico diz. Já vi que o Lucas soube da possibilidade de perder os movimentos. - Mas também irá dar início a fisioterapia para fortalecimento. 

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora