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LUÍSA.

Eu não consigo acreditar que meu filho vai nascer. Tento manter a calma, mas é simplesmente impossível; tem uma mistura de medo com ansiedade de tê-lo logo em meu colo.

- Caio, a bolsa da Luísa estourou. - respiro fundo, sentindo a primeira pontada desde que o líquido escorreu pelas minhas pernas. - Caio!

Minha melhor amiga grita aqui da sala do Lucas, eu me sento, tentando controlar a respiração. Aparece meus pais de coração, a mãe do Lucas, aprece todo mundo, MENOS o Caio.

- Cadê o Caio? Pelo amor de Deus! - pergunto, olhando no rosto de cada um ali.

- Você está sentindo dor? - tia Lídia pergunta e eu nego com a cabeça. -  Caio, vem logo. Ela precisa ir para o hospital!

Viro meu rosto para onde ele supostamente está e o encontro parado, olhando pra mim, com a mão na cabeça e um olhar assustado.

Me levanto, caminhando até ele. E ouvindo as várias vozes falando para eu ter cuidado e tentando acordar o Caio desse transe que ele entrou. Sério, ele entrou em um mundo onde está apenas ele e ele. Nada mais entra e nem sai.

- Ei, Caio, nosso filho vai nascer. - paro em sua frente, tentando manter a calma de não sacudir ele. - Vamos pro hospital.

- O Miguel tá vindo mesmo? - pergunta, e eu concordo. - Porra, ele vai nascer! Meu Deus, princesa.

Agora que ele saiu do transe foi como se tivesse ligado um botão. Começou uma correria, ele procurando a chave do carro, pegando minha bolsa, perguntando se eu estou com dor, fazendo um auê.

- Mãe, passa lá em casa e pega a bolsa maternidade dela. - avisa, com pressa. - Tá conseguindo andar? Posso te carregar no colo... não sei, quero te ajudar.

- Caio, eu tô bem! Só vamos pro hospital, por favor.

- Júlia, se puder, ajuda minha mãe lá. A gente vai esperar vocês na maternidade. - fala pra minha cunhada. - Avisa a mãe dela também, por favor.

- Amiga, eu tô super feliz por vocês. De coração mesmo, merecem muito viver essa felicidade. - dou um abraço desajeitado na Júlia. - Desculpa estragar esse momento de vocês...

- Meu sobrinho tá nascendo, Lu! A felicidade é essa, a felicidade tá completa! Agora vai pro hospital, foca em ter ele com você. Logo logo a gente se esbarra lá. - sorri, limpando as lágrimas do meu rosto. - Você é forte e capaz. Te amo muito, irmã.

Fui caminhando devagar até o elevador. Minha roupa molhada, o Caio o tempo todo perguntando se estou bem, que chega a ser estressante responder a mesma coisa. Meu jeito deslocada tá secundado muito.

- Ele não estava previsto para daqui três dias?

- Previsão não é certeza. Ele poderia vir antes ou depois. - respondo, mordendo o lábio inferior para a primeira contração que sinto. - Aí!

- Aguenta mais um pouco, Loira. Por favor! - me apoia em seu corpo e a gente vai caminhando pra onde o carro está estacionado. - Miguelzinho está vindo, caralho.

- Caio, por favor, só dirige. - peço, sem paciência alguma. Oficialmente não nasci para sentir dor do parto. E a previsão é só piorar. - Se essa dor piorar eu juro pra você que é a primeira e última vez que uma criança vai sair de mim.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora