06.

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JÚLIA.

Estacionei o carro na única vaga disponível já que tinha alguns outros carros e fomos entrando, as garotas que estão com a gente estavam em um grupinho e chamaram eu e a Luísa, sentamos lá e ficamos conversando.

- Trabalhar com evento deve ser muito bom.

- Na verdade é um pouco complicado, mas não deixa de ser bom, sabe? Trabalhar com o público sempre será um empecilho, as pessoas vão te massacrar ou idolatrar na mesma medida, então eu diria que tem os prós e contras.

Quando pisquei apareceu na nossa mesa vários shots, alguns de tequila e outros de vodca. Elas pegaram e eu saí logo do rumo, a Luísa e meu irmão já estavam bebendo e alguém precisava cuidar deles e levá-los pra casa, no caso a pessoa seria eu.

- Poxa, podia virar um com nós.

- Eu até viraria se não tivesse que cuidar de dois bêbados, mas não terá como, quem sabe uma próxima. - falei e dei um sorriso simpático.

Levantei e fui pra perto do meu irmão, eu não via nenhum problema dele em fazer maluquices, mas a partir do momento que encontrei ele com vários tipos de drogas eu logo fui dando o aviso. Eu sabia que ele fumava junto com Felipe, e isso era tranquilo, mas não curtia ele misturar várias coisas, ou melhor, usar outras drogas.

- Caio, você sabe que eu não ligo de você usar maconha, mas você já tá misturando tudo. - falei com um tom de voz calmo, mas ele sabia muito muito que eu tava puta por dentro. - Eu não vou aceitar você usar ecstasy tá me escutando? Você já bebeu pra caralho, fumou, e agora tá usando essas porcarias!

- Calma aí, Júlia. Tu sabe que não sou irresponsável a esse nível.

Olhei pra ele e virei as costas, quero ver amanhã ele levantar e suportar os problemas que ele arruma. Já tinha quase uma hora que estávamos ali e o dia estava começando a clarear, já estava cansada de ficar em pé e com preguiça das pessoas que estava ali.

Quando as pessoas começaram a ir em bora e ficar apenas nosso grupo e mais alguns conhecidos do futebol dos meninos eu fui pra fora, mas antes eu fui pegar meu celular que tinha deixando no carro.

Peguei a chave e fui na direção do mesmo, peguei e fui vendo algumas notificações, desliguei e quando ia subir na calçada só vi um moto parando com tudo do meu lado. Juro por tudo que eu nem sei da onde ela surgiu, mas só vi o responsável tirando o capacete e vindo pro meu lado.

- Tu é maluco? - já logo perguntei pra ele. - Você quase me atropelou!

- Você deveria estar prestando atenção, e não ficar com a cara no celular no meio da rua.

Eu abri a boca incrédula, não tive reação além de ficar olhando pra ele com a pior cara possível. Ele não poderia estar insinuando que quem não prestou atenção foi eu! Não mesmo.

- Você me deve desculpas! Eu já tinha desligado o celular e estava subindo na calçada e você que chegou nessa moto enorme. - apontei o dedo pra moto e respirei fundo pra não perder a paciência. - Cuidado com as outras pessoas, tá?

Ele deu uma risada tão sarcástica que quase revirei os olhos.

Sai de lá e senti seu olhar queimar nas minhas costas, fui ao banheiro e depois na cozinha pra pegar um energético, quando voltei o Felipe tava vindo na nossa direção com o mesmo homem que quase me atropelou.

- Júlia, esse aqui é o Lucas. - meu amigo começou nos apresentar. - Lucas, essa aqui é a Júlia.

Dei um sorriso falso e voltei minha atenção pro celular enquanto ele apresentava pro restante. Não sei se era a mesma pessoa, mas acho que já vi ele nos stories do Felipe, era um amigo que morava fora a um tempo.

Quando voltei minha atenção pra mesa e assunto que rolava nela despertei, bebi um gole do copo do meu irmão e comecei e escorei na cadeira. Eles estavam falando sobre amanhã, no caso hoje, fazer um churrasco e sem pensar duas vezes ouvi a maioria concordar, menos eu e o tal Lucas, eu precisava só de um banho quente e deitar.

- Vocês tem tanta animação que o RJ fica pequeno pro tanto que alopram.

- Otaria, você é a pessoa mais pra baixo que eu conheço, namoral. Quando eu te conheci tu não era assim não.

Felipe respondeu e eu dei o dedo rindo, ainda ouvi meu irmão e o Tales concordando. Continuamos a conversa e eu prestei atenção que o Lucas fumava um cigarro e bebia um whisky com gelo de coco. Sustei o olhar e vi ele com seu mau humor me encarando também.

Oito da manhã já não aguentava mais e eu obriguei meu irmão a ir em bora, pois se dependesse dele e do Felipe estaríamos lá até agora, já estariam fazendo o tal churrasco e assim por diante. Depois que falei sobre misturar bebida com entorpecente ele bebeu só mais um pouco e depois eu enfiei água e doce na boca dele.

Estacionei na minha vaga e chamei eles pra subirem, quando abri a porta já fui logo pro meu quarto e a Luísa também foi pro dela. Tomei um banho e fui na cozinha só pra fazer um lanche e dormir em paz, encontrei meu irmão jogado no sofá e mandei ele tomar banho, eu detesto que deitem sujo na cama ou no sofá, tinha mania de assim que chegar em casa tomar um banho e aí sim poder deitar.

Eu dormi que nem vi, só acordei com o celular tocando e vendo que era meu irmão. Nem sei quando foi que ele acordou, mas sabia que já estava na farra.

- O que foi, cara? Não dorme e fica atormentando quem quer.

- E isso é hora pra estar dormindo? Quase quatro da tarde e você hibernada.

- Diz logo o que quer, Caio. - pedi e esperei ele falar, mas ouvi a voz da Luísa e do Felipe. - Não.

- Vem amiga, você já dormiu muito! -a Luísa falou e eu ouvi o Felipe- Aqui só tem nós e ainda tem um churrasquinho top com pagode.

- Eu tô cansada demais pra sair de casa, juro que dá próxima eu vou. - tentei o máximo fugir de ir, mas foi impossível quando o Felipe tomou o celular e encheu meu saco. Eu não teria escolha, se eu dissesse não eles apareceriam aqui e me levaria do jeito que estivesse. - Ok, vou me arrumar e apareço aí.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora