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JÚLIA.

Receber todas aquelas notícias me deixou fora da realidade. A pessoa falava, falava, falava e eu não tinha forças para responder, para conseguir me mover até o lugar. Eu não tinha forças para absolutamente nada além de chorar.

Perece que estou em um realidade paralela. Que tudo é mentira e que você é testada. A sua força é testada. Eu quero pegar o carro e ir até lá. Mas eu não consigo. Desabo no chão, com o celular em mãos, com um choro desesperado na garganta. Sentindo uma dor absurda dentro de mim. Medo, dor, esperança de tudo ser mentira...

Procuro ar, mas ele também parece falso. Eu não consigo distinguir nada, só uma voz falando: "O Lucas se encontra no hospital". E o desespero toma conta de mim.  Uma vontade de espernear e implorar para que fale que é mentira.

- Júlia?

- Eu...e, eu tô indo. - gaguejo, buscando ter forças pra falar. A chamada é desligada e eu jogo meu celular no chão. - Por favor, Deus, fala que é mentira.

Não sei quanto tempo eu fiquei ali no chão, implorando para que nada de grave tenha acontecido. Ou que tudo seja uma brincadeira e que a qualquer momento ele vai abrir aquela porta e entrar, me chamando de problemão, soltando aquele sorriso em ver a barriga e conversar com a Ísis.

A Ísis... Ela também não pode ficar sem o pai dela. Ela precisa conhecer ele. Ver o quão incrível, atencioso, dedicado ele é. O quão desejada ela foi por ele. A Ísis merece saber que o colo dele é o melhor lugar do mundo. Que o calor de seus braços traz calmaria. Ela precisa saber do pai dela.

Levanto, procurando minha bolsa, pegando minhas coisas e descendo quase que correndo pelas escadas de emergência, ja que o elevador nunca chegava até o andar. Minha visão está embaçada junto às pontadas fortes em minha cabeça. Estou trêmula também. Desde as mãos até aos pés. Dirijo como nunca fiz, infrigindo todas as leis de trânsito possível, só pra chegar logo naquele lugar gelado, pra eu saber como meu amor está. Estaciono de qualquer jeito, saindo do carro o mais rápido possível.

- Sou Júlia Hardel. Me ligaram falando que Lucas Ferraz está aqui. - falo, rápido.

- Um minuto, por gentileza. - a recepcionista começa a mexer no computador, demorando demais.

- Moça, por favor. Lucas Ferraz. - coloco minha mão entre meus cabelos, buscando ar. Olho pro lado na procura de alguém. - Eu preciso saber como ele está.

- Eu preciso que você se acalme, senhora.

Ela está me pedindo calma. Quem pede calma para alguém que você não tem informação alguma além de que ela está no hospital?

- Achou alguma coisa? - pergunto, aflita.

Minha vontade é de sair ignorando que preciso de identificação. Eu estaria batendo porta por porta até achar ele.

- Júlia? - alguém chega do meu lado me chamando. Quando olho é aquele morador do prédio. - Tá tudo certo. Eu que te liguei.

- Cadê ele? Você tem notícias??? - pergunto, desesperada.

- Ele sofreu um acidente, um carro ia bater de frente e ele desviou, batendo em um poste. - responde, eu não precisei ouvir tudo pra voltar a cair no choro. - Por milagre eu estava atrás dele quando aconteceu.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora