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Antes de iniciar esse capítulo quero dizer que muitas mulheres não possuem vontade de ser mãe. Maternidade é algo complexo (ainda mais quando solo)... Então não quero romantizar a maternidade aqui, trazer uma mulher com sonho de ser mãe.

A partir de agora lidaremos com uma nova Júlia, uma nova mulher. As emoções dela serão extremas, de difícil aceitação, afinal, nunca foi uma vontade dela. Então peço compreensão e que tenham paciência.

com amor, Lana. 

JÚLIA.

Depois que eu deixei a Luísa na nossa casa fui direto pra empresa. Celular vibrando o tempo todo na bolsa, eu também chorando o tempo todo. Sem pausa. Meu corpo inteiro dói. Minha cabeça está latejante, minha boca com um gosto amargo, meu coração parece estar se contraindo por inteiro ao ponto de fazer doer. 

E só se passa uma coisa na minha cabeça:

Eu estou grávida...

O Lucas não sabe...

E isso me faz arrepiar inteira. Como eu vou contar isso pra ele? Como eu conto sobre uma coisa que eu não quero? Como é que ele vai reagir? São tantas perguntas, e todas sem respostas prévias. Receber essa notícia foi como uma bomba que caiu no meu colo. Eu e ele fomos tão irresponsáveis ao ponto de deixar isso acontecer. 

Nós estamos juntos só há três meses...

Eu não sei o que faço da minha vida. Me sinto sufocada, sem saída. Como se o mundo estivesse me engolindo pouco a pouco. Estaciono em frente a agência, mesmo sabendo que existe o local específico, mas o que vou fazer aqui é rápido.

Caminho direto pra minha sala, abrindo a porta do banheiro e vomitando todo meu café da manhã. Não almocei, nem consigo. Minha ansiedade nem vai me deixar fazer isso. Quando vejo que não liberarei mais nada, enxaguo minha boca e saio a procura do Felipe, mas não encontro, então ao invés de procurar pessoas por pessoas, paro na primeira sala que vejo e peço para que dê notícia para meu sócio.

- Rafael, avisa ao Felipe que não participarei de nenhuma reunião, também não estarei disponível pelo restante do dia e nem amanhã. - seguro a careta quando sinto uma pontada forte na cabeça. - Por favor, sem questionamento. Até mais...

- Você está bem, Júlia? - pergunta. 

- Sim. - minto. - Se puder dar esse recado fico agradecida, tchau. 

Saio de lá sem esperar respostas. Entro no carro e o maldito cheiro do perfume do Lucas me consome. Encosto minha cabeça no volante na procura de cessar o choro, a ansiedade que me consome. Tudo. Ligo o carro e vou pro apartamento do dele, tenho que cuidar do Apolo também. 

Eu poderia correr para os braços dos meus pais, mas nem para isso me sinto segura, eu não sei como dar essa notícia... se é que darei. Minha única vontade é ir pra um ponto de paz. Estaciono o carro na vaga dele e subo pelo elevador, quando abro a porta o Apolo vem me receber com pulos, lambidas, mas nem atenção eu consigo dar.

Tiro meu salto deixando em um canto, jogo a bolsa no aparador que tem na entrada e sento no chão, com a cabeça a mil. Apolo vem com um de seus brinquedos para  brincar, mas assim que me vê larga e vem para perto de mim, como se sentisse que eu estou mal. Mal demais. Ele me olha, caminha mais um pouco e se deita bem em cima da minha barriga. Apolo nunca deitou em cima dela.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora