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JÚLIA.

06 de setembro, 2023. - 22 semanas.

Acabamos de sair de mais uma consulta. Lucas se enrolou todinho nas reuniões e não conseguiu vir, meu pai até conversou com ele sobre remarcar, mas quem disse que deu certo isso? Então foi só eu, minha mãe e a mãe dele. Que, por sinal, de consulta virou café da tarde na padaria para bater um papo.

De início iria só eu e dona Lídia, mas a tia me ligou no meio do caminho pra saber da neta e aí eu convidei ela. E ela super topou. Uma querida, me liga pra conversar, manda várias mensagens durante a semana para saber como estou, se preciso de algo, um poço de atenção.

- Você viu, Lídia? Ela vai ser enorme! - estão comentando sobre a ultrassonografia. - E ainda estava chupando o dedinho... Coisa mais linda da vovó.

- Não vejo a hora de ter meus netinhos nos braços. - minha mãe comenta. Paro no semáforo e vejo a tela do meu celular acender, mostrando que chegou uma mensagem do Lucas.

- Você vai ter logo dois, né? A Luísa também está grávida.

- Ela ainda vai conhecer o Miguel primeiro que a I... bebê. - comento.

- Sim! Mas pouco menos de três meses já vou estar com os dois. - minha mãe responde. - Vocês já estão discutindo nomes, filha?

- Ainda não, mãe. - respondo, virando a rua que dá acesso a casa dos meus pais. - A gente ainda vai conversar sobre, temos tempo.

Estaciono o carro na frente do portão e despeço dela com um beijo no rosto. Agora indo deixar a minha ex sogra na casa dela pra depois eu ir pra minha e arrumar minhas coisas pra ir pra Saquarema.

- Vocês se resolveram, Júlia? - pergunta, depois de um tempinho em silêncio.

- O que? - pergunto, sem entender.

- Vocês dois. Eu soube que estavam em pé de guerra, inclusive eu falei pro Lucas te procurar pra se resolverem, a minha neta não merece pais que não tem uma boa relação.

- Ah... a gente conversou na última semana. Ele apareceu na casa dos meus avós lá em Itacuruçá. - respondo, me sentindo a vontade com o assunto. - Ainda temos pingos nos is para colocar, mas acho que o clima melhorou significativamente.

- Ele errou feio em propor aquele contrato sem pé nem cabeça dele.

- Marisa, antes de tudo, eu errei feio também. - assumo. - Quem esteve errada desde o início fui eu, ele só seguiu uma coisa que na hora do raiva foi falada.

- Mesmo assim, minha querida! Ele não tinha que ter feito isso, e sim ter te encorajado. Olha agora, você toda bobinha com a gravidez... Vocês dois são cabeça dura demais, por isso se magoam desse tanto. Poderiam estar vivendo felizes juntos.

- Eu me arrependo tanto do que falei. Na hora eu não medi palavras, nada. E as vezes fica um pensamento de quando ela crescer ela não ser próxima de mim, de não querer me ter como mãe.

Já teve algumas noites que eu não dormi pensando nisso. É como se fosse um tico que me atacasse, me deixando totalmente ansiosa. Se ela não me quiser como mãe? Se ela souber que pela rejeição no início da gravidez pela minha parte e ter preferência só no pai dela? São tantas coisas.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora