LUCAS.
- É incrível como você sempre tá com um capacete além do seu, devo me preocupar com suas mulheres? - alá, toda debochada. Não sabe ficar na boa.
Trouxe ela pra um bar perto da faculdade, bar onde já fiquei muito em época que fazia meu curso, era o ponto pós aula, pré aula ou enquanto rolava aula. Garota ficou toda retraída quando viu o cara lá parado na portaria, me pedindo até pra mudar caminho.
- Ih, é perigoso, tu sabe, mas relaxa que não vão te pegar pra bater não. - brinquei e ela deu uma risada.
- Acho ótimo. - pedi pra descer mais um litrão e coloquei nos nossos copos.- Então é nesse bar que você matava aula?
- Deduziu isso? - ela concordou e comeu a porção que pediu. - Tá errada não, tanto é que a maior parte de pessoas aqui é universitário, porque é quase que colado na uerj.
- Acho que enjoei da cerveja. - ela bebeu e fez uma careta engraçada pra caralho. Tô dizendo, nem cerveja bebe direito porque gosta daqueles bagulho cheio de coisa. - Vou pedir tequila, aqui tem?
Concordei e pedimos quatro doses, duas pra cada.
- Conta essa história maluca tua aí de ter que me fazer mudar caminho.
Porra, já tinha uma cota de tempo que estávamos conversando e em nenhum momento tocamos no assunto, mas evitei me intrometer demais.
- Chifre! E agora fica atormentando a vida das pessoas.
- Caô?
- Podia, mas lembra aquele dia que você me encontrou na rua chorando? Tá aí o motivo. - ela falou e eu bebi mais da minha cerveja ouvindo. - É uma humilhação sem fim, parece que quanto mais você se entrega, mais trouxa você vai ser.
- As pessoas costumam ser filhas da puta com quem faz tudo por elas. É normal. - falei despretensiosamente e ela ergueu a sobrancelha me observando. - Acha que não sei nada da vida, patricinha?
- Apenas surpresa! - ela respondeu e pegou dois copinhos da tequila.- Tirou da onde esse patricinha? Agora deu de ficar me chamando assim.
- E tu não é? - negou. - Então devo tá maluco. Tudo que tu fala, age, é igual filhinha de papai.
- Você não me conhece, Lucas. Não me conhece mesmo...
Peguei uma dose da tequila e virei junto dela, maior parada, tava fodido se tivesse alguma parada com esse bagulho de bafômetro.
- Me conta da sua vida aí, só sei seu nome, que trabalha na empresa do meu pai, e é amigo galera.
- Pô, é isso aí mesmo. - ela me olhou indignada e eu ri da cara de maluca dela. Filha da mãe já tava com bebida. - Quer saber o que?
- Você é tão sem graça, meu Deus! Pior coisa que fiz foi vir pra um bar e ter sua companhia. - ela brincou e eu peguei mais uma dose da tequila.- Não sei como você tem tanto amigo sendo o miss sem simpatia.
- E você sendo mimadinha! - devolvi. Garota já tava ficando puta. - Tenho 28 anos, já morei na Alemanha por alguns anos antes de voltar pra cá e vez ou outra faço uns passa tempo aí.
Peguei um cigarro e acendi, ficando aquele silêncio e um olhando pro outro, sem saber o que falar.
- Vamo jogar sinuca, bora, levanta dessa cadeira. - na paz terrível e ela levanta da mesa com essa.
- Sabe jogar sinuca?
- Por que você fica duvidando da minha palavra?
Dei de ombros e fui pra parte de dentro do bar, entreguei um taco pra ela e organizei as bolas pra começar, e já começou levando vantagem: ela que arremataria primeiro. Olhei pra ela e bebi da minha cerveja, ela vinha rebolando aquela bunda gostosa dela, se inclinou na mesa apoiando os antebraços e empinando a bunda, uma posição que deixa a deriva vários pensamentos.
Ela concentrou e deu a primeira tacada na bola branca, espalhando as outras por toda a mesa, conseguindo encaçapar duas bolas pares. Ela me olhou com um sorriso provocador e sarcástico, veio pro meu lado e esperou eu me posicionar para fazer minha jogada, passei o giz na ponta do taco e fiz minha jogada, mas não conseguido encaçapar nenhuma.
Ela voltou e se inclinou mais uma vez e, em uma tacada perfeita, ela matou mais duas bolas, é... eu não deveria ter duvidado.
- Achei que sua marra de ser o fodão te faria matar ao menos uma bola, Lucas, mas vejo que me enganei.
- Você gosta de provocar as pessoas, Júlia. Já percebi.
Ela se inclinou novamente e posicionou o taco, matando mais uma. Foda-se tudo, eu não iria cair em provocaçãozinha e deixar sem nada. Rocei minha barba perto da sua nuca e ouvi ela suspirar, em uma só tacada consegui colocar três bolas dentro dos saquinhos.
- Sua vez! - falei encarando seus olhos e vi ela desviar logo em seguida.
Me coloquei por trás dela e esperei ela se concentrar, peguei meu copo que estava ao lado aposto meu me inclinando por trás do seu corpo e roçando minha barba na sua nuca, vendo seu corpo reagir no mesmo instante.
- Você me desconcentrou e me fez errar, seu filho da puta! - bebi minha cerva e apenas neguei com a cabeça.
- Não é minha culpa se você bateu errado, apenas peguei meu copo.
- E precisava colar em mim para isso? - dei de ombros e ouvi ela bufar, soltei uma risada em seguida. - Certeza que fez isso só para não perder, não existe outra explicação plausível além dessa. Não sabe jogar limpo.
- E existe uma regra dizendo que não pode jogar sujo, marrentinha?
- Como você é irritante com esses apelidos.
Depois de algumas tacadas, faltava a porra da última bola, Júlia estava do outro lado da mesa toda empinada para fazer a jogada e na última jogada conseguiu matar a bola. Larguei o taco e ouvi as gracinhas dela.
- Te avisei que era sinuqueira, não avisei? - garota tava toda feliz, maior parada, pior que criança quando ganha doce. - Já tá tarde pra caramba, vou pagar minha parte e vou pedir um uber, tá?
- Já paguei enquanto tu tava no banheiro. - ela me olhou com aquela cara de bolada e eu saí de dentro. - Te deixo em casa.
- Tem certeza?
- Tenho pô, só subir e pra gente partir.- atravessamos a rua e subi de volta na moto, indo pro condomínio pela parte da praia.
- Sério, valeu demais! Quebrou um galho enorme. - ela desceu e me entregou o capacete. - A noite foi até legal, ainda mais quando ganhei de você na sinuca.
- Tem que fazer caridade pros freguês né? - brinquei e ganhei um tapa no ombro. - Coé, maior tapão esse teu.
- Mas obrigada, tá?
- Por nada, maluca. Qualquer caôzada tamo aí. - falei e liguei a moto de volta. - Cuidado com esse maluco do teu ex, vigia.
- Pode deixar. - ela deu um sorriso e acenou.- Cuidado por aí.
Acenei com a cabeça e parti pra casa, Rio de Janeiro nunca tá quieto, sempre tem algo, mas a maioria das coisas já tava fechando.
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NASCER DO SOL
Fanfiction"Nosso problema sempre foi a intensidade. (...) Eu sei muito bem o caminho que nós dois fizemos, espero que sempre sejamos sinceros e nada enfraqueça nosso elo." 🤍🌙