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JÚLIA.

Assim que abro a porta de casa eu encontro a Luísa deitada no sofá. A barriga pra fora e ela conversando com o neném. Uma cena que vi tantas vezes, só que agora ela me dá um enjoo, por eu não aceitar essa gravidez, por eu não saber lidar.

- Atrapalho? - tento soar brincalhona. Só que falho, meu tom de voz sai seco.

- Júlia! - se levanta e vem caminhando até mim. - Você sumiu. Não deixou uma notícia sequer, acha que é quem? Você tem noção que sumiu por um dia inteiro? O que você tem na cabeça?

- Desculpa. - peço. Deixo a mala ali e dou um abraço nela. - De coração, me desculpa. Eu sei que tinha que ter dado um aviso, eu deveria ter vindo pra cá dormir com você, tudo isso eu sei... mas as coisas saíram fora do planejado.

- Como assim? Por que dessa mala? - solta as perguntas, me analisando por inteira. - E o Lucas? Pensei que sairiam pra jantar.

- Nós brigamos. - falo, baixo. - A gente teve uma discussão feia e eu decidi que seria melhor eu voltar a ficar aqui, nós dois estamos de cabeça quente.

- Do nada?! Para, vocês não tem nem motivos pra isso.

- Amiga, eu juro que vou te contar tudo, só te peço um tempo. - caminho pro sofá. Meu irmão está aqui, ele aparece bem na minha frente quando eu deito no colo da Luísa. - Oi, Caio.

- Você enlouqueceu? - é a primeira coisa que ele fala.

- Todo mundo vai falar isso? Sério mesmo?

- Deve ser por que todos tentaram conversar contigo e sua resposta foi a mesma: silêncio. - aponta os fatos. Mais uma culpa. - Coé, Júlia. Te amo muito, mas não tem como te defender depois desse vacilo seu. A gente em outro estado preocupado pra caralho, o Lucas já querendo vir embora pra saber que merda tinha acontecido com você.

- Vocês não me entendem.

- Júlia, claro que não. Você sumiu, não deu um sinal de vida e aí quer que nós entenda você? - minha melhor amiga diz. - Não, irmã, nós não te entendemos porque não sabemos o motivo de nada. Você não fala sobre nada!

- É que eu...eu tô...

- Você...? - meu irmão tenta me sondar mais. É tão difícil eu falar grávida.

- O que tem você? - Luísa diz.

- Temumfetodentrodemim. - falo tudo rápido.

- Tem o que dentro de tu? - meu irmão pergunta. Sento no sofá e olho pra Luísa que está com a boca aberta. - Me responde, Júlia.

- Um feto.

- Feto? - concordo com a cabeça, voltando a sentir todo aquele nervosismo novamente. - Feto? Bebê?

- Sim, Caio. - concordo. - Eu tô grávida.

Eu não queria contar isso agora. A real que não queria que ninguém soubesse além dele... Do pai desse serzinho. Só que é meu irmão e minha cunhada, a minha melhor amiga. As pessoas que mais confio nesse mundo, as que mais me apoiam, as que convivem comigo.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora