JÚLIA.
- Lucas... – suspirei sentindo o beijo dele e o aperto na minha bunda. Estamos aqui no estacionamento da empresa do meu pai, dentro do carro dele. – Eu tenho que ir trabalhar.
Queria? Não. Mas essa seria uma das últimas reuniões pra sunset, em quinze dias nós já vamos dar início na montagem das coisas, essa seria pra realmente fechar o contrato com as atrações e fornecedores.
- Nem tô fazendo nada, tá pegando ar. – ele falou e eu escorei nele pra ir pro banco do carona. Sonso! Nem parece que foi ele que me puxou.
O celular dele vibrou e ele atendeu, peguei minhas coisas e dei uma ajeitada no meu cabelo pra descer e ir pra agência.
- Obrigada pelo almoço, tá? – agradeci e fui descer, mas ele trancou o carro me puxando e fez um gesto pra eu esperar. – Não tô entendendo. Preciso ir, se não vou me atrasar. – sussurrei.
Tive que esperar o bonito terminar de falar no telefone, né?! Não entendi nada, mas tô aqui pra ver qual é a dele.
- Sábado vai fazer o que? – ele perguntou.
- Que eu me lembre não tenho nada planejado, por que?
- Topa ir pra Niterói? Te apresentar uns bagulho que acho que tu vai se amarrar.
Olhei pra ele procurando uma graça e só dei de ombros. Niterói? Por Deus! O que esse maluco tá aprontando?
- Fazer o que em Niterói? Tá doido, Lucas?!
- Só indo pra saber, problemão. Topa ou nada? – ele perguntou e eu hesitei em responder. Vou estar sendo maluca confirmando? Provavelmente. – Fica tensa não que o bagulho é suave.
- Tá, eu topo! – falei sem pensar muito e já me arrependi.
Peguei minha bolsa e descemos, dei dois beijinhos pra me despedir e ele puxou meu cabelo deixando minha nuca exposta, dando aqueles cheirinhos que eu me arrepiei inteira. Puto!
Conectei minha playlist e fui pegar o trânsito pra agência, que ainda tinha bastante movimento por ser horário de almoço. Meu celular tocou e um número desconhecido apareceu na tela, desliguei, e mais uma vez o mesmo número me ligou. Sei quem é. Não é a primeira vez que tenta contato comigo desde aquela noite.
- Voltei! – passei na recepção e vi o Felipe conversando com a nossa secretária, na verdade minha, mas esse filho da mãe decidiu roubar ela de mim. – Tô achando que você tá de trairagem comigo, Clara, cheia de papinho com esse abestado. – brinquei. – E você que trate de arranjar uma secretária pra tu!
Ela sorriu e veio até mim me dando um abraço, perguntando como estou. Respondi ela e o outro veio me abraçar também.
- E aí, bebê, tá bem? Decidiu voltar mermo?
- Preciso reagir, né... – fui pra sala de reunião e encontrei o restante da galera. Laurinha, o Paulo e Agnes estavam nela, fui até eles pra dar um oizinho.
- Sumida! – ela me deu dois beijos na bochecha e eu abracei. – Finalmente, já tava sentido falta de você colocando moral no Rafael, já que além do Felipe você é a única que consegue bater de frente.
- Pois é, soube do que ele queria fazer com as coisas tudo já prontas. – respondi e fui abraçar a Agnes.
- Nem fala... Mas e aí, tá bem? Soube do que rolou.
- Bem é difícil, mas tô caminhando. Me afastar esse tempinho foi bom. – afastei só no presencial, porque em casa eu tava trabalhando quase que o dia todo pra encher minha cabeça, tanto é que meu irmão, a Lu e meus pais já estavam malucos. Efeito Júlia Hardel.
A reunião foi tão demorada que quando foi finalizada já era quase cinco da tarde, fui pro meu escritório colocar minhas pastas de anotações pra ir pra psicóloga, a Lu já tava lá me esperando, porque ela quis me acompanhar.
- Amanhã eu te passo o relatório, esqueci ele em casa, mas se for de urgência eu arrumo agora e já te entrego. - falei pro Felps.
- Tá tranquilo, Juliazinha, amanhã tu me entrega. – respondeu. – Cuida aí, maluca!
Atravessei a cidade e fui pra clínica, meu pé da barriga tava frio, minhas mãos suadas, mas coloquei na minha cabeça que é pro meu melhor e agora tô aqui. A sessão dura cerca de uma hora, mas não consegui me abrir tanto, por mais confortável que tivesse.
- Tá tudo bem, ainda temos mais diversas sessões pra criar uma intimidade e você se soltar, isso é normal, mas só não pode se prender em um pensamento, ok? Pelo o pouco que me contou já dá pra ver situações.
Minha conversa com ela rodou em torno das minhas relações pessoais, da forma que cresci e presenciei relacionamentos.
- Você falou do seu antigo relacionamento, mas não disse o que sente diante do agora. Você consegue descrever em uma palavra?
Respirei e pensei em algo: Confuso.
- Confusão. Não consigo pensar em nada além disso, porque dentro de mim está uma confusão, sinto que estou em uma batalha interna de não saber me posicionar da maneira certa. – falei e senti minhas lágrimas escorrerem. – Eu me sinto confusa por amar alguém demais, de ainda ter sentimentos pela pessoa que eu não deveria nem ficar pensando, mas não sei reagir...não sei minha posição diante de tudo.
- O amor é muito mais fatal do que pensamos, ele é inerente quanto a própria carência e todos os dias nós temos a ideia que ele sempre vai se renovar. Mas até quando vai ser possível? – ela perguntou e eu fechei meus olhos para tentar amenizar o choro. – Todos nós já desejamos viver um amor, o amor é algo clichê, mas quando ele é verdadeiro ele nunca vai se perder.
A vida te derruba no chão tantas vezes, que ser forte não é uma opção, e sim uma obrigação. Eu preciso sobreviver, não é? As coisas acontecem como devem acontecer e, sendo assim, as nossas escolhas que vai dizer e nos guiar para realmente saber quem somos. Por que é tão complexo fazer apenas uma escolha?
-... nós amamos o que é conveniente, você diz amar ele porque é conveniente. Porque você diz amar ele de uma forma tão complexa se existe outras milhares de pessoas espalhadas que você também amaria se conhecesse de fato? Seu primeiro passo é transformar essa angústia que você diz ser amor, que na verdade são ressentimentos, em aceitação e amor próprio, você deve compreender que ninguém vai fazer por ti aquilo que apenas nós mesmos conseguimos. Essa confusão vai ter um fim e uma nova etapa vai se iniciar, só que você precisa se curar primeiro, no seu interior, entender suas mágoas, e deixar as histórias apenas como lembranças.
Bem vinda de volta a vida! Nova fase. Novas histórias.
- Júlia, você é uma pessoa incrível e digna de amor, não se culpe e se anule por pessoas com má intenções. A forma como respondemos ao mundo diz sobre nós mesmos. Você ser verdadeira é encantador. E você sempre irá atrair pessoas que admiram essa qualidade em você.

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NASCER DO SOL
Fanfiction"Nosso problema sempre foi a intensidade. (...) Eu sei muito bem o caminho que nós dois fizemos, espero que sempre sejamos sinceros e nada enfraqueça nosso elo." 🤍🌙