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JÚLIA.

- Júlia? - ouvi a voz do Lucas e a presença dele logo se instalou ao meu lado. Desliguei a tela e coloquei na minha bolsa, não cheguei a chorar, mas minha vontade é essa, só que me sinto totalmente fraca, vulnerável quando alguém vê esse meu lado sensível.- Tá tudo bem? 

- Ótima. Não é nada. Vamos? - falei e fui sair pra ir pro outro lado do carro, mas ele me prendeu. Não consigo olhar na cara dele sem me sentir uma vagabunda. - Já está no final do dia, Lucas, vamos. Te juro que não é nada.

- Tu acha mermo que eu acredito? Acha que não vi você sair toda debochada, nesse teu jeitinho aí e quando pegou o celular tu mudou inteira? Até querendo chorar você está, mina. 

- Problemas meus, para quê quer saber? Você não vai saber resolver, até porque ele é totalmente meu, né?!

- Aou, abaixa a bola, Júlia, na moral. Me diz o que rolou, você não tá legal, então não finge não.- suspirei. Ele fala como se pudesse me ajudar, me proteger, como meu irmão faz comigo e isso me dá ânsia pelas lembranças de pouco tempo.- Seguinte, vamos entrar no carro, tu bebe essa água aqui e depois tu fala, fechou? Não quero te forçar não, mas cê não tá bem não.

Concordei e peguei a garrafa de água da mão dele, ele me soltou e fui pro banco da frente, abri a porta e sentei nele querendo me afundar. Antes do Lucas entrar ele retirou aquela roupa que ainda estava no corpo dele e guardou em uma bolsa, depois entrou no banco do motorista e arrancou dali pra saída. Durante uns bons minutos ele não falou nada, até que eu decidi falar o que ronda minha mente.

- Você me acha uma vagabunda? -perguntei. 

- Porra, que isso? Do nada, Júlia.

- É sério, Lucas. Eu mal terminei um relacionamento e já estava transando com outro. 

- Não, e isso nem deveria estar em discussão. Tirou isso da onde? Tu é solteira, tá agindo como alguém que é e não reprimindo suas vontades. Isso não é errado e ser vagabunda que nem tu está falando. - respondeu me olhando. - Tá perguntando isso por que? 

- Nada, só pensei. - menti. 

- Desenrola, cara. Foi teu ex malucão? - não respondi, mas ele sacou que sim. - Coé, Júlia, esse cara te traiu estando em um namoro de sei lá quanto tempo, mas pelo jeito de bastante e tu nessa de achar que é vagabunda porque tá aproveitando tua vida de solteira. O que foi que ele disse? 

- Resumindo: todas as flores que já ganhei foi após ele meter galha na minha cabeça, isso provavelmente conta no nosso segundo mês de namoro e ele também disse que nunca foi a intenção, que isso é o instinto de vocês homens...E que ele quer conversar comigo. - desabafei tudo que estava escrito escrito na mensagem e me dando conta de tudo agora. - Porra, ele me deu flores após me trair! Você tem noção disso? 

- Ele é um cuzão do caralho. E você vai conversar com ele? 

- Não sei. Eu ainda tenho alguma coisa por ele, porque eu já o amei muito, então sim... talvez eu converse com ele. Vou decidir isso ainda.

- Só pode ser brincadeira, puta que pariu. - ele falou bem baixinho para eu não escutar, porém escutei e me mantive calada. - Problemão, tu é uma mina foda pra caralho, eu nem te conheço direito, mas nesse tempo vi que tu é alguém que sempre preza pelo melhor, dá seus pulos quando precisa, se esforça pra caralho, único problema é que liga demais para o que as pessoas dizem. Isso te deixa pilhada, igual está agora. Mas tu tem passe livre pra curtir tua vida, do jeito que você entender, só não coloca na cabeça esse bagulho de ser o que é porque tal pessoa disse, se ligou? Tu tem potencial pra caralho. 

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora