46.

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JÚLIA.

Eu estou toda desconcertada aqui e nem é por ele estar sem camisa, tá? Simplesmente pela situação de do nada eu brotar aqui na casa dele depois de responder um story. Isso porque disse também que ficaria o dia todo estudando, contando com a noite.

- É...trouxe um vinho para nós. - falei e entrei, dando dois beijinhos no seu rosto.

- Mais? Tu tinha dito que tava bebendo enquanto estudava. - dei um sorrisinho do tipo: "foda- se, quem liga pra isso?" - Vem pra cá, estou terminando uns bagulhos pra gente.

- Já se mudou? Porque daquela vez que vim ainda estava reformando aqui.

- Já, me mudei essa semana, mas ainda falta algumas coisas pra ficar finalizada cem por cento. - sentei na banqueta que tinha na ilha da cozinha e ele passou pra de dentro, me dando duas taças. - Vou trocar esse vinho por água, porque do jeito que tu tá me olhando.

- Se fecha, borboleta. - revirei os olhos e fui pro mesmo lugar pra ver se ele precisa de ajuda. A casa já tá bem diferente da vez que vim, tinha alguns armários, as coisas da cozinha. Toda mobiliada mesmo. - Seu ego já está me sufocando! E olha que acabei de chegar aqui.

- Meu ego? Ah tá.

- Precisa de ajuda? - perguntei, mas ele negou e apagou o fogo. Não faço a mínima ideia do que ele está aprontando. - O que é isso, hein? Cheiro está até bonzinho.

- Curte risoto de camarão? - ele perguntou e concordei. Era uma das minhas comidas preferidas da vida. - Se não gostasse ia comer do mesmo jeito, problemão.

- Ia me obrigar?  Que falta de cavalheirism... - peguei as taças e o vinho que trouxe, seguindo pra outro lado da casa, a parte externa. A real que aqui não tinha vista feia hora nenhuma, o climinha super gostosinho com o barulho das ondas quebrando.- Esse barulho das ondas é tão bom de ouvir.

Sentei na mesa que tinha e ele colocou o vinho nas nossas taças. Silenciei meu celular e votei a prestar atenção, ele voltou a se sentar na minha frente, bebi meu primeiro gole e respirei fundo.

- Por que me chamou? Achei estranho.

- E eu ia deixar a garota sozinha em casa? Pô, pode não. - ele respondeu me olhando e eu ri baixinho. Muito descarado!

- Ah tá, acha que caio nesse papinho?

A gente começou a conversar e me servi do risoto dele, que estava muito bom, repeti umas duas vezes de tão bom que estava, juro. Nosso vinho acabou e ele foi pegar outro, ele andou na minha direção e eu estendi nossa taça. Enquanto bebíamos nós jogamos muita conversa fora, sem nada, só ouvindo e conversando sobre a vida. Quem diria? Nem parece nós dois.

- Fui pra Alemanha depois de umas coisas que rolou enquanto eu vivia aqui, fiquei lá por alguns anos, mas decidi voltar porque já não me sentia tão bem, minha coroa já tava ficando meio mal e eu aproveitei a oportunidade.

- Você é bem família, né? Do jeito que você fala deles...

- Porra, minha família é minha maior prioridade. - ele respondeu e eu concordei. - Você também parece ser bem apegada na tua.

- Sou. E muito, tá? Quando eu era mais nova eu tinha na cabeça que não ia ficar aqui no Rio, porque nunca fui muito apegada a bens materiais, só que de pensar que eu teria que deixar eles aqui, viver em um país novo me desesperou, porque sempre fui a princesinha da família. Então pensa só, mesmo eles me apoiando pra viver meu sonho eu não consegui, porque sempre tive eles muito presente.

- Isso não é ruim não, pô. - concordei.

- Uma coisa que reparei foi que, mesmo você morando esse tempo longe, não perdeu o sotaque, porque normalmente isso acontece.

- Não perdi porque eu vivia com muita gente brasileira lá, mas teve algumas alterações, não é igual antes, que chegava a ser carregado.

- Eu gosto quando você fala arrastado, sei lá, é gostosinho. - falei olhando pra sua boca e vi ele dar um sorrisonho de canto. - Principalmente quando me chama de puta na cama.

Desviei o olhar depois de falar essa frase, esse vinho já está me deixando fogosa, e ele me olhando assim não tá me ajudando.

- Vamos jogar sinuca? - levantei e ele negou. - Vamos sim, vai ser bom te ver perder.

- Você só quer isso por que ficou com vergonha do que acabou de falar. - respondeu bebendo o vinho e eu engoli em seco. - Mas tudo bem, eu também gosto do jeito que você reage quando te chamo de minha puta. 

Peguei minha taça e fui pra mesa de sinuca, onde ele me seguiu. Peguei um taco e estendi pra ele, pegando um outro para mim. Coloquei minha taça sob o balcão que tem e me virei pra ele. 

- Acha que consegue ganhar de mim, lindo...? - provoquei.

- Posso te garantir que eu não vou perder hoje. - respondeu. - E com uma condição: a cada nova jogada perdida você tira uma peça de roupa.

- Isso vale pra você? - deu de ombros. - Óbvio que vai valer!

- Júlia, eu já estou em desvantagem por estar com menos peças, mas te garanto que perder eu não vou.

Ignorei ele e montei o triângulo com as bolas de bilhar para iniciar a partida. Eu estava meia calorenta, por mais que o vento fresco batesse na minha pele. Fizemos o jogo para dar início e ele ganhou de mim, se posicionou e bateu a bilhar branca, espalhando todas as outras e já encaçapando uma bola ímpar.

Posicionei e dei minha primeira tacada, mas não consegui encaçapar nenhuma, ouvi ele dar uma risada e eu só dei o dedo, tirei minhas sandálias e ele veio pro meu lado. Bebi mais um gole do vinho e prendi meu cabelo em um coque bagunçado enquanto ele estudava a tacada que daria em seguida. Conseguiu mais uma. Dei a volta na mesa e fiz minha jogada, conseguindo matar duas bolas. Olhei pra ele mostrando um sorrisinho debochado e ele assoprou a fumaça do cigarro que acabou de acender. 

Nossa jogada continuou e ele perdeu a primeira, também retirando o chinelo que estava. Me coloquei na sua frente e, antes de fazer minha tacada, senti ele passar a barba dele nas minhas costas nuas, já que meu vestido é todo aberto na parte de trás. Coloquei pouca força, mas não consegui matar nenhuma.

Olhei pra ele por trás e dei um sorriso, desfazendo o nó que segurava o vestido no meu corpo. Ele caiu sobre meus pés e eu me abaixei pra pegar e coloquei na cadeira de sol que estava ao meu lado.

- Sua vez, Lucas. Ou vai ficar babando no meu corpo? - deu uma tragada no baseado dele e soltou toda a fumaça na minha cara. - Gostou da minha peça? - cheguei bem pertinho da boca dele e falei contra ela. Ele colocou a mão na minha cintura e veio me dar um beijo, mas eu virei e ele encostou na minha bochecha. - A sinuca.

- Foda- se a sinuca, Júlia. - ele apertou a sua mão que ainda está na minha cintura e eu suspirei. Retirei ela e dei a volta na mesa. - Vai desviar mais uma vez? Achei que você era braba, pô.

Ignorei e ele deu mais um jogada, dessa vez errando e retirando o short molinho que ele estava vestido. Ficando agora só com uma cueca preta.

- Tem certeza que sou eu mesmo que estou perdendo? Em uma tacada você pode perder tudo. - falei.

- Em uma tacada eu posso te foder aqui mesmo.

Porra.

Perdi minha jogada e retirei meu sutiã, sentindo o olhar dele na minha pele. Não estou com vergonha, mas sinto um receio de ficar pelada na frente dele só por um jogo besta. Nota mental: nunca mais beber vinho.

Ele jogou novamente e não perdeu, deixando apenas duas bolas para serem encaçapadas. Inclinei na mesa para fazer minha jogada e ele soltou uma respiração que consegui ouvir daqui. Quando mirei na bola de bilhar para fazer o jogo virar para mim, senti um tapa estalado na minha bunda. Tensionando todo meu corpo.

- Você está muito tensa para gozar, linda. - usou mesma palavra que utilizo para me referir a ele em certas situações, só que dessa vez ela está muito mais carregada de deboche. - Relaxa. Hum?

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora