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JÚLIA.

- Viram o Lucas? - perguntei pro meu irmão e pro Thiago que estão na área externa.

- Ele passou aqui tem pouco tempo, parecia estressado. - o ex namorado da minha melhor amiga me responde e eu agradeço.

Talvez eu tenha tido uma atitude precipitada, agido por impulso. Talvez não, eu realmente tive uma atitude impulsiva. Meu pai me alertou durante nossas conversa, expliquei ponto a ponto para ele e agora eu só preciso achar o Lucas e resolver o que fiz.

Peguei o caminho que leva para a praia e encontro ele parado em frente ao mar, olhando para o horizonte. Tenho receio de chegar perto, então fico esperando, ele por fim saí de onde estava e se senta na areia fofa e fria. Caminho até ele e respiro fundo, pedindo apenas uma conversa calma e que entenda o meu lado.

- Podemos conversar? - pergunto e ele não me responde. - Lucas, é sério isso? Realmente vai me negar voz?

- Júlia, na moral, não estou te negando voz. Tu não quer conversar? Estou ouvindo. - fala, arrogância está de volta.

Touché.

- Voltou a ser o Lucas de semanas atrás? - resmungo. - Você é complicado.

- Eu sou complicado? - solta uma risada sarcástica. Ele me olha e eu sinto um aperto no meu coração. - Não, Júlia, eu não sou complicado. Talvez você devesse rever o que é complicado.

- Tá, já entendi! - falo rápido. Solto a respiração presa e volto  falar: – Eu exergo que tive uma reação impulsiva, desnecessária, extrapolei. É isso que quer ouvir?

- Júlia, eu não quero ver você assim por obrigação. Eu não preciso ouvir o que você tem a me dizer, falando por obrigação depois de ver que sua atitude foi infantil. Sem maturidade.

-Eu não estou falando isso porque minha consciência está pesada! - exclamo, firme. - Eu estou vindo me retratar porque gosto de você! Eu estou fazendo tudo isso porque o meu coração pede, sabendo da minha razão e emoção, vir admitir minha atitude é a única coisa que está ao meu alcance.

- E você sempre vai ser assim? Dar uma de maluca e surtar sem saber o contexto?

- Sabe o que é falar que vai conversar com alguém e minutos depois a pessoa que você confiou abre a boca e conta tudo? Sem a sua versão, podendo ou não colocar mentiras no meio. - confirma com a cabeça. - Eu te falei que eu iria falar com o meu pai, aí eu acordo, desço as escadas e ouço falando que está comigo. Quer que eu pense o que? A única coisa que vem à mente é você ter falado de uma coisa nossa sem a minha presença. Me envolvendo em algo que eu deveria estar presente por ser filha dele e ponto principal.

- E aí tu vai ficar batendo na tecla dizendo e se colocado como centro e que se foda toda a situação por trás?

- Quê? Óbvio que não! Não vê que estou aqui porque reconheci minha atitude que não condiz com nada?

- Problemão, você já me falou que tua atitude foi impulsiva, mas em todo momento até agora você está se colocando como centro e ignorando o que precisa. Você entendeu que eu falei apenas porque seu pai já desconfiava, para não dizer que já sabia.

- Entendi, Lucas. - respiro fundo, buscando ar pro meu pulmão que aprece arder. - Entendi que você respondeu da forma que precisava, meu pai não disse com palavras exatas o que vocês conversaram, mas eu entendi que foi para saber o que somos. Se é uma certeza, dúvida, se vale a pena fazer esforço por nós.

Ele fica em silêncio e eu acompanho. Não há mais nada para ser dito, agora aqui somos que nem dois desconhecidos. Quero me aproximar dele, mas tenho receio diante de toda essa situação que causei.

- Talvez seja complicado mantermos algo, nossa diferença de idade é grande. O que pra você pode ser imaturo, para mim é algo que pode ter sido certo.

- A idade pode ser um fato, mas isso não impede de amadurecer juntos. - responde. Encosto meus dedos na tatuagem que ele tem no braço e fico contornando os traços. - É complicado, você é complicada, mas eu não quero que isso impeça, porque tem como contornar. Só que se sempre agir assim, isso vai se tornar um empecilho.

- Empecilho esse que vai nos afastar até afetar diretamente nós dois.

- Exatamente, e porra, não tem quem deseja isso.

- Deve- se ter uma sintonia perfeita.

CAIO.

- Você vai me prometer que vai cuidar da Luísa, Caio. - Thiago fala. Ele me chamou para bater um lero antes de partir de volta pro Rio. - Ela é uma garota muito incrível pra ser destruída.

- Thiago, eu te prometo isso! - afirmo. - Sei que pode estar sendo uma situação desagradável dos dois lados, quanto pra mim quanto pra você. Mas eu não quero isso, sei que é difícil pra você, principalmente por ouvir do cara que roubou ela de tu, mas eu vou fazer ela feliz. E eu quero te agradecer, de verdade mesmo, por ter cuidado dela.

- Minha obrigação, cara.

- Pô, desculpa se vou ser intrometido demais, mas por que você aceitou tão tranquilo?

- Ia adiantar o que eu lutar? Eu entendi que Luísa te ama, que realmente o amor da vida dela é tu. Ela pode ser o da minha vida, mas não sou o da dela, e tá tranquilo. - responde. Esse cara é foda. - Tem aquele papo lá de amar é deixar ir e caralhos a mais, então simplesmente aceitar que por mais que você queira e ame a pessoa, não tem como prender a gente. Então o que resta é ficar feliz e torcer pro bem dela, que ela seja feliz com o que escolheu.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora