85.

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JÚLIA.

Acordo no meio da noite com uma vontade absurda de vomitar, com meu corpo todo pesado. Corro direto pro meu banheiro e libero todo o líquido que estava no meu corpo, incontáveis vezes. Levanto a cabeça pra cima tentando respirar o ar fresco e não o cheiro do vômito, minha cabeça parece rodar e meu estômago se revirar em milhares, me fazendo vomitar novamente.

Eu nunca mais vou beber tanto.

Uma mão prende meu cabelo e eu continuo com a cara na privada, liberando mais uma vez aquele líquido do meu organismo. Quando consigo uma pausa, levanto e dou descarga, indo para a pia lavar minha boca. Lucas me acompanha, sem falar nada, sua cara está toda amassada. Ele sai do banheiro enquanto escovo os dentes e logo volta com uma garrafa de água e um comprimido.

- Não, eu não quero isso. Já melhorei.

- Problemão, bebe rápido. Tu vomitou pra caralho todo aquele álcool junto da água, precisa se hidratar ao menos.

Ele fala como se fosse meu pai e eu tivesse cinco anos de idade. Será que ele nunca vai tirar essa coisa de sempre estar no controle? Porque ao mesmo tempo que isso pode se bom demais, em certos momentos, lógico, é péssimo em outros.

- Se eu não beber tu vai fazer o que? - pergunto. Paro de frente a ele e fico olhando. Muito lindo, como pode?! - De verdade, eu tô bem.

- Então bebe a água e esse remédio pra você não sentir nada quando acordar denovo.

Reviro meus olhos e pego o comprimido de sua mão. Não vai adiantar nadinha eu lutar contra, conheço esse ser aqui. Bebo e devolvo a garrafa d'água pra ele, porém ele nega com a cabeça e me faz um sinal para que eu beba novamente. Bufo e dou mais alguns goles da água gelada.

- Porra, você é chato pra caralho!

- Bebe e fica falando palavrão. Pode isso, gostosa? - deitamos na cama novamente e eu retiro a coberta por estar e sentindo calorenta e suada. - Dorme agora.

- Não. - respondo e fico em uma posição nem deitada e nem sentada, mas totalmente confortável. - Quero conversar e ver o sol nascer.

- Então procura alguém pra fazer isso.

- Quero fazer contigo. - dou uma olhada pro seu rosto e ele bufa, jogando o travesseiro no seu rosto. - Vamos, preto. Olha só: vamos virar a cama pra janela que tem, que dá vista pro mar e conversar.

Sugiro e ouço o resmungo dele. Falo um sim e ele resmunga um não. Tiro o travesseiro de seu rosto e sento em cima dele.

- Sim.

- Não.

- Sim, Lucas.

- Não, Júlia. - deito e começo a fazer carinho no seu cabelo. - Você não vai conseguir por causa de um cafuné. Tu nem gosta de grude.

Reviro os olhos e grudo mais nele. Vou conseguir sim.

- Poxa, é só ver o sol nascer e ter uma conversa. - falo baixinho e dou um beijo no seu nariz. - Vai me negar mesmo? E quem falou que não gosto de grude? Tá mentindo, sabia?

Eu odeio grude com todas as minhas forças! Mas eu vou conseguir o que quero.

- Luísa. Ela não vai mentir sobre a melhor amiga. - responde. Luísa boca de sacola. - Desgruda, vamos dormir na suavidade máxima, preta.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora