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JÚLIA.

- Deixa quieto, amor. Deita agora e tenta descansar...

- Preto, só quero terminar de arrumar as coisinhas da Isis. - respondo, guardando os body que foram dobrados por mim, pelo Lucas e pela minha sogrinha (ela ainda teve todo o trabalho de lavar e passar as roupinhas). - Vai que ela resolve nascer do nada e as coisinhas dela não estão prontas? Deus me livre!

- A nossa princesa não vai nascer antes do tempo, Júlia.

- Você é ela por acaso, Lucas? Sabe das vontades dela? É você que está sentindo as contrações? É você que...

- Jaé, não está mais aqui quem falou. - levanta a mão em forma de rendição. - Mas vamos fazer o seguinte então: tu deita lá no quarto, descansa, ainda ganha uma massagem e eu fico aqui arrumando depois.

- Nossa, é um maridão mesmo.

- Se tiver ironizando, problemão...

- O que? Vai fazer alguma coisa? - pergunto, me levantando e indo de encontro a ele. - Bem que podia mesmo, sabe...?

- Hmm, tentação. Mas não vai tá rolando, infelizmente. Porque a minha vontade tu sabe bem qual é.

- E por que não faz, hein?

- Tu não quer relembrar ontem que fomos tentar e cê começou a chorar com dor, né?

- Ave Maria, Lucas! Tu cortou o clima legal. - bufo, saindo de perto dele.

Ontem fomos tentar dar uma namorada e simplesmente no meio do nosso beijo eu comecei a sentir uma contração absurda. Não tinha condições para a dor fortíssima que estava sentindo, aí juntou a preocupação do Lucas, o meu corpo se arrepiando pelas fortes cólicas, não tinha mais condição de continuar.

- Ué, preocupado com meus amores...

- Blá-blá-blá... - coloco a última peça na gaveta, ainda ficando calças, laços e sandálias para serem colocadas no armário. - Então eu vou deitar, você vai fazer a massagem que me prometeu e logo em seguida guardar tudo isso que resta.

- Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Vou andando para o nosso quarto, realmente cansada, sentido dores nas costas, meus pés inchados, tudo que uma gravidez proporciona nos últimos meses.

- Se você continuar nessa palhaçada de toda vez que eu andar querer rir, nós vamos ter um problema.

- Coé, engraçadão te ver andando mancando de um lado para o outro.

Deito na cama e coloco a continuação da série que estamos assistindo. Minha maior vontade agora é deitar de bruços, mas a barriga simplesmente impede. Eu quando deito de barriga para cima, em questão de segundos, eu começo a sentir falta de ar, é uma fadiga maluca.

Lucas se senta ao meu lado após deixar o quarto quase que totalmente escuro. Tento ficar de lado para suas mãos virem para a minha lombar, região que mais sinto. Esse é um dos nossos momentos que se tornou rotina nessas últimas semanas: pós banho nós dois aqui, ele faz a massagem, depois passa tempos conversando com nossa pequena, depois a gente faz planos e planos para o futuro que nos espera.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora