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pés no chão - Delacruz.

JÚLIA.

Meus olhos estão marejados olhando esse papel. Eu não sei descrever esse sentimento que estou sentindo em meu coração, mas é uma coisa tão boa, porém tão indecifrável.

Olho pra cima e adentro a loja de bebê para comprar as primeiras coisinhas pra esse bebê que já sei o que é, e que em breve Lucas também saberá.

Eu não sei muito bem o que comprar, então eu vou a procura de itens que dê para ser identificado se é menina ou menino. Pego o primeiro item, imaginando que assim que nascer estará usando isso. Depois, saio a procura de um sapato, porém branco, acho um de lã, muito pequeno e delicado. Minha barriga revira e eu não sei que ansiadedade é essa de chegar na casa do Lucas e esperar ele pra contar, mas eu estou contando até os segundos para isso.

- Oi, precisa de ajuda? - uma vendedora pergunta. - É para você?

- Oi, sim. - concordo. Olhando as várias peças de roupas que tem aqui. - Eu queria uma nesse estilo, você teria?

Mostro uma foto no meu celular de um body com uma frase clichê escrita. Ela analisa e depois concorda, puxando de um cabide e me entregando, no qual passo a mão no que está escrito. Agradeço e continuo a olhar algumas roupinhas, parando em uma tão pequena e perfeita.

- Hm, você também pode me dar aquela ali? - aponto. Ela me entrega e eu fico apaixonada nos detalhes, conseguindo visualizar perfeitamente esse bebê vestido e o Lucas segurando em seu colo, babando por completo. - Eu vou levar só isso...

Ela passa todos os itens que escolhi e eu saio de lá, já indo para uma outra loja comprar uma caixa branca e grande para colocar todos os itens que escolhi pra fazer essa surpresa pra ele. Eu decidi fazer isso por ele estar super empenhado nesse papel de pai, tenho a plena convicção que o Lucas será o melhor pai que esse neném poderá ter, que não vai faltar nada na vida dele, muito menos amor.

Passo em casa bem rápido pra poder tomar um banho e escrever uma carta pra colocar junto do que tem ali. Eu estou sozinha aqui no meu quarto, sem roupa, em frente ao espelho, olhando pra minha barriga, vendo que o formato oval ainda vai crescer muito e, agora, eu não me sinto afetada fisicamente, muito pelo contrário, eu consigo achar a coisa mais linda esse pequeno montinho na minha barriga.

Eu não consigo tocar, conversar, nada do tipo, porém me ver no reflexo do espelho desse jeito me deixa emotiva. Saber que esse medo está indo embora aos poucos, me encorajando a encarar todas essas drásticas mudanças. Tudo.

Visto um vestido branco justo, onde minha pequena barriga fica bem evidente e saio a caminho da casa dele. Pego a caixa que organizei e vou indo em direção ao elevador pra esperar no apartamento do Lucas, que em breve sairá do trabalho e aparecerá por aqui.

Eu estou até que feliz em saber que estamos nos dando bem mesmo que não estejamos juntos. Acreditei que nossa relação seria péssima pela forma que reagi com a descoberta, com a forma que lidei com tudo, mas acredito que estamos sendo maduros o suficiente pra lidar com o que restou de nós. Não seria nada bom passar por isso com uma relação horrível sabendo que sempre nos respeitamos, além de tudo, nos amamos. Então nada melhor que só deixar assim, do jeito que está. Sem machucar o que foi construído enquanto casal.

- Precisa de ajuda com a caixa? - aquele mesmo homem de dias atrás pergunta. Sempre que estou no elevador por uma coincidência ele também está.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora