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LUÍSA.

um dia antes...

- A última vez que eu vim pra Petrópolis meu pai ainda estava vivo. -  falo pro Caio. Garoto me chamou de supetão, e eu aceitei. - Eu gosto daqui, das lembranças.

- Quais lembranças que você mais gosta?

- Eu gosto da vez que veio eu, meu pai e minha mãe, foi uma das últimas vezes que estivemos nós três aqui. Foi o dia perfeito, aquele dia que parece de filme; a família feliz e sem defeitos. Declarações de amor, gestos de carinho.  - respondo, lembrando. - Também tem a vez que nós dois fugimos dos seus pais para ficarmos juntos.

- E depois você surtou querendo voltar pro hotel.

- Você tem noção que nós fugimos? Quando a Júlia ligou perguntando de nós bateu desespero.

- Mas coé, foi bom pra caralho.

- Ah, muito bom, mesmo! - dou um sorriso. - Não conseguia olhar pra tia porque sentia que ela sabia que a gente tava trocando beijos as escondida.

- Só beijos? - pergunta. - Amor, tu era a pessoa que mais tinha cara de safada, ficava escrito na tua testa o que fazíamos.

- Caladinho pra não estragar o clima.

A mão dele entrelaça a minha e nós começamos a andar pela trilha que tem no hotel, que dá para os chalés. Lar. É assim que me sinto quando estamos juntos, confortável. De saber que ele é o meu lar.

- Agora você vai colocar essa máscara e só vai tirar quando chegarmos no nosso destino final. - ele fala e estende. Nego com a cabeça. - Vai por sim, loira. Caso contrário fica sem.

- Tá aprontando o que? - pergunto e ele não responde. Vem por trás e coloca ela no meu rosto, dando um nó por trás e perguntando se estou enxergando. - Não, mas aí de você se for palhaçada com minha cara.

- Confia em mim, amor. - me dá um beijo no topo da cabeça e pega na minha mão novamente, me guiando. - Cuidado, aqui tem um degrau.

Faço o ato de subir o degrau e piso no chão de novo, mas o idiota do meu lado começa a rir.

- Cê é um desgraçado! Fica frescando com a cara dos outros. - faço que vou tirar a máscara e ele logo põe a mão. - Certeza que vai ser bobeira.

- Agora é sério, tem um degrau aqui. - ele pega minha mão e me ajuda. Andamos mais um pouquinho e depois paramos. - Seguinte, não tira a máscara agora.

- Você quer me matar? Nunca vi tanta tortura com uma pessoa curiosa.

- Amor, não estraga não. Finge que você é fofinha e romântica. 

- Caio, eu tô falando sério. - contesto. Ele pega minhas duas mãos e me vira para algum lugar. - Posso tirar?

- Já, já. - ele responde. - Primeiro eu vou dizer algumas palavras e depois eu deixo você ver.

Respiro fundo, começando a sentir meu coração bater descompensado. Sei que ele está de frente para mim e nervoso também.

- Você sabe que sempre fomos mais que amigos, que sempre rolou um sentimento entre a gente. - ele fala e eu começo a raciocinar o que está rolando. - Tivemos nossa fase, mas  por acontecimentos que prefiro não citar deu no que deu. Vivenciei o que tanto falam: só da valor quando perde. Te vi com outros e milhares de vezes passou na mente que era para sermos nós.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora