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LUCAS.

Aproveitei o embalo da gente sair pra tomar um café antes de piar pra Saquarema e fui logo pra casa dos meus pais, minha mãe já tinha mandado o papo ontem falando que era pra eu passar aqui antes de ir pra região dos lagos. E quem sou eu pra desobedecer essa mulher? Papo reto, capaz dela esculachar até a morte, pô.

- Entra, problemão. Pra quê tá com vergonha? - falo pra ela. Garota tá retraída pra caralho, nem parece que é miss simpatia que com Deus e todo mundo. - Tu já é amigona dela parece, tem nem porque tá assim.

- Aí, Lucas, me deixa mais nervosa não. - resmunga entre dentes e eu solto uma risada. - Cê vai rir na cara de outra, tá? Dou meia volta e pego um uber.

Pego na mão dela e abro o portão. Sinto seus dedos apertarem os meus, as mãos suadas, maior parada que nem eu tô entendendo.

- Relaxa, preta. Só um café, igual daquela vez, pô.

- Só um café igual daquela vez... Eu estava fugindo e encontrei ela parada, ela me esculachou junto de você e depois ficou de amores. - ela relembra e eu volto a segurar a risada. - Parece que sabe o fundo da minha alma impura tudo que faço e quando solta aquele sorriso simpático dela eu me sinto péssima.

- Coé, mas ela sabe. Dona Marisa conhece o filho que tem.

Ela revirou os olhos e fui guiando ela pela casa dos meus pais. Tinha avisado que ia vim aqui com ela, então a mesa tá lotada de coisas, com todas aquelas coisas de pratos, talher, xícaras. Maior cena.

- Quando falo que vou vim não tem nada disso, né? - falo alto com meus pais e minha mãe que está de costa pra mim fazendo alguma coisa no fogão leva um susto. - Assusta não, coroa. Tô falando contigo mermo.

- Olha, não me faça te enviar para aquele lugar essas horas não. - tirou o pano de prato dos ombros e colocou na bancada vindo na nossa direção. - Tenho visita, da minha norinha inclusive, tem que ser bem recebida.

- Ôh, mãe...

- Tô mentindo? Ah, tá. - dei um beijo na testa dela e soltei a mão da Júlia pra ir falar com meu pai que terminou de colocar a cesta de pão na mesa. - Oi, querida! Seja bem-vinda no nosso lar.

- Ah, que isso! Muito obrigada pelo convite. - ela respomde e eu viro vendo as duas darem um abraço e já começando a conversar. - Tudo bem, senhor Augusto?

Eles se cumprimentam lá e depois oferece ajuda pra minha mãe, mas ela nega e já coloca o ovo mexido num refratário e senta do lado do meu pai. Coloco a mão na perna da Júlia e faço um carinho ali pra ela relaxar, seu jeito receoso fesde que avisei que passaríamos aqui.

- A gente já conversou sobre tantas coisas, mas nunca sobre você, Júlia. - minha mãe diz.

- Ah...bom, eu tenho vinte e dois anos, curso publicidade e propaganda, trabalho em sociedade junto do Felipe, que provavelmente vocês conhecem, e acho que é isso.

Ela responde dando um sorriso e eu bebo meu café só ouvindo. Meus pais tão prestando atenção nela, fazendo perguntas e ela responde na maior tranquilidade, me dando um olhar sereno quando eu tiro minha mão da sua perna.

- Sua família é daqui?

- Sim, inclusive meu pai é chefe do Lucas. - ela solta e minha me olha dando uma encarada, mas dou de ombro. - Mas nós nos conhecemos de outra forma, meu pai ser chefe dele é só um detalhe.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora