JÚLIA.
Peguei minha taça de vinho e levei até a boca, dando um gole e colocando minha perna sobre a dele. Nosso sushi já tinha chego e estamos comendo conforme conversamos. Nesse meio tempo, após voltarmos de Saquarema, nos tornamos duas pessoas amigáveis, o que chega a ser estranho. Em que mundo eu pensei que às oito da noite eu estaria na casa dele conversando coisas da vida? Nunca.
Eu não suportava ele até dias atrás.
O vento que bate aqui na área externa é bom junto do clima que está. Mesmo com minha mente cheia, eu estou gostando de tê-lo como companhia, porque estou me sentindo confortável, tranquila com ele me ouvindo falar sobre tantas coisas.
- Eu não tenho vontade alguma de casar, ser mãe, essas coisas que normalmente todas as garotas possuem. - ele prestou atenção no que falo e vi seu olhar me analisar por inteira, como se perguntasse o porquê disso. - Não sei, é até estranho, ainda mais quando eu entro em relacionamento facilmente, tanto é que já namorei três vezes.
- Tu tem cara que vai casar sim. Daquelas coisas cheia de coiseiras, aqueles vestidos cheios de brilho. - peguei uma peça de sushi e levei até minha boca. - Talvez você só não tenha conhecido alguém para que sinta isso.
- Talvez. - respondi. - Aquele dia você falou que já foi noivo e agora eu olho pra você e não consigo enxergar isso.
- As coisas mudam, problemão. Papo é que hoje não me vejo casando igual anos atrás, porque eu sei o que acontece no final.
- E o que acontece?
- Nada. Porque amor recíproco não existe, alguém sempre vai amar mais, ingratidão vai rolar solta, e no final você vai se magoar com essa ilusão. Amar é uma piada.
- Por que você diz isso? Talvez você também não tenha conhecido o amor que tanto dizem por aí. - falei e vejo ele beber o vinho num só gole. - Não sei o que aconteceu, não sei se você quer falar sobre, mas suas mágoas não pode ir além do que o amar pode causar.
- Júlia, você ainda é nova pra caralho pra entender o que é amor. Eu já fui noivo, já tenho quase trinta pô, já vivi e sei do que estou falando.
- Então porque você não dá chance para um novo amor para mudar esse pensamento? - perguntei querendo saber mais sobre ele. - Quem sabe você não constrói uma família de verdade...
- Você acha que alguém quer uma pessoa que já ficou fodida psicologicamente? Não seja boba, Júlia. Quem tem experiência, tem decepção.
Quem tem experiência, tem decepção.
Ele falou com tanto ódio que cheguei a me estremecer. Mas eu seria a boba que me entregaria para receber esse sentimento dele, ter um deslumbre mínimo, porque eu sei que ele tem muito para oferecer. Sei que ele só tem essa pose de fodão pelo que pôde ter sofrido e se fechou para esse sentimento. Eu só sei.
Mas eu e ele não somos nada para pensar isso. E eu nem tenho condições de entrar em um novo relacionamento. Em um novo amor.
- Você tem que parar de colocar essa pose a frente, você não é um fodido, eu sinto isso, por mais que mal te conheça. - falei e senti ele massagear meu pé. Já terminamos de comer e agora só existe o vinho, a conversa e lua entre nós dois, e de fundo o barulho das ondas do mar. - Larga essa fachada de lado, Lucas.
- Melhor ficar caladinha, problemão, rum. - respondeu e nesse pouco segundo já acendeu um cigarro. - Você ainda vai entender o que estou falando.
- Aquele dia eu te vi chorar, você ficou triste, feliz, sei lá...? - ele me olhou me perguntando do que estava falando. - Sobre a possível gravidez.
- Tá ficando bêbada, já? - debochou e eu olhei pra ele semicerrado. - Não chorei não, pô.
- Para de ser assim, Lucas. Eu te falei várias coisas da minha vida, te ajudei nessa situação, coisa que nem era minha obrigação, vi o seu estado e sei do que estou falando. Então para de pose, estamos construindo uma amizade.
- Só me lembrei de uma coisa. - a mão dele parou de fazer a massagem e eu ajeitei minha postura na cadeira. - Eu já tive um filho. Ou era pra eu ter.
Juro, eu não estava esperando por essa. Coisa que de eu quase me engasgar, mas só respirei fundo.
- Entendi. - não sabia real o que falar. - E por isso que você se tornou viciado em cigarro? Já te vi fumar vários.
- Pô, fala pra caralho tu. - respondeu e eu dei um risinho. Vai ter que aguentar lindo, ninguém mandou me tirar de casa. - Mas foi. Quer falar sobre o que mais?
- Acho que já deu, né? - ele concordou e eu levantei. - Me desculpa por ter debochado falando sobre esse negócio de filho, não sabia, e isso é algo sério.
- Caô nenhum, quase ninguém sabe.
- Hm, e você pensa em se tornar pai ainda? - perguntei.
- Não é minha prioridade não, talvez mais na frente, só que filho é uma parada que sempre quis.
- A mãe dos seus filhos vai ter sorte então, porque você tem cara de que vai ser um paizão.
- Assunto para outra hora. - me puxou pro se colo, mas o meu celular começou a tocar e eu vi ser o Felipe. - Empata foda do caralho.
- Eu tenho que terminar umas coisas do trabalho, você que me puxou para cá.
- Não atende ele não, vamo foder gostosinho.
- Ele é teu amigo, tá? - ele ignorou e passou a barba pelo meu pescoço. - É sério, eu preciso atender, ficamos de resolver uma coisinha.
- Manda ele pra casa do caralho, parceira. Fica atrapalhando a foda dos outros.
Atendi e já fui pra sala onde deixei o computador para pegar e começar a alterar o que precisava, pra enviar novamente pro Felps. Desliguei e comecei a manusear todo o projeto para ver o que conseguia alterar para não ter que mexer em outras áreas.
Ele trouxe o vinho para a mesa da sala de jantar e sentou do meu lado como quem não queria nada, fingindo prestar atenção no que estou fazendo, palpitando vez ou outra.
- Você que faz esses projetos?
- Alguns, mas esse aqui eu só fiz o rascunho e uma amiga deixou ele assim. - respondi. - Calma que teu negócio é construir casa, prédio, ponte.
- Ih, tá abusada tu.
Ele continuou falando horrores e eu até estranhei, porque pra esse macho falar é uma luta, porque só sabe resmungar, ficar de debochezinho com aquelas poucas palavras dele.
A mão dele desceu para a minha perna e passou as pontas dos dedos na minha pele nua e eu senti um formigamento na parte baixa do meu ventre. A mão dele subiu pra parte inferior e pousou ali, dando um aperto.
Pelo extinto eu abri a perna dando mais espaço para ele fazer o que quiser, a roupa que eu estava era bem leve, um macaquinho soltinho, então ele nem precisou de muito para conseguir invadir o espaço.
A mão dele alisou por cima da calcinha algumas vezes, até ele levar pra parte mais baixa e coloca- lá de lado, já entrando em contato direto com minha pele melada. Olhei pra ele e ele fingia que nada rolava, tanto é que ainda presta atenção no que estou fazendo e ao mesmo tempo me dedando.
- Você precisa relaxar e eu posso fazer isso por você.
VOCÊ ESTÁ LENDO
NASCER DO SOL
Fanfiction"Nosso problema sempre foi a intensidade. (...) Eu sei muito bem o caminho que nós dois fizemos, espero que sempre sejamos sinceros e nada enfraqueça nosso elo." 🤍🌙