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LUÍSA.

Meu coração tá batendo tão forte no peito que deve ser capaz do Thiago estar ouvindo. Meu corpo tá todo gelado, tenso ao extremo, eu vim já com um sentimento não muito bom, desde que acordei, mas depois que liguei perguntando se estava livre para podermos conversar parece ter piorado.

Ontem ele não disse nada, não me respondeu, apenas falou que a mãe dele estava bem e que eu não precisava ir até lá. E isso me machucou.

- O que quer conversar, meu amor? - pergunta.

- Eu quero te falar uma coisa. Eu não sei nem por onde começar, mas eu não posso guardar isso pra mim. Afinal, é totalmente errado da minha parte eu ter pensado nisso, e esconder não vai ser uma solução. Eu não queria estar fazendo isso, mas se eu não fizer agora eu não vou ter coragem! - digo. - Você não merece nada disso.

- O que é? Você quer terminar comigo? - pergunta nervoso. Ele me olha e eu sento no sofá. - É isso, não é?


- Porra, eu não queria, mas eu não vou te prender num relacionamento que não vou te fazer feliz. Você merece alguém que realmente vai se entregar inteira pra você, não uma garota que fica confusa com sentimentos passados, que vai te machucar se mantiver um namoro.

Meu coração que já tava acelerado parece ter aumentado mais e todo meu corpo fica pesado, meus olhos se enchem de água e vejo pela visão embaçada ele se abaixar na minha frente. Não, Thiago, por favor, se afaste. Eu não quero tornar essa decisão mais complicada.

Decidir terminar já foi um sufoco, mas eu não quero magoar mais seu coração. Essa decisão é a mais certa quando eu não sei o que quero. E que nem muitos falam; Pessoas confusas perdem pessoas incríveis. E eu não quero ter que lidar com mais essa mágoa que posso causar nele se eu continuar. Eu prefiro perdê-lo.

- Você tá falando sério, loirinha? - seu tom de voz de não estar certo do que está ouvindo dói no fundo da minha alma. - Diz que é brincadeira, cara. Tu decide isso de uma hora pra outra?

- Eu juro que não queria estar vivendo isso agora, que o que eu quase fiz fosse só um sonho, mas eu sei que não foi! E entre te deixar na minha vida não podendo retribuir na mesma intensidade que você não vai ser legal. - começo a chorar. Ele se levanta e senta do meu lado e me dá um abraço. É disso que eu tô falando, mesmo eu merecendo desprezo ele me acolhe, sendo que nem sabe ainda o que vou falar. Ele é demais pra mim. E merece alguém que vai fazer o mesmo por ele, e não vai ser eu que vou conseguir. - Thiago, por favor, vai ser melhor você se afastar de mim agora, eu não sou a pessoa que você merece.

- Calma, vamos conversar. Quero entender você e o porquê você quer isso.

- No dia que você teve que sair por causa da sua mãe e acabou pedindo pro Caio me levar nós dois tivemos uma conversa no carro, e essa conversa mexeu muito com nós dois, principalmente comigo. Acabou que quase... é... quase nós beijamos. - falo. Mesmo depois de ouvir isso ele segue fazendo um carinho em mim, para que eu me acalme, e está conseguindo. - Juro pra você que não nos beijamos, mas por um segundo eu quis, no momento de fraqueza, mas não é isso que você merece, porque ali eu voltei a duvidar dos meus sentimentos. Cê merece alguém melhor.

- Porra, tá doendo pra caralho ouvir isso. - ele fala magoado. - Mas eu sabia disso, eu sempe soube que você ainda gostava dele, eu via como vocês se olhavam.

- Eu não sabia que ainda tinha sentimentos por ele, pensei que tudo tivesse enterrado...- soluço. O toque dele vai se desfazendo. - E por que você ainda continuou comigo?

- Lu, eu também não sei. De verdade, eu não sei. Mas eu vi que precisava disso para você se tocar que eu não vou ser o cara da sua vida, que vai te fazer feliz, porque quem você realmente ama vai te fazer a garota mais feliz.

- Como você sabe disso e tem tanta certeza?

- Eu via o jeito que ele te olhava, loirinha. Tinha ciúmes? Pra caralho, mas eu sei que ele é o cara da tua vida, que ama você. - responde. - Eu só quero te ver feliz, mesmo não sendo comigo. E vou ficar bem de tu voltar com ele, porque eu sei que vai ser pra vocês ficarem junto, maluca.

- Você realmente não tá puto comigo, Thiago? Eu acabei de falar que quase, hm... você sabe.

- Vou fazer o que? Não posso te proibir de ser feliz. Mas tô magoado, porque eu gosto pra caralho de você, mas eu te quero ver sendo tagarela, maluca, rebelde.

- Eu vou entender se você não quiser manter contato comigo, mas eu queria pelo menos te ter como um amigo, sei lá. - falo. Eu tô aliviada de ter falado, mas ainda é uma coisa que parece ser irreal. - Mas só se você quiser, porque eu sei que vou tá sendo abusada.

- Eu vou gostar de te ouvir falando como tá sua vida. Não por agora, porque eu ainda te amo, mas quem sabe daqui um tempo?

Levanto junto dele e paro na sala frente, fiz um gesto de perguntar se posso abraçar e ele concorda. Minhas lágrimas molham sua camisa e eu dou um sorriso do que ele fala.

- Vai atrás dele e conversa pra se resolverem. Fala que eu não tenho raiva dele por te rouba de mim e que torço por vocês, porque eu sei que tu vai ter muito amor.

- Eu te amo, tá? O que nós vivemos foi muito bom, só tenho que te agradecer por sempre ter me tratado bem, me respeitar, você é um cara incrível que eu tive sorte de conviver. - respondo. - Quero te ver feliz, se tornando pai, com uma mulher que vai te amar muito, e que sua mãe vá gostar.

Dou um último aperto no seu corpo e despeço. Ligo pra Júlia que está em horário de almoço e falo pra ela me encontrar em um estúdio de tatuagem. Também envio uma mensagem pro Caio, perguntando quando ele volta e que quero conversar com ele.

Talvez nós dois não tenha dado certo porque éramos muito imaturos para entender. Só que prometo a mim mesma que essa vai ser a única chance.

- Oi, porque você está em estúdio de tatuagem? - ela aparece na minha frente e eu dou um sorriso fraco. - O que foi, loirinha? Tava chorando?

- Terminei com o Thiago. - respondo. - Foi até surpresa ele ter reagido bem, mas sei que machuquei ele.

- E você, como tá?

- Não sei, confusa. Quero conversar com seu irmão, entender meus sentimentos também. - escolho a tatuagem e entrego pro tatuador. - Não vai fazer nada? - nega. - Ah não. Coloca um piercing, sei lá.

- Irmã, fiz uma tatuagem tem nem um mês direito. - responde. Ela para na parte de joias e eu olho pra ela com uma sugestão. - Deve doer muito, Luísa.

- Mas vai ficar uma gostosa.

- Sério que tô pensando nessa responsabilidade? - concordo com a cabeça e ela me olha e só lanço um sorriso safado pra ela. - Quero uma perfuração com essa joia aqui.

- Seu novo caso que vai gostar.

- Cê tá interessada nessa história, né? Eu e ele resolvemos só se envolver, sem cobrança, para ver no que vai dar.

- Nem te conto no que vai dar. - ela deita na maca ao meu lado e a mulher começa a higienizar tudo. - Vocês dois só se fazem de sonsos, porque tá na cara que tem sentimento, ciúmes, caralhos a quatro.

- Eu gosto daquele cretino. - a body piercing começa os procedimentos e eu só consigo ouvir os resmungos dela. - Porra, isso dói pra caralho, Luísa.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora