JÚLIA.
- Lucas, pelo amor de Deus! - chamo a atenção dele. - Eu falei que era pra esperar eu chegar.
- Eu tô conseguindo fazer as coisas, ué. Vou te esperar por que? - fala como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. - E outra, tu tá grávida e cansada.
- Estou grávida, mas isso não impede nada. - respondo, indo pro seu lado. - Sabe que eu fico preocupada de deixar você fazer tudo sozinho, é importante o repouso, amor.
- Preta, eu não consigo ficar quieto. Tu sabe como é, me sinto um inútil ficando sentado o dia todo. - responde, espalmando sua mão na minha barriga descoberta. - Toma um banho, vou te esperar aqui pra gente comer.
Faço um biquinho enquanto converso com ele. Solto um sorriso no final do selinho. E realmente vou tomar banho, já que ali não tem nada para eu fazer e ficar discutindo com o Lucas vai ser a mesma coisa de nada, vai entrar por um ouvido e sair por outro.
Estava na agência com a Débora para pegar o álbum de fotos que fiz meses atrás e eu estou mega ansiosa para ver o resultado. Não vi nadinha, quero ver junto com ele, principalmente a que fizemos juntos. Coloco a toalha em meu cabelo e saio do box, indo em direção ao closet dele na procura de alguma blusa, já que minhas roupas não estão cabendo em mim. Eu estou vivendo de top, short de academia, os blusões dele, e vestidos e biquíni.
A última vez que entrei em um short jeans? Não faço a mínima ideia. E eu não sabia que na gravidez a gente sentia tanto calor, é uma coisa surreal, qualquer oportunidade eu estou em uma sala com ar condicionado no mínimo por conta do calor insuportável que sinto junto às dores nas minhas costas.
A Ísis está super ativa aqui na barriga. Principalmente a noite. São chutes fortes que não me deixam dormir, as vezes chega a faltar um pouco de ar quando ela vai bem pra perto do meu diafragma. E aí o Lucas entra com o "sermão" dele, e está entre aspas pelo simples fato que ele ADORA que ela se mexa, não importa a hora, e aí ele começa sempre com um: "a mamãe está cansada, filha, deixa ela descansar um pouquinho" e termina com: "mexe mais um pouquinho pro papai, Ísis."
Tem lógica?
- Quer ajuda para passar os cremes? - a porta se abre e o Lucas vem vindo em passos devagar até onde estou. - Minha blusa preferida, cara.
- Nossa, acredita que se tornou a minha também? - ironizo, entregando a ele os óleos corporais e o hidratante.
- Ai, esse teu deboche... Tu usa mais minhas roupas do eu que mesma.
- Já viu o tamanho que minha barriga está? É óbvio que vou aproveitar esse guarda roupa inteiro. - aponto pra parte das camisas. - Teu ciúmes não vai me impedir.
- É, quem diria que eu deixaria alguém usar minhas roupas tranquilamente. - se senta na cama e vou até ele, ficando em pé na sua frente. - Fazer o que, fica mais gostosa assim.
Ele passa o óleo na minha barriga e começa tipo uma massagem. Esse é um momento só nosso, foi como uma rotina instalada. Eu tomo banho e depois ele sempre cuida de mim, passando os hidratantes para evitar estrias, massagens leves na lombar, ou só um chamego mesmo. E para quem detestava contato físico eu amo esse aqui. O dele é o melhor do mundo. Ficaria presa horas e horas no nosso mundinho.
- Aquela proposta tá de pé? - pergunta, e eu estalo a língua no céu da boca.
- Eu não vou te dar uma mamada, Lucas.
- Por que não? - responde, indignado. - Coé, Júlia. Umazinha só.
- Porque se eu fizer isso eu vou querer mais também. E desculpa, mas o esforço é muito...
- Tá duvidando da minha capacidade?
- Óbvio que não, sei muito bem o que você pode proporcionar. Mas eu te quero por inteiro, pra gente fazer do nosso jeitinho.
- Um boquete só, problemão. Foder essa boquinha gostosa sua... Huh? - chega perto de mim. Xô, tentação... - Do jeito perfeito que você faz.
- Para, cê tá jogando muito sujo. - desvio do seu toque.
- Não vai ceder mesmo. - balança a cabeça negativamente, parecendo super frustado. - Eu não sei se te contei, mas eu soube que tu tava querendo transar.
- Como assim? - pergunto.
- Ué, tava você e a Luísa conversando. Tu falando pra caralho que tava com vontade de um sexo e pá.
- Eu não acredito nisso, Lucas! - quase engasgo com tamanha vergonha. - Você não tava de fone?
- Estava, mas nem tava ouvindo nada. Acredita? - começo a pentear meu cabelo. - E não precisa ficar com vergonha, preta. Normal sentir vontade e outra, era só ter me chamado pra resolver.
- Você é um cretino, meu Deus!
A gente ficou discutindo um tempão as coisas mais bobas do mundo. Por fim, a gente pegou nossos pratos e jantou no quarto mesmo assistindo vídeos de parto. Devemos ter assistido uns quatro vídeos durante esse meio tempo.
- Ah, Júlia. Não sei... tu vai sentir muita dor. E eu não quero isso, quero você bem.
- Mas eu vou ficar bem, dói só na hora. Ouviu os relatos? Quando nasce a dor parece sumir porque entra meio que êxtase com a criança no colo, seu foco não está na dor e sim no filho.
- Eu acho cesariana melhor.
- Já viu cesariana? Nem a pau que vou evitar dor do parto pra sentir dor no pós. - respondo, prestando atenção no parto que agora ocorre em uma banheira. - Vai ser parto normal, Lucas.
- Mas você vai sentir dor, preta...
- Em qualquer um eu vou sentir dor, amor. Mas um a recuperação é mais rápida, não preciso depender tanto, já que o outro é melhor em quesito de ser rápido, mas o pós é super puxado.
- Então vai ser parto normal?
-Sim, parto humanizado. - concordo, ouvindo os gemidos da mulher na televisão.
Não vou mentir que me assusta, mas não sou nem louca de falar alguma coisa que interfira minha decisão pra ele, já que vendo esses vídeos aqui o Lucas ficou super preocupado com o fato de eu sentir dor.
- Pô, isso não é humano não. Olha as caras de dor que ela tá fazendo, Júlia.
- Nosso corpo consegue suportar essa dor.
- Tu decide o melhor, vou ficar do teu lado te dando força o tempo todo.
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NASCER DO SOL
Fanfiction"Nosso problema sempre foi a intensidade. (...) Eu sei muito bem o caminho que nós dois fizemos, espero que sempre sejamos sinceros e nada enfraqueça nosso elo." 🤍🌙