JÚLIA.
Eu já estou mais pra lá do que pra cá, acho que essa foi a saída que mais aproveitei, de não ligar pra nada e só curtir o momento.
- O estrago tá sendo grande. - falei após virar mais uma dose de tequila. Essa era a minha quarta? Galera topou terminar a resenha aqui na casa, então juntamos quem restou e estamos aqui.
- Vamos sair daqui e ir lá pra dentro, linda. - o Miguel falou no meu ouvido e eu virei negando com a cabeça.
- Não me leve a mal, mas não quero não. Aqui tá bom demais. - respondi sentindo o beijo dele no meu lábio. A gente curtiu demais juntos, dançamos as músicas que davam, demos alguns beijinhos, mas nada demais. -
- Mas pode ser melhor lá no quarto. - insistiu.
- Não rola mesmo. - respondi.
Deixei ele pra lá, que chatisse essa de querer algo. Busquei a pessoa por um olhar e não achei, me lembrando que tinha saído com a garota que tava com ele no show. Procurei a Luísa e também não encontro ela, decidi me despedir, já que ali não tinha ninguém que minha intimidade fosse extrema, Felipe era único ali que me puxava para os assuntos, mas ele já estava bem alcoolizado.
Subi as escadas e fui pro meu quarto, tirando minha maquiagem e colocando meu pijama. Meu irmão tava apagado na cama, inclusive ele veio direto pra cá pra poder dormir e amanhã não sofrer pra levantar cedo, já que ele leva super a sério essa coisa de surf.
Quando acordei meu irmão já não tava deitado comigo, peguei meu celular e vi a mensagem que ele enviou seis e meia da manhã, falando que já tava descendo e a galera tava junto dele. Agora é quase dez e levantei pra poder procurar se tinha alguém aqui, mas simplesmente todos estavam na praia, mioria ali virados da noite.
Coloquei meu café na xícara e fui pra varanda que tinha, prestando atenção no mar de frente que tava mega agitado. Voltei pro meu quarto e coloquei um biquíni pra poder descer, quando olhei de frente pro espelho vi que as marcas no meu peito não tinham sumido, abri meu armário de novo e procurei um que conseguisse tampar, mas nenhum foi capaz disso, coloquei o que melhor tampava e arrumei minha bolsa pra descer.
Quando abri a porta do meu quarto o Lucas tava abrindo a porta do quarto da frente, paralisei e ele me olhou erguendo as sobrancelhas. Fingi não ver ele e fui passar pra ir, mas sua mão me impediu assim que passei do seu lado.
- Me solta, Lucas. Tô atrasada pra ver meu irmão. - falei e ele me soltou.
- Coé, Júlia. Tá bolada ainda por causa daquele papo?
- De novo isso? - respondi e tentei sair mais uma vez, só que ele me prendeu e eu bufei de ódio. - Tem como me soltar? Só quero sair daqui e ir pra onde tá rolando o campeonato, foda-se o que você quer falar, já estou atrasada.
- Garota, te fiz o quê? Só perguntei uma coisa que envolve nós dois.
- Ah, e eu não sei? - perguntei ácida. - O problema maior é como você conduziu as coisas, antes mesmo de me perguntar e pensar em oferecer você já estava com o dinheiro estendido, parecendo que estava me pagando por sexo, como se eu fosse uma puta! Caralho, aquilo foi péssimo.
- Então tu não quis falar comigo a noite toda por essa merda? Tá ressentida, é isso? - me prensou na parede e se colocou no meio das minhas pernas. - Quer um pedido de desculpas? Posso te chupar aqui, vale?
Que inferno de homem.
- Pelo amor de Deus, tem vergonha na cara não? Ontem você tava com uma mulher pendurada no seu pescoço e queria que eu te beijasse. - respondi. Ele fez uma pressãozinha com o joelho por cima do meu short e eu arfei pelo movimento surpresa. - Impossível eu estar ressentida, não há nem um sentimento meu por você pra isso me afetar, lindo...
- Então deixa eu me redimir por tu, não é isso que você quer? - perguntou e eu fechei meu olhos sentindo ele ficar mais perto do meu rosto. Eu estou atrasada já, Deus, por favor, não me faça cometer esse erro aqui. Prometi pro Caio que ia ver ele competir. - Hein Júlia, aceita?
- Não. - respondi com a mínima sanidade que me resta quando estou perto dele. - Você não vai encostar essa sua boca em mim depois de ficar outra pessoa.
- Essa é a sua desculpa? - deu uma risada sarcástica e eu olhei pra ele com ódio. - Se for assim também não vale, você também não passou a noite sozinha, e pelo que vi tu beijou outros além do Miguel.
- Prestou atenção em mim durante a noite? - rebati em uma pergunta.- Ciúmes de não ter conseguido um beijo?
- Impossível eu estar com ciúmes, não há nem um sentimento meu por você para me afetar, linda... - devolveu com a mesma resposta que eu dei antes. Desgraçado. - Mas o papo é que eu prestei atenção sim em tu, tava gostosa pra caralho se quer saber.
- É, eu sei, ouvi isso de diversas bocas. - ele passou a barba na curva do meu ombro e pescoço e eu tentei desviar.
- Essa marca foi eu quem deixei ou foi outro? - perguntou e colocou a mão na marca do chupão que ele tinha dado na noite anterior. - Não precisa responder, problemão, sei que fui eu.
- Se você sabe porquê da pergunta? Quer ouvir sair da minha boca pra massagear teu ego?
- Ia ser foda pra caralho te ouvir dizer que apenas eu consigo te deixar marcada assim, mas não preciso disso, porque eu simplesmente sei.
- Entendi. - senti aquela pressão de novo entre as pernas e desviei mais uma vez do beijo que ele ia tentar dar, sua mão subiu pro meu cabelo e deu um puxão que me fez soltar um gemido. - Já falei que você só encosta a boca em mim quando estiver limpo, não quero pegar baba de ninguém.
- Caô nenhum. - respondeu e finalmente me soltou, me fazendo respirar aliviada, se demorasse mais um minuto eu já não sei se conseguiria manter meu autocontrole que até por ora está invicto. - Espera aqui, vou só tomar uma ducha e te dou um bonde.
- Não preciso, tenho carro aqui. - respondi e ajeitei meu cabelo pra sair daqui logo.
- Espera, Júlia, nós vamos juntos. - saí dali e fui pra sala esperar o bonito tomar o banho dele. Peguei meu celular e avisei a Luísa que tava saindo daqui agora e já já chegava lá. Uns sete minutos depois ouvi o barulho do chuveiro sendo desligado e depois porta sendo aberta. O cheiro do perfume dele tomou conta do lugar e eu olhei pra trás, peguei a chave do meu carro e levantei ajeitando meu short.
- Nós vamos no meu carro. - avisei.
- Me dá a chave então. - estendeu a mão para que dê a ele e eu neguei.
- Não, quem vai dirigindo sou eu.
Nem esperei ele falar, fui pra onde os carros estavam e destranquei, ele entrou no carona e arranquei o carro pra irmos. A praia não é tão longe da casa dos meus pais, foi coisa de quinze minutos, mas só por causa do movimento que está aqui hoje. Estacionei e peguei minha bolsa no banco de trás, saímos do carro e tranquei, vendo ele me esperar.
- Até que tu anda direitinho, problemão. - dei um sorrisinho de quem quer dizer "eu sei" , começamos a andar ouvindo a Lu dizer pelo telefone o lugar onde estão. - Lembra direitinho que se pra eu encostar a boca em você não posso ter encostado em outra, isso vale pra tu também.
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NASCER DO SOL
Fanfiction"Nosso problema sempre foi a intensidade. (...) Eu sei muito bem o caminho que nós dois fizemos, espero que sempre sejamos sinceros e nada enfraqueça nosso elo." 🤍🌙