JÚLIA.
20 de setembro, 2023. - 16 semanas.
Respiro fundo buscando ar, sentindo mais uma contração forte vindo. Mais uma dor aguda incomparável. Falta pouco tempo pra irmos pra médica, só que é impossível sair da cama pra cara, abafando todos meus gemidos de dor. Ontem eu tive um outro, pela tarde, mas foi fraca e assim que deitei, pouco tempo depois, a dor passou. Mas ela decidiu vir mais uma vez pela manhã.
- Me gritou? - apareceu na porta. - O que foi?
- De novo, mais uma vez... - choramingo. Sinto sua mão na minha perna e ele mexendo no short que uso. - A médica é daqui a pouco, eu preciso de ajuda pra arrumar, eu não consigo fazer sozinha...
E eu odeio isso. Sempre busquei ser independente de absolutamente tudo, e ter que agora depender dele pra me ajudar (por conta dessa dor impossível) me faz querer que tudo acabe logo.
- Isso é sangue? - pergunta, aflito.
Retiro o travessei do meu rosto e respiro fundo. Olho ora baixo e tem uma mancha pequena no lençol branco, assim como no short que uso.
Eu não posso estar perdendo esse bebê. Não posso.
- Eu... meu Deus. Eu não sei. - começo a ficar apavorada. Sua mão tá tremendo e eu só consigo ver desespero, tanto em mim, quanto nele. - A gente tá perdendo, Lucas. A gente tá...
- Cala a boca, Júlia. Nós não estamos perdendo, tá me ouvindo? - segura meu queixo. Um choro incontrolável vem. - A gente vai ter essa criança. Nós não estamos perdendo, ouviu?
Concordo com a cabeça. Não, nós não estamos perdendo. Ele me ajuda a levantar da cama, apoio meu corpo todo ao dele, que vai me guiando para fora.
- Vou te dar banho lá no meu, tem espaço maior pra eu te ajudar. - diz, baixinho.
- O que pode ser isso?
- Eu não sei, a gente vai descobrir quando formos consultar. Mas não vamos pensar em coisas ruins, já basta como estamos...
Concordo com a cabeça, ainda chorando. Ele pede pra que eu apoie meu corpo na parede e me ajuda a retirar a roupa suja, a ducha ligada me esperando. Olho pra baixo e vejo minha calcinha junto ao short com muito sangue. Isso não é normal, eu sinto isso.
- A gente vai tomar um banho rápido, só pra tirar esse sangue e aí vamos correndo pro hospital. - murmuro algo qualquer em concordância e vou sentido ele passar o sabonete por todo o meu corpo. Quando ele passa na barriga a dor parece queimar. - Vai dar certo, Júlia. Já deu, na real.
- Eu não sei...
- Vamos confiar, huh? Temos que ter fé.
- Fé? Logo agora que parece ser o universo está me despejando um turbilhão de coisas.
Ele não me responde. Ele termina o meu banho e eu ainda sinto muita dor. Enxugo mais ou menos e já ajudo ele a colocar um absorvente na minha peça íntima e a vestir uma de suas blusas. Não consigo nem pensar em ir arrumada, eu só quero deitar.
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NASCER DO SOL
Fanfiction"Nosso problema sempre foi a intensidade. (...) Eu sei muito bem o caminho que nós dois fizemos, espero que sempre sejamos sinceros e nada enfraqueça nosso elo." 🤍🌙