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LUCAS.

- Tudo certo ou nada? - pergunto pra Júlia que acabou de chegar aqui em casa pra gente ir viajar. - Porra, vai ficar quanto tempo lá com uma mala desse tamanho?

- Me poupe, Lucas. Nem tô levando muita coisa. - responde e deixa a mala no canto. Esses dois últimos dias ela dormiu aqui em casa, só foi hoje lá pra fazer a mala e acompanhar a Luísa no ultrassom e agora tá aqui de novo pra gente partir amanhã cedo. - Apolo vai ficar com teus pais mesmo? Certeza?!

- Vai, preta. Vai até ser bom pra eles e pra esse cachorro sem vergonha. 

- Ah, não sei... cê sabe que o Apolo é um furacão. Se ele simplesmente fazer a maior bagunça lá na casa?

- Ué, que mal vai ter? Certeza que ele vai ficar mais no mato que lá dentro. - apago o baseado e vou pra sala, deitando com ela no sofá. - E cadê o resultado? 

- Na minha bolsa...

- Abriu já? - pergunto. Ela me olha toda desconfiada. - O que, porra? Quero saber também.

- Só no dia, bebê. Aguarde a surpresa!

- Vai morrer se me contar se é um moleque ou uma garotinha? - enrolo o cabelo dela na minha mão deixando o pescoço destampando, dando um beijo. - Huh?

- Para de jogar sujo, Lucas...Eu não vou contar o que é.

- É um moleque, né. Pode falar, pai aqui é certeiro nas parada, rum.

Ela me acerta um tapa nas costas e eu solto uma risada. Sei que se eu ficar atormentando ela vai fazer pior, abre a boca por nada. Levanto e vou na geladeira pra pegar duas cervejas pra gente, aproveitar que não estamos fazendo nada e subir lá pra cima pra jogar uma sinuca. Júlia segue na minha frente e vou atrás, dou uma garrafa pra ela e pego dois tacos. Ela organiza as bolas e eu faço a primeira tacada, bagunçando todas as bolas. 

- Por que aquele dia no Felipe você tava tensa? - pergunto novamente.

Eu reparei que ela tava retraída pra caralho lá, quando perguntei o que tinha rolado ela desconversou e ficou por isso mesmo, falando que depois falaria. Mas sei que se eu não tocasse ela não falaria por vontade própria. A Júlia é assim; você precisa pressionar ela caso queira saber de algo. 

- O que? - bebe da cerveja depois de uma tacada que encaçapa duas bolas. Repito a pergunta. - É que eu vi o Gabriel. Ele ficou ao nosso lado quando paramos em um dos semáforos. Sabe quando a pessoa te encara e você sente uma energia pesada vindo dela? Então...

- Por isso que tu me apertou daquele jeito lá? - confirma com a cabeça. - Pô, tu tem que me contar as paradas, preta.

- Mas eu não vejo necessidade, não agora. Nós estamos bem, felizes, por qual motivo vou falar sobre uma coisa que machucou tanto? E você sabe o quanto...não foi só de forma sentimental.

- E até hoje tu não denunciou ele.

- Esse assunto não, por favor. Não agora, não quando nós dois estamos tão bem. 

- Tá, jaé. Papo encerrado. 

- Desculpa, mas eu não quero voltar em assuntos passados.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora