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JÚLIA

- Depois eu pego, pode deixar lá na construtora. - falei prestes a descer do carro pra entrar na faculdade. - Ou se quiser eu passo mais tarde na sua casa para pegar. 

- Vou deixar aqui no carro e cê passa lá no teu pai então. - o Lucas respondeu e eu concordei, já me arrumando para sair.  - Vai sair que horas? 

- Onze e meia. Por que?

- Venho te buscar então pra gente almoçar juntos. 

- O que? Não! Não precisa, Lucas. - falei rápido. - Sério, obrigada, mas hoje tenho que ir na psicóloga e depois vou pra Búzios de novo. 

- Almoçamos e depois tu vai pra lá, ou a Luísa vai com você? - neguei com a cabeça. - Então venho te buscar, problemão. 

- Rolou o que contigo? Não estou te reconhecendo não, hein. - brinquei e peguei minha bolsa para descer, só que agora de verdade. - Tô indo já, cuidado por aí!

Dei um beijo nos lábios dele e desci no campus, indo direto pro meu prédio pra assistir essa maldita aula porque não estou com saco nenhum para aguentar. Minha cabeça tá doendo por eu mal ter dormido porque fiquei conversando com o Lucas quase que a noite toda, e quando não estávamos conversando ficamos trocando beijos, essas coisinhas. 

Eu fui a Júlia e ele foi o Lucas. Sem máscaras. Ali nos conhecemos de verdade, mesmo que previamente.

Eu entendi que ali fomos vulneráveis de conversar sobre coisas da vida, algumas mágoas, sonhos, muita coisa. Ali eu tive certeza que ele usava uma máscara que esconde ele próprio, porque aquele cara arrogante, cheio de si é um alguém que quer se sobrepor além para tentar moldar uma personalidade. Personalidade essa que foi criada.

Foi dito e feito; Assim que pisei na parte externa eu vi o carro dele parado e o próprio me esperando. Maluquice, porque eu mandei umas trezentas mensagens durante a aula falando que não era pra ele vir me buscar, mas vi que foi em vão, né. 

- Porra, demora do caralho, já são quase meio dia, pô.

- Tá bolado, por que? Falei que não precisava. - fiquei na frente dele e vi aquela carinha de puto dele toda bonitinha. Um colega de sala passou por nós e eu dei um aceno, o Lucas virou a cara e só pediu para entrar no carro. - Meu filho?! 

-  Bora, problemão, te esperei a uma cota de tempo já. - colocou a mão na minha cintura e deu um daqueles aperto que te faz ficar molinha. - Pontualidade as vezes faz bem, mandada. 

- Você calado fica uma delícia. - dei a volta para entrar no carro e ia abusar dele mesmo depois disso. Ninguém pediu. - Qual nós vamos? Tem um perto do Barra shopping que é muito bom!

- Além de não seguir horário quer escolher qual que vamos? Tá achando que a vida é um morango? 

- Lindo, a vida tá sendo um morango porque eu tô deixando e aproveitando, e não vou fazer a desfeita desse almoço mesmo eu estando puta contigo. - falei. 

- Puta comigo? Conta outra, tu sentou na minha cara ontem e tá nessa, garota? 

Aí, juro, tem hora que nem sei o que falar porque as palavras somem da minha boca. Esse é o maior desafio, já que somos dois que nunca quer sair perdendo de uma discussão. 

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora