LUCAS.
Acordo procurando na cama meu problemão e não encontro nada. Ah, qual foi? Só queria ficar na paz, sexo gostosinho, e a maluca indo perambular por aí.
Acordo e tomo uma ducha gelada, troco a roupa de cama que tá toda gozada e levo pra lavanderia, colocando para lavar que depois minha mãe vira maior barulheira na orelha alheia. Então melhor poupar de ouvir.
Tardão já, a gente chegou um pouco antes das onze e foi pro quarto. Arrumei um bagulho pra forrar o estômago antes de fazer comida pra essa garota.
Aqui dentro eu sei que não tá porque a casa é toda em conceito aberta, vou para fora e também nada dela, desço no bagulho do deck e pego a trilha que da na praia. Só resta esse lugar e sinto que vou encontrar ela por lá, porque praia é uma parada que ela curte pra caralho.
Ela tá parada olhando pro nada, cabeça apoiada no joelho. Gata pra caralho, sou fascinado nessa garota, papo reto. Perco a cabeça fácil.
- Júlia? - chamo ela que vira e se levanta. Cara de quem chorou. - Tava chorando por que?
- Eu não estava chorando.
- Para de mentir, tua cara tá mostrando isso e tu acha que vou acreditar no que fala? - respondo. Dou espaço para ela passar e a gente ir para dentro. - Que parada rolou?
- Eu quero ir embora.
- Que porra é essa, Júlia? Que parada tá acontecendo?
- Lucas, por favor, só me leva embora. - ela pede. - Eu vou tomar banho e depois eu vou embora pensando melhor, tu fica e eu arranjo alguma coisa para ir.
Vai se foder, só merdelê. Achei que ia conseguir fazer uma paradinha legal pra nós, porque afastamos um tempo e quando achou que tá bem ela age assim.
- Tu toma banho, nós conversamos enquanto comemos e aí vemos esse bagulho aí de ir embora.
Nem esperou eu terminar de falar, deu as costas e foi pro quarto. Uns dez minutos depois ela apareceu vestida com roupa de academia e uma jaqueta presa na cintura. O cabelo molhado e a pele limpinha e em tom vermelho, que fica toda vez que ela fica fazendo aquela rotina maluca dela de limpeza.
- Senta aqui e come pra dar uma aliviada, porque eu não te tirei de casa pra receber só uma transa.
- E você me trouxe aqui para o que? - pergunta. Se senta ao meu lado no sofá e cruza as pernas. - Lucas, você dá um de maluco sumindo numa madrugada, voltando bêbado e me chamando pelo nome da tua ex! E depois, sem dar nenhuma satisfação, começa a agir normal, sem nada. Fala tanto sobre "papo de sujeito homem", mas não sustenta suas graça porque só vacila.
- Porra, eu achei o convite do meu casamento numa caixa que estava na cama, quando eu fui arrumar para a gente dormir.
- E isso é justificativa para me deixar sozinha na sua casa, casa qual você me levou, sair, encher a cara e me chamar de Natália?
- Vacilei, pô. Tenta entender meu lado.
- Mais? Lucas, é óbvio que eu te entendo, nem por isso eu fico apressando as coisas, eu entendo seu lado, seu trauma, o que seja que essa mulher causou em você. - fala. Garota tá possessa, mal respira para falar. - Só que você parece não entender o meu também. Eu sempre estou disponível para você, todas vezes que me liga eu largo minhas coisas para estar junto de ti, e o que eu recebo em troca? Você me confundir com ex?
- Já te perdi perdão, preta. Tá legal, eu entendo que errei pra caralho em ter te deixando, e não é querendo justificar meu erro, mas aquilo me gerou gatilho, pô. Eu nem lembrava que guardava aquela parada. - respondo, calmo. – O que tu quer que eu faça? Me fala, cara. Quero o melhor pra gente, temos uma paradinha maneira, me amarro pra caralho em nós, na nossa conexão.
- Lucas, o que eu quero eu não vou pedir para você falar. Eu quero ouvir de você, por espontânea vontade, não vou mendigar isso. Eu não sou assim! - exclama. O brilho no olhar dela tá perdido, porque o que tem são de lágrimas. Ah não, bagulho feião fazer a garota chorar. – Eu já assumi isso para mim, para você, para qualquer um, só que isso não é suficiente. Eu sozinha não basta.
- Quer ouvir que eu tô apaixonado por tu, é isso? - pergunto. Ela não responde e eu chego mais perto dela. – Garota, tu pegou meu coração de assalto, balançou legal a parada de sentimento que antes estavam mortos, achei mesmo que nunca mais ia sentir isso. Só que a gente não manda, né?
Assumo. Ela me olha esperando eu falar mais alguma coisa e depois desvia pra qualquer lugar que não seja eu.
- Lucas...
- Júlia, deixa eu terminar. - peço. Essa garota bagunça tudo, sem caô. - Tu me mostrou várias coisas, me fez sentir tantas outras, de formas intensas, porque a gente sempre foi intensidade, desde a primeira vez. Eu quero tentar contigo, eu já deixei isso claro antes, só que talvez tenhamos nos perdido, e agora precisamos nos achar de novo.
- Mas por que você só me liga para um sexo? Qual sentido? Se a sua intenção era outra, sinto muito, não transpareceu.
- Porque eu me acostumei a isso. Três anos vivendo assim, não tinha a necessidade de contar minhas coisas porque era só sexo e tchau.
- Só que isso mudou, mudou a partir do momento que nos apegamos. Porque é fato: a gente se apegou um ao outro.
- Tu tá afim de fazer dar certo? De coração mermo, porque já falei que tu balançou a mente e o coração.
- Eu só não quero sair machucada, mais ainda para ser real...
Se tu soubesse que meu plano é te fazer feliz e te fazer minha, esquece, vai ver o quão boba essa discussão é. Apesar que é ela que está nos fazendo se interligar de fato.
Depois de eu ter vacilado.
- Preta, só quero o melhor pra nós. Te fazer minha... não é pedido, nem nada, mas cê sabe, pô. - falo. Agora ela tá descarregada, até tá querendo sorrir. - Ah, coé, tá querendo rir, toda cheia de graça.
- Cala boca, cê não sabe o que eu fiz... Apesar que vai continuar valendo porque joguei pro universo.
- Aprontou o que? Fez amarração e aquelas caralhada lá de pau não subir?
- Lucas, calado você é um gostoso. - responde. Puxo ela pra mim e dou um beijo no seu lábio rosado e inchado.
- Quer que eu te leve embora ainda?
- Não sabe manter nada? Puta merda, abre a boca e estraga as coisas.
- Aceita que agora sou teu homem, tu minha mulher e daqui alguns dias vai ter cria nossa vindo.
- Ainda não namoramos. - responde. - Agora de verdade: vamos focar em nós, não envolver passado nisso, ser a gente.
- Nós sempre, problemão. Já era.
- Espero que sempre sejamos sinceros e nada enfraqueça nosso elo.
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NASCER DO SOL
Fanfiction"Nosso problema sempre foi a intensidade. (...) Eu sei muito bem o caminho que nós dois fizemos, espero que sempre sejamos sinceros e nada enfraqueça nosso elo." 🤍🌙