69.

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LUCAS.

Tô aqui sentado ouvindo ela falar, coé maior parada ela nem dar pausa pra respirar direito. Nem sei o que falar, papo reto.

Mas também não dá pra ficar junto quando ouve aqueles bagulho, pô. E nem sei como ela não lembrou daquilo antes, porque mal tinha bebido, e eu não ia fazer nada com ela bêbada, longe de mim essas paradas sem pé e nem cabeça, sou homem, mas sei me controlar e saber o que é certo e o que é errado, rum.

Queria que eu fizesse o que? Ficasse lá de papinho furado quando joga na cara que pensa voltar pro ex? Ah, coé, não fode. Tenho cara de otario? Ainda manda o papo que eu tinha que ficar longe porque tava se envolvendo demais no que é segredo.

Fiz o que ela pediu. Tô nessa fase de namorinho não, quase trinta na cara já, quero ajeitar minha vida alguma hora e não ficar nessa palhaçada de ter que ser escondido. Se ela ficou incomodada porque me afastei posso fazer nada, não era isso que queria?

Só que também fiz e larguei de mão, vou ficar lambendo saco pra que? Ela também não tava seguindo a vida dela? Acabou, sem leme, cada um na tua.

- Júlia, eu não tenho todo tempo pra ver o que cê quer da sua vida. - sou sincero. - Tu é uma mina do caralho, só que você não sabe o que quer, eu num vou ficar de braço cruzado esperando decidir se quer manter ou largar.

- Eu acabei de declarar uma caralhada de coisas e você diz isso? Foca apenas na parte que eu preciso saber o que temos pra pensar em possibilidades, inacreditável! - suspiro fundo. Porra, já tô de cabeça quente com essa mandada. - Tudo bem, já entendi. Só vim pegar minhas coisas, essa conversa nem deveria tá rolando, sou uma idiota que tenta entender as coisas.

Levantei e ela ficou me olhando, fui na parte do armário e peguei os bagulho dela e entreguei. Ela tava acelerada pra caralho, queria nem olhar na minha cara, mas o papo é que tô meio aéreo, ouvi tudo que ela falou, mas é uma coisa complicada, pô.

Ela abriu a porta pra sair e eu fui atrás, nem sei se ela reparou que tô junto, porque parece tá bolada pra caralho. O elevador chegou e eu dei um sinal pra secretaria que já já voltaria, entrei junto dela e o olhar que ela me deu me deixou até meio mal, que isso... olho brilhando, como se quisesse chorar.

- Júlia, eu não quero que chore, tu não foi uma idiota ou caralho que tá pensando, mas eu tô com a cabeça longe pra caralho. - ela apoiou na parede do elevador e olhou nos meus olhos.

- Agora você decide falar? Ficar falante de uma hora pra outra? - pergunta. Tá puta pra caralho. - Se manca, Lucas. Seu silêncio já disse muito sobre o que você pensa, o que você quer. Eu não vou fazer nada, não vou procurar e nem dirigir mais palavras a você, qualquer distância segura será bem- vinda. Você me dispensou depois de conseguir o que queria. E quer saber? Eu nem ligo pra isso, eu encontro sexo em qualquer lugar, com qualquer pessoa. Qualquer pessoa pode me proporcionar o que você me dava.

Sua fala é tão debochada, cheia de raiva, que eu acreditaria se ela não estivesse usando isso pra me atingir. Pior de tudo é que essa filha da puta consegue, porque eu não sei que merda rola entre nós dois, só que eu não quero assumir essa porra. Isso vai ser quase que um tiro no pé.

- Ah, problemão, nem você acredita nisso.

- Acho que é você que não, Lucas. - chego perto dela e encosto a mão na sua cintura exposta pela roupa curta. - Fernando sabe fazer direito, e se brincar até melhor, então não se ache. - a voz dela vai sumindo conforme passo a ponta do dedo e arrepia sua pele. Ela engole em seco e desvia o olhar. O elevador da um tronco e falha a luz. - Porra, só pode ser brincadeira! Essa merda só acontece agora? Universo, você só pode estar de brincadeira com minha cara.

O que me resta é rir do desespero dela. Aperto no botão que chama por ajuda, e fico vendo ela tentar regular a respiração.

- Acho que vamos ficar aqui por um bom tempo, problemão. - provoco.

- Você é um desgraçado. - ela dá um tapa no meu peito e nem faz cócegas. - Eu tenho que ir trabalhar.

- Vai ter que esperar. - respondo. - Me diz, Júlia. Esse tal Fernando te beija como eu? - aperto mais cintura. Chego meu rosto bem perto do seu pescoço e o cheiro doce dela invade. Subo um pouco e paro dando um beijo na tatuagem dela atrás da orelha. - Hein? Ele te beija como eu te beijo?

- Por que quer saber? Não se garante? - pergunta. - E qual diferença vai fazer na sua vida? - dou de ombro. - Talvez. E talvez até melhor.

- Eu sei que não, Júlia.

- Se garante tanto assim? Uau. - dou mais beijo, agora no seu pescoço e ela engole em seco. - Fernando é oposto de você, Lucas. Ele conversa comigo, fala sobre as coisas, não faz silêncio quando eu preciso ouvir sobre algo.

- Ele não quer nada com você. Eu conheço homem e as intenções deles.

- Ah, e você quer algo comigo? Você ficou em silêncio, sem dar mínima resposta. Não fode, Lucas. Sua hipocrisia está gritando aos quatro cantos do mundo. - afasto. Mas não tiro a mão do corpo dela. - É ciúmes? É isso, não é?

Isso aqui tá me deixando puto pra caralho, e ela sabe que tá conseguindo. Porque agora só existe aquela mulher debochada, não tem posse de raiva, nada. Só provocação e deboche.

- Ciúmes? Talvez. - falo. Que porra eu acabei de soltar? - E ele te fode igual eu? - pergunto e subo minha mão pro seu pescoço, fazendo um colar. - Hm?

- Você está com ciúmes sim. Assume pra não ficar feio para você. - pra calar a sua boca eu inavdo a sua. Que se foda, eu tenho ciúmes dela sim, não sei quando começou, mas eu consigo não demonstrar isso, porque ela é a porra de um campo minado, eu não sei como ela também pode se comportar e explodir. Sua mão passa pela minha nuca e sua unha grande me faz arrepiar quando passa na minha nuca.

- Vamos resolver isso agora ou esperar? - pergunta ofegante.

- Estamos preso num elevador. - ela revira os olhos. Aquela revirada de olho que ela faz quando goza. - Júlia, ele te faz sentir isso? Seu coração fica acelerado desse jeito com ele? Ele te causa esse efeito? - ela não responde. Encosto nossas testas e ficamos nesse contato visual por tempo, esse sentimento maluco que tá percorrendo nas minhas veia.

Ela me beija de novo e mais uma vez o silêncio se faz, sua língua macia em contato com a minha, o beijo lento, gostoso pra caralho que termina com ela mordendo o meu lábio.

O elevador dá um outro tranco e volta a funcionar, ela me olha e quando chega na garagem, no térreo, antes da porta se abrir eu olho pra ela e desgrudo nossos corpos.

- Eu sinto a porra de ciúmes por você, problemão. - assumo.

- Lucas, você é uma incógnita. Me deixa confusa. - responde antes da porta se fechar.

- Tá livre hoje? Vamos resolver mais tarde.

- Não posso, já tenho compromisso. Mas resolvemos.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora