107.

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LUCAS.

Sai da obra e fui direto pra construtora, ainda tinha uma reunião pra acabar o dia de vez. Tem semana que é maior paz, só focar no desenvolvimento de um projeto e outro, mas porra, tem semana que é uma caralhada de coisa pra resolver.

O estresse é tão grande que não tem nada que resolva, porque é pica atrás de pica, responsabilidade demais. O elevador se abre quando para no meu andar e dou de cara com a Débora, a ex do Felipe, eu ainda não tinha trombado com essa mina por aqui e na real em nem um lugar.

E se eu tivesse também provavelmente nem reconheceria, porque ela tá mudada demais, a cor do cabelo, o estilo e essas coisas, não tem mais aquela cara de menininha. E eu só sei agora que é ela porque a Júlia e o Caio comentaram sobre, caso contrário eu  tava foda-se pra reconhecer ela.

Se ela me conheceu eu não sei, só saí da  caixa metálica e fui direto pra minha sala, passei só na Marília, a secretária, pedindo um café bem forte. Troco a roupa no banheiro que tem na minha sala e quando volto já tem o café na minha mesa.

Quando acaba eu vou direto pro estacionamento pra partir pro boxe, quero desestressar legal e eu vou aproveitar que o Samuel tá lá pra lutar. Hoje é um maldito dia de recordação e eu passei a merda toda desviando e colocando coisas pra fazer para que minha mente fique ocupada o bastante pra não me deixar mal e me sabote.

- Aou, quem é vivo sempre aparece. - Samuel, meu faixa, diz fazendo um toque comigo. - Só a Júlia anda aparecendo aqui.

- Pô, sem tempo pra nada, irmão. - respondo e começo a enfaixar minha mão. - Só tô treinando de vez em quando lá em casa.

- Mas que bom que apareceu. - ele coloca as luvas e a gente sobe pro ringue. - De leve?

- Quero tudo, menos leve.

A partir daí foi só porradeiro, sem tempo de pausa, só dando soco no saco de pancadas, sem dó. As vezes eu também ia pro rumo do Samuel e ele não aguentava e eu voltava pro saco.

Foi cerca de cinquenta minutos só distribuindo golpes. O suor escorrendo, chega a estar pingando quando abaixo a cabeça. Abraço o item de luta pendurado e busco ar, meus braços estão formigando, minha respiração descontrolada.

- Aliviou? - pergunta.

- Pra caralho. - retiro as luvas e coloco debaixo do braço pra sair do ringue e ir pra casa. - Lutar faz falta, hoje eu não tenho mais o ritmo de antes, mas quando eu entro ali, eu esqueço de tudo.

Marco nem dez e já subo na moto pra ir pra casa, eu tinha até que passar na casa dos coroa, mas hoje eu não tô muito afim de nada, perdoa quem tiver que perdoar, mas dias merdas são assim. Quando chego no meu apartamento sou recebido pelo Apolo, é sempre assim, ele vem abanando o rabo dele e com uma bolinha na boca pra recepcionar, seja quem for.

- Apolo! - ouço a Júlia chamando ele e por um momento levo susto, pensei que estaria sozinho. - Oi, preto.

- E aí, problemão. - puxo ela e dou um beijo na sua boca, aprofundado minha mão no cabelo dela.

- Vim sem avisar, mas é que eu esqueci algumas roupas minhas aqui que preciso. - justifica.

Eu nem ligo dela estar aqui, eu dei acesso pra ela, então nem posso reclamar também.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora