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JÚLIA.

Acordei novamente e vi pelo horário já ser duas e trinta e sete, minha cabeça só tinha uma dor fraca, minha boca seca mostra que eu exagerei na bebida e meu estômago ruim também.

Queria jurar nunca mais beber, porque estou vendo os problemas que me causam, só que é uma palavra muito difícil. Mas prometo não extrapolar das próximas vezes.

Tomei um banho e escorei a cabeça na parede, a água quente caindo sobre o meu corpo me deixou relaxada e eu agradeci por isso, porque ele estava doendo. Vesti uma roupa fresquinha e desci para procurar um café que cure minha ressaca. Tanto a de bebedeira quanto a moral.

Advinha só quem é a primeira pessoa que eu encontro? A que eu não queria ver pelos últimos acontecimentos (isso também vale para o que rolou na casa dele). Por sorte só meu pai e minha mãe estavam acordados, inclusive os dois preparando o almoço, dei um abraço neles e sentei do lado do Lucas na bancada que tinha, no qual seu Vicente e ele estavam falando sobre coisas de construção.

- Que horas você veio para cá, filha? Não te vi chegar com os meninos. - minha mãe perguntou.

- Eu vim mais cedo...

- Era você que estava acompanhada então. Achei que fosse seu irmão. - juro que minha vontade é me enfiar dento de um buraco. - Mas relaxa, filha, você sabe que nunca nos importamos com isso. Ainda mais quando falamos que íamos sair.

- Pensei que vocês não estavam em casa, desculpa. - afirmei e bebi o café para tentar acordar de vez. Ela me olhou e apontou para o cara do meu lado como se perguntasse se foi com ele e eu confirmei, onde ela deu um sorriso. - Nem vem, dona Lídia. Já estou tendo pesadelos.

Ela riu e meu pai finalmente parou de conversar com o Lucas, olhei pra ele e na mesma hora nosso olhar se cruzou, levantei e dei meu último gole do café. Eu iria enfrentar essa ressaca moral sim. Fraca eu não não.

- Lucas, tá livre? - perguntei baixo e ele concordou, levantando em seguida. - Cê que ir pra onde? Pode ser na praia daqui da frente?

Concordou e nós dois fomos para a área externa que liga na praia. O dia tava muito lindo, o que estragava mesmo era o que ia acontecer agora.

Sentei na pedra que tinha uma sombra e ele sentou do meu lado, a praia não tinha quase ninguém, mesmo sendo uma segunda de feriado. As ondas quebravam em um ciclo sem fim e eu observei isso por minutos até me virar e prestar atenção nele.

Ele era um mix que ainda não consegui decifar. Ele ao mesmo tempo que pode ser calmaria ele também pode ser uma tempestade, ele consegue misturar tudo tudo transformar em confuso. Mas um confuso que você sabe onde vai dar. Só precisa ter certeza.

- Júlia, eu sei que tu tá me olhando querendo começar, mas antes quero te dizer que eu não sei o que rolou direito, mas se eu te forcei a algo peço perdão.

- Nossa, calma. Eu também não sei direito o que rolou, mas eu que te chamei. Eu quis. - falei e sentei de frente para ele. - Bom, eu não sei por onde começar...

- Pelo início seria bom. - ironizou e eu soltei um riso nasalado.

- Temos que terminar o que nem temos. - soltei. Ele me olhou e eu respirei fundo querendo respostas, mas ele só deu um sinal para que eu continuasse. - Sei que não temos nada, é só sexo, mas se continuarmos isso não vai acabar bem. Eu e você ontem extrapolamos, mas eu lembro do que falei. Lembro do que falamos.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora