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JÚLIA.

Hoje é dia 19 de abril. Oficialmente faltam vinte dias para o meu aniversário, mas em compensação, faltam dois dias para a sunset. E eu estou para dar um surto a qualquer momento de tanta coisa para resolver. Vai mais boba, vai achar que trabalhar com festas é só close e bem bom, porque é só dor de cabeça, viu?

Eu tinha acabado de voltar de Búzios, o dia já estava se pondo, hoje as estruturas terminaram de serem montadas depois de longos cinco dias de montagem e, agora entramos na reta final de deixar tudo cem por cento para que sexta comece, e eu estou animada na mesma proporção que cansada, porque nunca trabalhei com um evento grande como esse.

Meu plano era chegar em casa e dormir, nem ligo se ainda são sete e vinte e oito da noite, mas eu concordei com a ideia de ir treinar com o Lucas. Isso é quase que um suicídio, porque eu não tenho forças para reagir, só preciso de um banho e cama.

E em falar no dito cujo, já fazem uns dez dias que tivemos aquela conversa na praia e que eu entrei em surto por achar que alguém tinha nos visto, ou por aquela cena patética do Miguel. Durante esse tempo nós só ficamos uma vez, minha vida tá um porre e a dele pelo visto também, mas isso não diz que ele quase enlouqueceu com a possibilidade de ser pai.

Sim, era nove da noite, nós estávamos num desses bares na praia após um treino quando ele recebeu uma ligação e eu não entendi nada, tá? Ele ficou branco, azul, roxo, todas as cores possíveis e eu tive que pegar o celular dele para conversar com a menina, porque ele ficou imóvel só ouvindo, e não falava nada além de resmungos.

Aí foi outra luta para acalmar a garota do outro lado porque ela também estava desesperada, só sei que no final eu e ele fomos em uma farmácia e compramos o teste e levamos para ela. Resultado final: foi só um surto. Juro, eu tentava conversar com a menina para ela tentar se acalmar porque ela dizia que era muito nova, que a mãe dela mataria ela, várias coisas do tipo e o imprestável do Luca só repetia as coisas que eu falava que cheguei em um momento que expulsei ele pra fora do quarto e mandei esperar dentro do carro.

Não sei se ele respirou de frustração, alívio, desespero, mas ele demorou uns dois minutos para se tocar de verdade e não sei se foi impressão, mas vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto. E nem deu pra reparar porque ele já emendou um agradecimento e saiu de lá. Ele tá me devendo horrores depois dessa. Por que onde já se viu levar uma garota que para ajudar uma outra que ele transou e possivelmente quase engravidou?

Definitivamente, homem não pensa.

- Você parece um velho que fica ligando e não manda mensagem porque não sabe. - respondi no segundo que atendi a ligação dele. - Se bem que você já tem quase trinta, né...

- Se fode, parceira. - ele respondeu puto e eu gargalhei. Muito bom atormentar esse ser sem paciência, principalmente pós trabalho. - O que adianta mandar mensagem se tu não responde? Se faz de morta pros outros, filhona.

- Tá bravo, papai? Pode não, isso dá cabelo branco. - debochei pela atual situação que ele passou. Eu tô brincando com a morte? Sim! E nem ligo quando se trata de tirar o juízo desse macho, nem que ele foda o treino. - Fala rápido que quero tomar um vinho e dormir.

- Júlia, vai pra casa do caralho! - respondeu e eu tirei minha roupa para entrar no banho. - Tô passando aí em dez pra gente piar pra academia.

- Hoje não, lindo. Sei que minha companhia é incrível, mas cheguei de Búzios agora a pouco e tô mortinha, só quero uma caminha.

- Eu vou treinar e passo aí pra te buscar, falou? - resmunguei um "uhum". - Deixa tuas coisas pronta pra tu dormir porque eu não vou sair de madrugada para te levar pra casa não.

- Você por acaso sabe se eu quero dormir contigo?

- Preciso saber não. Mas olha como tu é sortuda, várias querendo e tu fazendo a desfeita. - como se acha, meu pai! Ele falou mais uma coisinha e eu concordei já pra desligar. - Marca trinta que eu chego.

Foi exatamente trinta minutos para ele chegar, a moto barulhenta diz por si só. Passei meu perfume e já desci pra portaria e encontrei ele trocando maior papo com o Lázaro, o porteiro, tava com a roupa de academia e, por mais que suado, o perfume dele prevalecia.

- Boa noite, Lázaro. - cumprimentei o senhor e o Lucas virou para mim.- E aí, papai?!

- Nem vou te falar nada, problemão. - saímos dali e eu peguei o capacete que ele me entregou e subi na garupa. - Fica com esses teus debochezinho pra ver o que rola.

Nem falei nada, só agarrei a cintura dele, coisa de dez minutos estávamos na casa dele, já que ele anda igual maluco.

- Que faça valher a pena eu ter vindo, tá? Porque estou cansada ao extremo.

- Coisas calmas, problemão. - me deu um selinho e eu aprofundei nosso beijo. - Eu pedi um japa pra nós, já já chega. Vou tomar uma ducha, se quiser vim..

- Nossa, que homem mudado é esse? Nem parece aquele ogro que me atropelou. - falei me lembrando da primeira vez que nos esbarramos. Entrei no quarto dele e há deitei naquela cama enorme e macia que ele tem como a boa abusada que sou. - Se bem que você continua.

- E tu é braba mermo nas outras coisas que tu falou. - respondeu.

- Nossa, você é um cretino! - lembrei de quando virei a tequila e respondi isso pra ele. - Agora eu entendi conceito de ter a cama pra frente desse box.

Enquanto eu tô deitada eu vejo ele tomar banho, já que é tudo vidro. Reparo mais uma vez no corpo e me faço quando ele me vê o encarando.

- Pô, pode olhar, precisa desviar não.

- Caladinho, Lucas. - respondi. - Tem vinho aqui?

- Vai incorporar aquela garota de novo? Te deixo pegar quantas garrafas quiser na adega.

Não seria uma má ideia.

Oioi, criei um instagram para podermos interagir por , para quem quiser seguir: @lanawebss

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora