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JÚLIA.

um mês e vinte dias depois...

Acordo com beijos sendo espalhados por todo o meu corpo. Desde a nuca até a curva da minha bunda. Resmungo, não querendo acordar, mas no momento que meu namorado deita em cima de mim a vontade é deixada de lado.

- Ah, amor... - murmuro, abrindo os olhos devagar. Eu estou de bruços, então não consigo vê-lo.

- Eu já já vou sair pra ir pro aeroporto, coisa gostosa. - fala, baixinho.

Me lembro disso. Lucas sai de cima de mim e eu me ajeito numa posição com que fiquemos cara a cara. Hoje ele vai para São Paulo, junto dele meu irmão também, ambos estarão indo para aqueles congressos, onde o Brasil inteiro está presente, desde universitários até profissionais de grande relevância. E dessa vez ele estará indo pra mostrar todo o conhecimento dele.

- Não queria que você fosse... - sou sincera. Eu tô aqui há duas semanas já, estamos praticamente que vivendo uma vida de casados.

Acordamos juntos, do banho ao café também juntos e, na maioria das vezes, dividimos a moto ou o carro pra ir pro trabalho. As vezes almoçamos juntos (quando não pulo refeição), vamos treinar ou dar uma caminhada com o Apolo e chegamos aqui na casa, dividimos nossas funções e depois o ciclo se repete. E eu tenho amado isso.

- Volto amanhã pela noite, preta. - responde. - Ai quando eu chegar nós saímos pra jantar, huh, que tal? Comemorar mais um mês de namoro, já que não fizemos isso mês passado.

- Pode ser, preto. - respondo.

Ele levanta da cama e vai caminhando até o box, abrindo as duas ducha e me chamando pra ir com ele. Não sei quantas horas é agora, mas espero que tenhamos um bom momento por agora. Ele me encosta no vidro gelado e deposita um beijo na minha boca, descendo pro meu pescoço.

A gente não fez nada, ficamos apenas nos beijos e carinhos embaixo da água quente. Quando terminamos nosso banho, saio enrolada na toalha e ele vem atrás, também indo pro closet. Pego minhas peças de roupa e vou me trocando, ele faz o mesmo.

- Hoje vou na médica pra colocar o diu e acompanhar a Luísa na consulta. - falo, enquanto me maquio. - Então a noite a gente conversa.

- Fechou, dia hoje também deve ser maior correria pra mim. - termina de abotoar a camisa social preta e vem pra frente do espelho, ficando atrás de mim. - Olha o casalzão que a gente é, esquece!

Coloca a mão na minha cintura e eu olho nosso imagem através do espelho. Dou um sorriso e me viro, ficando na ponta do pé pra tentar alcançar sua altura.

- Muito lindo, amor. Vou ficar com ciúmes de você longe de mim...

- Sou teu maridão, pô. Só seu, então pode ficar despreocupada.

- Maridão? Tá gostando de se chamar assim, né? - estalo a língua no céu da boca. Felipe pegou no nosso pé a beça por estarmos vinte e quatro horas juntos. - Hm...

- Teu maridão, ué. Não gosta não?

- Meu, meu e meu.

- Teu.

Nós dois terminamos de se arrumar e  tomamos um café, nos despedimos do Apolo e descemos pra garagem, entramos no carro e fomos pegar caminho pra minha casa, pegar o Caio e a Luísa. Os dois estão procurando casas para comprar, já que agora são noivos, papais também.

Os dois entram e o caminho até o aeroporto vamos trocando ideia, mais o Lucas e o Caio, e a gente só ouvindo eles falarem sobre as coisas que acontecem lá. Ele para o carro e nós quatro descemos, meu irmão tira as duas malas do porta-malas e agora o Lucas me entrega a chave do carro dele.

- Lucas entregando a chave do carro pra Júlia? Acontecimento histórico esse.  - minha melhor amiga brinca com ele.

- Vamos dar altos giros com o carro, Luísa. - pisco pra ela. - Aproveitar que não é todo dia que tenho ele no porte.

- Vai brincando, Júlia. Cuida do meu carro, que amanhã quero ver ele intacto.

- Em um acidente a Júlia pode morrer, mas o carro tem que estar sem um arranhado. - meu irmão diz.

- Tá vendo como o carro vale mais que eu? Acho isso um absurdo.

- Sabe que não, problemão. Mas melhor evitar, né? - me puxa pra perto dele, pra nos despedirmos de vez. - Vai mandando notícia. Se eu demorar tu sabe o motivo.

- Tá bom, preto. Vai lá mostrar teu melhor, vou estar te esperando aqui. - abraço ele. - A noite a gente se fala.

Solto nosso corpo e fecho os olhos pra evitar que as lágrimas que se formaram desçam. Espero a Lu terminar de falar com ele e vou pra despedir também.

- Tchauzinho, mananinho. Vão lá mostrar que não estão pra brincadeira... e juízo, viu?!

- Eu que te peço isso. E cuida dessa loira aí, porque agora ela tá numa fase que só quer cama, cama e cama. - diz. Eu viro meu rosto e vejo ela fazendo uma careta.

- Pode deixar, vou colocar ela pra se exercitar. - respondo.

- Júlia, vou nem gastar minha saliva pra te responder. Nem vou. - rio. Lucas olha no relógio e já chama o Caio pra embarcarem.

- Tô indo, amanhã já tô aqui. - dá um beijo na minha testa. - E não chora não, que eu tô vendo você segurar.

- Te amo muito. - abraço mais uma vez seu corpo.

- Te amo, problemão. Quando sair da médica me avisa, pra saber se deu tudo bem.

- Tá bom. Tchau, vai logo se não eu vou te puxar de volta pra aquele carro.

- Ah, mané, me chama pra ir e fica nessa agarração aí. - meu irmão chama nossa atenção. - Bora, Lucão.

- Tchau, malucona. Cuida dessa aí, e juízo vocês.

Os dois entram e eu vou pro lado do motorista pra dirigir esse bebezinho que ele deixou comigo. A Lu entra no banco do carona e eu vou deixar ela no trabalho pra depois ir pra agência.

Em falar em agência ela meio que tá um caos. É trabalho demais, muita coisa pra tomar conta, um verdadeiro merdelê. O trabalho que deveria ser só dentro dela tá sendo levado até pra casa, vira e mexe eu e o Felps estamos em ligação resolvendo as coisas.

E por falar nele, o querido tá meio fora da realidade ainda. Dias atrás eu tive que aparecer lá na casa dele porque a Rose, a mulher que ajuda a cuidar da casa e dele também, me ligou falando que encontrou drogas, a casa quebrada... e eu fui correndo, né.

Mas agora já passou. Por sorte ele nem usou, e deixou que eu descartasse tudo, para que não volte a correr risco dentro da própria casa.

- Duas horas estarei na porta do seu trabalho te esperando para ir ver esse neném, tá bom?

- Dinda Júlia já fazendo seu papel, gostamos assim.

- Boba! A real que tô fazendo desde que você desmaiou.

- Por isso que é a dinda dele.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora