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LUCAS.

29 de setembro, 2023. - 26 semanas.

Hoje decidimos vir começar a comprar as coisas pro enxoval da nossa filha. Roupinhas, móveis, carrinho, utensílios, essas paradas todas que fazem parte. Pô, tô ansioso demais com ela, querendo que ela chegue logo.

- Eu não faço mínima ideia de como escolher. - a Júlia fala baixinho pra mim enquanto a mulher explica diferenças entre os carrinhos. - Ela tá falando nada com nada.

- E temos esse aqui, ele é um modelo mais atual, confortável e que consegue ser modificado conforme o crescimento da criança. - aponta pro carrinho cinza. - O valor dele é de dois mil e trezentos, mais alto, porém com qualidade melhor.

- A única diferença que estou vendo é nos preços. - comento, depois da mulher terminar de falar. Só sinto a Júlia pisando no meu pé. - Todos você disse ser confortável e de boa qualidade.

- Moça, ignora ele por favor. - pede, chegando perto do carrinho de compra nosso que está vazio ainda. - A gente vai dar uma olhada nas roupinhas e depois voltamos pra essa parte, tudo bem?

A mulher concordou e saiu. Só vi o olhadão da Júlia pra cima de mim, saí até na frente pra não ter que ouvir ela falar na minha cabeça.

- Tá andando rápido assim, por que? - paro e ela vem caminhando. - Nossa, um absurdo! Os carrinhos todos iguais e o que muda é o valor.

- Tu veio pisar no meu pé e concorda comigo? - falo, indignado.

- Óbvio, falar aquilo na frente da vendedora que só tá fazendo o papel dela?! - pega um sapatinho de lã vermelho. - Ouvi falar que sair de vermelho da maternidade é bom.

- Como assim?

- Sua tia estava me explicando aquele dia que é para trazer prosperidade para o bebê. Além de espantar o mau olhado.

- Ah, vamos procurar alguma coisa vermelha então.

- Espera, vamos pegar essas coisas mais básicas primeiro. - responde, olhando a variedade de bicos. - Eu não quero que ela chupe chupeta. Mas vamos levar uma por garantia.

- Na hora do socorro vai ser a primeira coisa que tu vai querer enfiar na boca dela. - ela coloca no carrinho, uma branca, sem detalhes. - Você também precisa de roupas, né?

- Sim, mas isso podemos comprar depois. - responde.

A gente foi andando pelos corredores, pegando mamadeira, aqueles vidros que é para estocar leite, fraldas de pano, escova de cabelo. Uma porrada de coisa que eu nem sabia da existência e que provavelmente nem vai usar.

- Qual cor? - aponta pra uma manta.- Cinza ou bege?

- Leva as duas. - pego da mão dela e coloco no carrinho.

- Meu Deus, qualquer coisa que eu pergunto você fala pra pegar os dois! - me olha abismada. - Lucas, se você mimar essa criança e deixar ela daquelas meninas chata a gente vai ter um problema.

- Qual é, minha filha vai ter tudo mesmo. - dou de ombros.

- Na primeira ligação da escolinha falando que ela tá zombando dos amiguinhos por ter tudo e eles nada quem vai ir resolver vai ser você.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora