84.

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LUCAS.

- Nós estamos bem? - a Júlia pergunta. Garota tá bebendo e se continuar já já vai ficar bêbada, tá toda lerdinha já. - Porque parece que você está me evitando.

- Estamos, problemão.

- Certeza? Eu não acredito! - contesta e eu bebo do meu copo pra não ficar sem responder ela. - Então me responde: você está me evitando?

- Tu já tá bebinha, Júlia. Tá vendo coisa onde não tem. - respondo e ela olha no meu olho. Algumas lágrimas parecem se formar por ele ter ficado todo brilhoso. Ah, que isso. - Eu não estou te evitando, só quero respirar um ar, valeu? Já nos resolvemos, não é?

- É o que eu acho, mas parece que você não está fazendo questão de me manter.

Respiro bem fundo pedindo paciência pra não me estressar com essa mandada. Bebida já tá na mente dela, então nem posso discutir isso, com bêbado a gente só concorda com as coisas, porque ter papo não dá.

- Dá teu copo aqui. - pego da mão dela e vou guiando no meio das pessoas pra gente ir pro fumódromo. - Pega essa água, bebe, respira um pouco e a gente volta, já é?

Sentamos no banco que tem vago ali e peguei um cigarro, acendendo. Garota tá me olhando e eu nem sei o que falar. E se eu falar vai ser a mesma coisa que nada, vai entrar por um ouvido e sair pelo outro.

- Eu quero saber se estamos bem porque quando eu namorava eu sempre achava que terminava, porque o Gabriel sumia por dias e depois voltava como se nada tivesse acontecido. - fala baixo e eu presto atenção. Ela escora e começa a olhar pro céu, que mal tem estrela. - Eu não quero ter que viver isso denovo; Discutir, a pessoa se afasta de mim e depois volta. Se for pra ser assim eu prefiro ficar sozinha, lidar com os meus problemas que já não são poucos.

Toda vez que ela abre a boca pra falar do antigo relacionamento dela eu sinto pena dela e ódio desse desgraçado. Moleque acha que relacionamento é brincadeira, que se foda toda a responsabilidade afetiva, respeito e tudo que tem de pilar em um compromisso.

- Você não vai viver isso. – trago e assopro. - Se contentar com pouco é coisa de fraco, a parada é almejar o  grande e se não satisfazer, partir. Então com quem tu for se envolver de verdade, tem que esperar o máximo, se tiver o mínimo você não merece aquilo.

- Mas eu me pergunto quando é que vou ter isso. - responde, distante. Joga a garrafa de água no lixo e se levanta, parando na minha frente. - Todos quem envolvo é sempre desse jeito, igual. Talvez o problema esteja em mim e eu não enxergo isso.

- O problema não é você, problemão. - levanto e pego na mão dela pra voltar. - Vamo lá pra dentro, bebe menos e curte com as meninas lá.

- Tá bom. - responde.

A gente volta lá pra festa que tá tendo, Júlia não para de encher o saco querendo o copo dela. Eu jogo o que tem lá dentro fora e coloco bastante gelo, energético e finjo colocar a vodca e entrego pra ela.

- Aqui não tem nada de álcool, Lucas. Pode colocar. - resmunga e me devolve o copo.

- Tem sim, só coloquei mais gelo pra diminuir mais. - respondo e ela nega com a cabeça. - Preta, você já bebeu muito.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora