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JÚLIA.

23 de setembro, 2023. - 25 semanas.

Me olho no espelho do provador sem saber se gostei ou não da roupa. Oficialmente na fase que quase nem uma roupa minha cabe em mim e que preciso de novas. E não só roupas, mas também peças íntimas, já que os meus seios duplicaram de tamanho.

- Deu certo? - a atendente da loja diz do lado se fora. Me olho no espelho mais uma vez e decido abrir para ter uma opinião dela. - Nossa, eu te achei linda!

- Não sei se gostei, eu me sinto um balão nessa roupa.

É um vestido e, com a barriga já evidente, parece que eu estou um balão que a qualquer momento vai voar ou explodir, vai saber.

- Gravidez mexe muito com o corpo e com a mente também, mas na minha opinião, é a fase que a mulher fica mais linda. E você está muito linda, essa barriguinha combinou muito com você! - comenta, dando um sorriso. - E não estou falando da boca pra fora, mas sim porque você tá carregando um ar diferente, não sei expressar com as palavras, mas te fez bem.

Meu celular toca e é o Lucas que aparece. Atendo e vou a procura de mais roupas para experimentar.

- Oi, Lucas.

- Oi, já está na consulta? - pergunta e eu tiro meu celular da orelha pra ver o horário.

- Não, ela me passou uma mensagem avisando que iria atrasar. Daqui uma hora eu vou.

Pego mais alguns cabides e volto pro provador para experimentar e eu torço muito pra que dê certo dessa vez.

- Hm, e tá fazendo o que então?

- Sabe aquela loja em frente a clínica? Eu tô aqui nela.

- Fechou, vou piar para então.

E desliga sem nem despedir. Realmente tem coisas que não muda. A gente tá se dando bem demais, finalmente... não quero aquela situação nunca mais em nossas vidas, que tudo permaneça do jeito que está, porque mais uma reviravolta eu não aguento.

Aquele dia lá em casa a gente ficou juntos um tempão. Ele fez a nossa comida que eu estava desejando tanto, que só não comi até passar mal porque ele não deixou, porque caso contrário... Mas enfim, nós conversamos de novo sobre o assunto passado e decidimos esquecê-lo de vez, não tocar mais nele, aquele dia foi a segunda e última vez, nós pedimos desculpas um ao outro, reconhecemos que fomos muito explosivos e imaturos de tratar a Ísis e a nossa relação daquela forma.

Ele falou, falou, falou e no fim adorou assistir Brighton, já estava até dando pitaco sobre o que poderia acontecer nos outros episódios. E eu aproveitei e fiquei agarrada nele, não sou tão boba assim, fui chegando perto aos poucos até ficar deitada com ele, igual quando estávamos juntos.

Sério, eu ficaria naquele momento pra sempre, a mão dele na minha barriga fazendo carinho, vez ou outra rolava um beijo, a gente conversava assuntos banais... assim como conversávamos sobre como seria a vida depois que ela nascesse. Até o Apolo tava deitado com nós dois, que ficava o tempo todo ao redor da minha barriga, como se tivesse protegendo.

Foi coisa de eu tirar uma roupa e colocar outra pra ouvir a voz dele perguntando a uma das atendentes sobre mim. Ele me chamou e eu falei em qual lugar estava, logo em seguida ele abre o provador me vendo ali.

- Ah, chega abrindo assim? Se eu tivesse pelada os outros que vissem, né? - falo, tentando fechar o zíper do vestido.

- Ih, ala. Toda saidinha achando que os outros vai ver tu pelada. - reviro os olhos e tento puxar mais uma vez. - Te falar um bagulho, mas essas mulheres aí são tudo chata, falando que tinha que esperar tu sair pra eu te ver.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora