13.

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                               JÚLIA.

Tudo ao meu redor parou e focou naquela cena, eu não estou confundindo pessoas, impossível. Eles ainda não me viram, meu choro está engasgado na garganta e sinto minhas pernas sem força alguma, tanto é que nem sei como estou de pé ainda.

- Moça? Sua bebida está ponta. - ouvi alguém dizer de longe, mas eu me sinto petrificada, não conseguindo me mover. - Moça?

Por fim, quando meu cérebro raciocinou, me virei pro bar pegando minha bebida e fui em direção ao Gabriel e aquela garota. Eu não podia acreditar que realmente estava vendo aquilo.

Minhas atitudes frias me faz assustar comigo mesma, eu não sabia que eu poderia agir assim. Assim que cheguei perto do casal fingi um esbarro no meu, agora, ex- namorado.

- Nossa, me desculpa! - falei olhando para dentro dos seus olhos, sua expressão é de susto, minha vontade é de chorar, mas eu não faria isso agora. - Pensei que estivesse de plantão, Gabriel. - finalizei e dei meu sorriso, assim como para a garota ao seu lado.

- Ju...Júlia? - ele gaguejou.

- Por quê do susto? - perguntei. - Está curtindo o show?

- Júlia, não é isso que você está pensando, me escuta por favor.

- Escutar o que? Que você não está me traindo, que eu não vi você dando um beijo na boca, que ela é sua amiga e o que mais? Hein? Já não basta essa humilhação de ter você mentindo para mim e ter que ver essa cena nojenta?

- O que está acontecendo? - dessa vez quem falou foi a garota, que claramente está confusa.

- Ah, você não sabe? Bom, vou te explicar: esse homem com que você está acompanhada é meu namorado, ou melhor, ex namorado! Sabe o que ele me disse ontem, hoje? Que ele estaria de plantão e não poderia me acompanhar e agora adivinha onde encontro ele? Sim, aqui. Loucura, né?

Soltei tudo, minha bebida já tinha derramado metade, aproveitei e joguei o resto nos pés dele. Me virei para sair dali, mas as mãos dele me puxou de volta.

- Qual é, Júlia? Vamos conversar. - ele pressionou ainda mais o aperto e falou alto.

- Me solta, cara. Você já não entendeu que não temos mais nada? N A D A! - soletrei quase que cuspindo em seu rosto. - A partir de hoje finge que eu não existo, que eu morri, o que for, mas não me procura.

Me soltei bruscamente e fui em direção a saída, eu não estava conseguindo respirar direito, me sentido sufocada, trêmula. Veio um choro copioso, compulsivo, aquele choro que eu segurei para não derramar olhando para a pessoa que namorei e, que infelizmente, eu amo.

Eu ainda não acreditava que aquilo tava rolando, eu sempre me entreguei o máximo, fiz de tudo para nós e recebo essa traição em troca. A vida é uma vadia. Me escorei na parede do outro lado da rua e tentei puxar o oxigênio, mas foi como uma atitude inútil.

- Júlia? - ouvi uma voz, não sei de quem, meu olho fechado impossibilitado de ver a pessoa. - Júlia, você tá bem?

Eu não consegui responder, apenas balancei a cabeça em negação. A voz é familiar, mas eu não consigo ter clareza sobre meus atuais sentidos.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora